A Marcha Patriótica na paz e na mobilização social

imagemSemanário Voz Redação política – Um apelo à paralisação nacional e à mobilização pela paz são as iniciativas de trabalho do movimento político e social Marcha Patriótica de 2016.

Nos passados dias 15 e 16 de janeiro reuniu-se em Bogotá a Junta Patriótica Nacional do movimento político e social Marcha Patriótica. Deram as boas-vindas ao ano de 2016 com uma dupla jornada de trabalho, onde se abordaram temas da atualidade política e organizativa da Marcha Patriótica. Os membros da Junta Nacional saudaram calorosamente Carlos Lozano, diretor da VOZ, que se integrou nas discussões.

A Junta foi acompanhada pela dramaturga Patricia Ariza, que fez uma análise dos acontecimentos que fecharam o ano passado e das questões que surgem com rapidez para 2016. A mobilização social, produto do inconformismo pelo aumento do custo de vida dos colombianos, a privatização da geradora de energia Isagén, que despertou a consciência contra as políticas neoliberais e as exigências dos trabalhadores por um melhor salário mínimo, são alguns dos temas tratados pela Junta.

É claro que a questão da paz é central para as iniciativas da Marcha Patriótica. O diretor da VOZ, Carlos Lozano, referiu que os avanços na mesa de conversações em Havana, entre o governo nacional e a insurgência das FARC-EP, são encorajadores, mas o executivo empenha-se numa agenda dupla, pois, na Colômbia, pretende aprofundar a crise social com medidas antipopulares como o pírrico salário mínimo, a reforma tributária que se avizinha e as medidas legislativas que pretendem impulsionar, em contraciclo com os acordos de Havana.

Lozano referiu-se às iniciativas legislativas que avançam no Congresso, como as Zonas de Interesse de Desenvolvimento Rural, Económico e Social, cuja finalidade é a criação de um instrumento jurídico que permita a apropriação de terras baldias destinadas aos camponeses pelas multinacionais da agro-produção. Por isso, Lozano realçou: “uma coisa é apoiar o processo de paz, mas também temos de reconhecer que estamos numa luta de classes contra o neoliberalismo, que é a bandeira da classe dirigente nacional. O melhor exemplo disso é a luta contra a privatização do património público e pelas condições necessárias para alcançar uma paz estável e duradoura. O governo continua a ter um discurso duplo”.

A Junta recebeu uma mensagem de Húbert Ballesteros, vítima de um falso positivo judicial: “A aproximação da assinatura de um acordo final, coloca-nos perante a necessidade urgente de adotar uma estratégia que nos permita difundir de forma massiva, adequada e acertada os conteúdos dos acordos já alcançados sobre os pontos da agenda e das exceções que estão no denominado congelador”, disse.

Ballesteros insistiu que a Marcha Patriótica deve gerar, no que resta das negociações em Havana, uma correlação de forças necessária para promover um mecanismo de referendo que garanta o cumprimento do acordado, devido ao temor de que um futuro governo do país, propenso à guerra, deite a perder todos os acordos. Por isso, disse que a Assembleia Nacional Constituinte deve assumir a garantia dos acordos de paz.

Outro dos temas abordado pela Junta foi o de acompanhar as diferentes iniciativas de mobilização que se avizinham no país. A Marcha Patriótica exortou as centrais operárias do país a acompanhar as mobilizações e os protestos que o povo colombiano vem concretizando. O poder judicial está à beira de uma greve, devido ao agravamento das condições de trabalho dos juízes de família no país, à indignação gerada pela venda do património colombiano, como a Isagén, e ao interesse em vender a Empresa de Telecomunicações de Bogotá, ETB. Para a Junta Nacional da Marcha, as condições objetivas para uma greve nacional estão a desenvolver-se.

Os dois dias de trabalho deixaram como compromissos a preparação de um novo Comité Patriótico Nacional, COPAN, e do Segundo Conselho Patriótico Nacional, máximas instâncias democráticas e decisórias da Marcha Patriótica.

Categoria