Os filhos palestinos

imagemPor Ramón Pedregal Casanova, Resumen Latinoamericano, 9 de novembro de 2016.

“São os filhos: os nossos, os meus, os de todos / os que têm a vida atravessada por barrotes, / por pátios de esperança, por muros de condenação. / São os filhos que, a força de esperar, conhecem / através de seus pais, onde nasce a hombridade. / Somos eles nós: outra vez. Como sempre. / Como nunca jamais, porque crescem suas mãos; / porque olham muito longe, para além de nós mesmos. / São os nossos que vêm libertar a terra. / São o canto futuro, a promessa e a arma.”

Fragmento do poema “Nuestros hijos” [Nossos filhos], do libro “Versos de un tiempo sombrío” [Versos de um tempo sombrio], do poeta Carlos Álvarez.

Ahmad Manasrah tinha, em 12 de outubro de 2015, 13 anos de idade.

O exército de ocupação o alvejou em Jerusalém e o deixou mortalmente ferido. Desde então, o mantêm encarcerado para que cumpra seus 14 anos e, assim, possam entregá-lo a um tribunal militar sionista, representante judicial dessa forma de fascismo. Na mentalidade israelense, se você é palestino, é culpado. Para se estabelecer, o colonialismo tem que despossuir de qualquer valor patriota, de resistência ao invasor, valor político, social, valor humano, o povo nativo que quer submeter, e para não encontrar a resistência popular hoje, persegue os meninos e meninas palestinas com sanha.

Ahmad Manasrah, com seus 13 anos de idade, permaneceu ferido na prisão sionista, submetido a contínuas ameaças de violação, de morte, de negação de sua pessoa, por parte dos servos do poder estrangeiro. O vídeo que se pode ver de sua captura faz que nos estremeçamos. Sobreviveu. Porém, quem perdeu a vida foi seu primo de 15 anos, Hassan, que além de assassinarem com tiros, passaram com um carro por cima.

Desde outubro de 2015, os sionistas assassinaram 57 meninos e meninas palestinas. Os assassinatos de meninos e meninas acontecem porque o governo fascista de Israel incentiva seus colonos e seus soldados a fazê-lo com todo empenho: uma ministra estimulava o assassinato de mulheres palestinas grávidas para tirar do meio o futuro palestino ou palestina. Em novembro de 2015, os colonialistas aprovaram uma “Lei da juventude” pela qual pode matar-se um menino ou uma menina palestina, ou fazê-los prisioneiros, para depois condená-los à prisão por até 20 anos sob a acusação de ter atirado uma pedra, uma forma de resistor às tropas de ocupação.

A crueldade daqueles que patrulham o território palestino, daqueles que formam os tribunais militares, que se encarregam de julgar os prisioneiros e prisioneiras, a crueldade dos governantes sionistas assim como a de seus carcereiros, alcança picos próprios do fascismo: se os meninos e meninas prisioneiros ou prisioneiras são da Cisjordânia ou Gaza, os metem na prisão com 12 anos de idade, e se são de Jerusalém, os capturam e os mantêm encarcerados até que façam 14 anos, e então passam às mãos de um tribunal. A Convenção dos Direitos da Criança, aprovada na ONU em 1959, diz o seguinte: “A criança é reconhecida universalmente como um ser humano que deve ser capaz de desenvolver-se física, mental, social, moral e espiritualmente com liberdade e dignidade”. O caminho que segue o delinquente colonial israelense é esse que apresenta ao mundo: não responde ante nenhuma Resolução Internacional, ante nenhum Mandato Internacional, ante nenhum Direito reconhecido como Humano.

Anualmente, existe uma média de mais de 700 meninos e meninas palestinos que são detidos. Hoje, sabe-se que existem 400 nas prisões coloniais. Só no mês de outubro foram feitos prisioneiros outros 60 meninos e meninas em Jerusalém Oriental.

Hassan, o primo de Ahmad, foi assassinado tendo 15 anos. Ahmad Manasrah, estava há 1 ano na prisão, até que fez 14 anos e foi condenado a cumprir outros 12 anos. Certamente é uma zombaria condená-lo também a pagar 47.200 dólares.

Seu nome, Ahmad Manasrah, é o dos filhos, os nossos, os meus, os de todos: “São os nossos que vêm libertar a terra. / São o canto futuro, a promessa e a arma”, como escreve o grande poeta Carlos Álvarez.

Não podemos fazer com que devolvam a vida a Hassan e a tantos meninos e meninas assassinados, porém, sim, podemos e devemos exigir a liberdade de Ahmad e de todos os meninos e meninas prisioneiros do sionismo. Se temos claro o que é o sionismo, que é o organismo pré-fabricado para continuar com a colonização do Oriente Médio, se sabemos qual categoria de criminoso é o aparato que se faz chamar Israel, devemos pronunciar o nome de Ahmad Manasrah, escrevê-lo nas paredes, nas telas do computador, nos papeis e fazê-lo chegar a todas as pessoas, para exigir sua liberdade. Vamos levá-lo a cabo.

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2016/11/09/los-hijos-palestinos/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)