COLÔMBIA: a insatisfação da população civil frente ao Exército repressor

imagemResumen Latinoamericano/ 25 de junho de 2015.- Comunicado das FARC (delegação em Havana). Os acontecimentos dos últimos dias na comunidade de El Mango, município de Argelia-Cauca, assim como os do município de Inzá, no mesmo departamento, colocam em evidência que o cansaço da guerra nos colombianos e colombianas começa a se transformar em rebelião civil contra a Força Pública em zonas, onde sua presença hostil aumenta o repúdio da população rural.

Em Argelia, campesinos e campesinas fartos de suportar a polícia dentro de suas casas e confinados pelo temor de serem atacados – convertendo-se em fator de risco para a vida dos habitantes –, decidiram expulsá-los da área urbana, exigindo sua realocação longe da população.

Em Inzá, o assassinato de um morador por uma patrulha do Exército levou à retenção de uma trintena de soldados por parte da comunidade indígena, que exige o cessar das operações e que os militares abandonem o território.

A explicação dos fatos e a reação dos altos comandos policiais e militares tem se limitado a acusar os camponeses e indígenas de serem guerrilheiros infiltrados vestidos de civil e ameaçar processá-los juridicamente e aumentar o contingente policial.

Ao colocar delegacias de polícia e unidades militares no meio do povo, o Estado colombiano está violando normas do Direito Internacional Humanitário (DIH), do qual é assinante, mais precisamente o Protocolo Adicional aos Convênios de Genebra, Artigo 58 – Precauções contra os efeitos dos ataques, o qual diz:

“a) se esforçarão, sem prejuízo do disposto no artigo 49 do IV Convênio, em distanciar da proximidade de alvos militares a população civil, as pessoas civis e os bens de caráter civil que se encontram sob seu controle;

b) evitarão situar objetivos militares no interior ou nas proximidades de zonas densamente povoadas;

c) tomarão as demais precauções necessárias para proteger contra os perigos resultantes de operações militares a população civil, as pessoas civis e os bens de caráter civil que se encontrem sob seu controle”.

O repúdio da população à Força Pública manifestado em Argelia e Inzá é a demonstração clara do fracasso da chamada política de “segurança democrática”, vigente há 13 anos e ainda hoje se insiste em manter com a falsa crença de que servirá de remédio milagroso para resolver a profunda crise social que vive nossa pátria.

Até quando a chamada classe dirigente poderá manter esta falácia? A nação colombiana necessita e quer a paz e está disposta a construí-la com sua participação direta. Essa é a mensagem que devemos decifrar das ações das comunidades de Inzá e Argelia.

O tempo da solução militarista da crise se esgotou e já começa a rachar esse pretenso apoio à solução militarista.

É hora de abrir o canal da democracia escutando e dando protagonismo ao povo. O atual momento histórico demanda receptividade e sensatez daqueles que se encontram na condução do Estado.

Isto também deve ser interiorizado por esses setores que ficaram mumificados pedindo mais guerra, quando não se arriscam em nada nela, mas obtém imensos lucros da corrupção e do rio revolto gerado pela repressão e violência.

Por sua parte, o Governo deve refletir também sobre isto e abrir o canal para acordar o cessar-fogo bilateral exigido pelas maiorias nacionais e a comunidade internacional. Assim, poderia facilitar a construção de um acordo final de paz: É preciso diminuir a guerra. Não existe outro caminho.

DELEGAÇÃO DE PAZ DAS FARC-EP
Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2015/06/25/colombia-el-hartazgo-de-la-poblacion-civil-frente-al-ejercito-represor-los-acontecimientos-de-argelia-e-inza-cauca/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

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