Colonos israelenses colocam música ofensiva a Maomé a todo volume para seja ouvida pelos palestinos

imagemAlí Abunimah/Resumen Medio Oriente/The Electronic Intifada*, dezembro de 2015 – Este vídeo mostra um grupo de colonos israelenses do assentamento de Kiryat Arba “colocando a todo volume canções de ódio para que os residentes do bairro de Yabal Yohar, de Hebron, as escutem”, segundo declarou o grupo israelense de direitos humanos B’Tselem.

A canção que se escuta no vídeo filmado por Mai Dana, em 11 de outubro, inclui o refrão “Maomé está morto”, menosprezando o profeta. Sua letra diz assim:

Ele não é profeta,
é apenas outro árabe.
Tem bigode com pulgas
E come queijo de cabra.
É um operário da construção.
Inclusive quando jejua no Ramadã.
E possui documento laranja.
Maomé é gay e filho de uma prostituta.

O vídeo mostra alguns colonos, inclusive jovens e crianças, rindo, cantando e agitando seus punhos ao som da música.

A canção se refere ao documento de identidade emitido por Israel para os palestinos da Cisjordânia, que costuma ser de cor laranja e que serve para restringir seus movimentos, diferente dos colonos, que podem ir onde quiserem.

Em outras palavras, a canção dos colonos celebra o apartheid.

Ao menos um dos jovens grita repetidamente “puta” em árabe, dirigindo-se à câmera.

“Estas palhaçadas continuaram na presença de um soldado e agentes da polícia, que não fizeram nada para impedi-lo”, acrescenta B’Tselem. “Durante o incidente, os colonos atiraram pedras contra os palestinos”.

A canção “Maomé está morto” é cantada frequentemente por israelenses em suas manifestações de “Morte aos árabes”.

Outro vídeo, filmado também por Dana, de 17 de novembro, mostra um colono gritando “putas”, entre outras vulgaridades, a algumas mulheres palestinas e lançando pedras contra elas enquanto os soldados israelenses observavam sem fazer nada.

Estes vídeos ilustram os níveis de hostilidade e de incitação à violência contra os palestinos por parte de colonos israelenses, com a plena cumplicidade das forças de ocupação.

Em Hebron, a população palestina está sofrendo maior parte da violência israelense na ocupada Cisjordânia.

Ao menos um dos dois adolescentes israelenses detidos pela matança da família Dauabcha em Duma, em julho passado, vive em um assentamento no distrito de Hebron.

Kiryat Arba é, também, o assentamento que alberga a lápide em homenagem a Baruch Goldstein, o colono originário do Brooklyn que massacrou 29 homens e meninos palestinos na mesquita Ibrahimi de Hebron em 1994, enquanto rezavam suas orações do Ramadã.

O vídeo também traz à mente as palavras de Tommy Lapid, o falecido presidente de Yad Vashem, o memorial oficial do Holocausto em Israel. Ele comparou o assédio sistemático sofrido pelos palestinos por parte dos colonos israelenses de Hebron com o antissemitismo que os judeus padeceram na Europa, nas vésperas da Segunda Guerra Mundial.

“Não foram os crematórios nem as remoções que tornaram penosa nossa vida na diáspora antes de começarem a nos matar – disse em 2007 –, mas as perseguições, o assédio, os lançamentos de pedras, os prejuízos a nossos meios de subsistência, a intimidação, os escarros e o desprezo”.

*Alí Abunimah é cofundador do The Electronic Intifada e autor de The Battle for Justice in Palestine, publicado por Haymarket Books. Também é autor de One Country: A Bold-Proposal to End the Israeli-Palestinian Impasse. Tradução para o espanhol: Javier Villate no Blog Disenso.

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2015/12/16/colonos-israelies-ponen-a-todo-volumen-cancion-ofensiva-a-mahoma-para-que-oigan-los-palestinos/
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)