Paraguai. Massacre de Curuguaty: Campesinos já estavam na mira antes do início do tiroteio

imagemResumen Latinoamericano/ E´a Digital / 14 de janeiro de 2016 – Durante a realização do julgamento oral dos camponeses acusados pelo massacre de Curuguaty, continuaram as declarações testemunhais dos policiais convocados pelo promotor Jalil Rachid.

Um dos integrantes do contingente de antidistúrbios, Giovanni Francisco Vera Benítez, declarou que a ordem que receberam é que ante o primeiro disparo todos se jogassem no chão e entrariam então os fuzileiros do Grupo Especial de Operações (GEO), que já tinham na mira os campesinos com seus fuzis Galil, desvirtuando dessa forma a tese do Ministério Público, que assinala que os policiais ingressaram desarmados para “dialogar” com os ocupantes.

Com efeito, em um vídeo que registra os preparativos da incursão policial se escuta nitidamente Lovera se referir ao plano de “ir golpear diretamente”. “A ideia é a seguinte: grupo antimotim com a montada deve golpear diretamente. Vocês desse lado e nós deste lado (…)”, mostra o vídeo disponível no seguinte link: http://www.youtube.com/watch?v=nnU044gcVys

O suboficial Derlis Sosa também declarou que, ao escutar o primeiro disparo, se atirou ao solo até que o tiroteio terminasse. Sendo assim, não pode ver nada. Não recebeu disparos e, tampouco, viu o grupo do GEO.

Por sua vez, o suboficial José Villalba, também do grupo antimotins, disse que o chefe do operativo, Erven Lovera, ordenou que ante o primeiro disparo todos se jogassem no chão. O suboficial Villalba relatou que diante do primeiro disparo, se atirou no solo e, por isso, não pode ver de onde veio o disparo que atingiu Lovera. Manteve seu corpo no chão até depois de terminado o tiroteio. Os resgates demoraram cerca de uma hora para chegar, saiu arrastado do lugar. Não recebeu impactos da bala nem pode ver o grupo do GEO, assinalou.

Também prestou declaração o suboficial Vicente González, do grupo tático. Coincidiu em afirmar que existia uma ordem prévia de se jogar no chão ante o primeiro disparo. Disse que todos os camponeses estavam com os rostos cobertos. Segundo González, o chefe Lovera caiu ferido em seu lado, porém foi impossível mover-se para auxilia-lo por conta dos disparos. Acrescentou que as ambulâncias também receberam disparos e voltaram somente após o término do tiroteio.

O julgamento oral dos camponeses prosseguirá nesta semana, ao cumprirem-se 43 meses do massacre que deixou 17 mortos nas terras de Marina Kue e que foi utilizado para derrubar o governo de Fernando Lugo via julgamento político relâmpago.

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2016/01/14/paraguay-masacre-de-curuguaty-campesinos-ya-estaban-en-la-mira-antes-del-inicio-del-tiroteo/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

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