O bastião do povo cubano

imagemVídeo: Raúl Castro anuncia o começo dos exercícios militares

Por Laura V. Mor, Resumen Latinoamericano Cuba, 16 de novembro de 2016.

Havana, 16 de novembro de 2016 – Nestes dias, muito se fala em Cuba do “Bastião 2016”, que é nada mais nada menos que o Exercício Estratégico para a Defesa do país, onde estão envolvidas todas as Forças Armadas Revolucionárias cubanas, Ministério do Interior, direção do Partido e Governo, organismos e entidades da administração do Estado e o povo que, depois de cumprir o serviço militar, continua disponível no que se chama “Reserva”.

O mesmo se levará a cabo em todo o país – com exceção de Guantánamo – entre 16 e 18 de novembro. Não apenas demonstrará a eficiência, destreza e modernização da Defesa do país para alcançar sua invulnerabilidade militar, que na concepção de Fidel e Raúl é a “Guerra de todo o povo”. O Bastião 2016 também se inscreve na campanha nacional e internacional “Cuba é Nossa”, que chama a denúncia e mobilização contra o bloqueio genocida dos EUA contra Cuba.

Provavelmente, a qualquer estrangeiro seja estranho que um pequeno país do Caribe conte com orçamento e alta especialização para a Defesa Nacional; porém se esse estrangeiro vive em Cuba já não parecerá extraordinário. Vivendo aqui, não só é possível notar mais de perto que o inimigo público se encontra apenas há noventa milhas, mas que vive no dia a dia dos diferentes programas de ingerência com o único objetivo que o imperialismo persegue há quase seis décadas: a mudança do regime político da ilha.

Girón talvez nos fique distante no tempo, porque como disse o ditado popular “como mostra basta um botão”. Cuba sofreu numerosas operações subversivas dirigidas e financiadas pela Casa Branca.

A Operação Mangosta (1) foi o programa mais amplo empreendido pelos Estados Unidos contra uma nação estrangeira e incluiu guerra econômica, ações políticas e militares, infiltrações, espionagem, criação de redes clandestinas no interior de Cuba, subversão política e ideológica interna por meio da formação de focos contrarrevolucionários, tráfico de armamentos e guerra biológica, com o objetivo de afetar gravemente a saúde da população e sabotar a safra açucareira, principal produção do país. Tudo isso visando desatar uma revolta interna generalizada, sentando as bases de uma insurreição armada em escala nacional que tornasse necessária uma reconstrução governamental, onde obviamente os Estados Unidos desempenhariam o eterno papel de “salvador democrático”.

O líder histórico da Revolução Cubana não ficou alheio certamente e as mais de 600 tentativas de assassinato o evidenciam. Projeto Am-Lash, ZR-Rifle foram alguns dos exemplos. A CIA, imersa nesse individualismo capitalista do “salve-se quem puder”, se negava a acreditar que se bem Fidel é o líder indiscutível, uma Revolução socialista transcende a uma pessoa, que é um povo unido o que a impulsiona com sua própria luta e prol de um interesse coletivo.

Longe nos fica a Voz dos Estados Unidos da América, por meio da qual desenvolviam campanhas de propaganda para promover a atividade contrarrevolucionária no interior de Cuba e fazer de ligação com os agentes dos Serviços Especiais estadunidenses infiltrados na ilha. Rádio e TV Martí nos resulta mais próximo hoje em dia, emissoras que com a mesma tática tentam de Miami aquele histórico objetivo de acabar com o processo revolucionário referendado ante onze milhões de cubanos e cubanas. Apesar de Mangosta ter sido suspensa após a Crise dos Mísseis (2), sua essência se manteve vigente instalada no poder nos Estados Unidos; assim como em organizações terroristas como a Fundação Nacional Cubano Americana (FNCA), o Conselho pela Liberdade de Cuba (CLC), Irmãos ao Resgate, Movimento Democracia, Alpha-66 e Comandos F-4 que, assentadas em Miami e Flórida são responsáveis por inúmeros atentados, e continuam tentando sem sucesso decidir a partir do estrangeiro os destinos de este país.

Colocação de bombas em universidades e centros turísticos estiveram na ordem do dia. Entre 1963 e 1971 foram produzidas 5780 ações terroristas contra Cuba, 716 delas de graves consequências para a economia do país (3). O crime de Barbados, onde diversas bombas estouraram no voo da Cubana de Aviação e produziu um saldo de setenta e três mortes; e o assassinato do jovem italiano Fabio Di Celmo ao explodir uma das bombas no Hotel Copacabana, são algumas das mostras do terrorismo que sofreu o povo cubano nas últimas décadas.

A propagação de enfermidades como a epidemia de dengue hemorrágica em 1961, onde faleceram 158 pessoas – entre elas 101 crianças –, e a conjuntivite hemorrágica, assim como a infusão de enfermidades no gado bovino e a propagação de pragas que afetassem os principais cultivos agropecuários do país, foram moeda corrente por aqueles anos.

Porém, sem dúvidas, a mais sinistra e maquiavélica operação de subversão política organizada contra Cuba foi Peter Pan (4), que, envolvendo o Departamento de Estado dos Estados Unidos, a CIA e setores da Igreja Católica, promoveu e amparou um suposto processo migratório pelo qual 14.048 crianças cubanas foram separadas de seus pais, muitos dos quais jamais voltaram a se reencontrar. O “medo vermelho” era impulsionado pelo Norte ao longo de toda a região e Cuba não esteve alheia. Manipulando informação via Rádio Cuba Livre e falsificando legislação, se semeou o terror sobre a suposta perda da autoridade paterna sobre os nascidos em território cubano e conseguindo que milhares de pais enviassem seus filhos de diferentes maneiras aos Estados Unidos; não sem antes criar em Miami o “Programa para crianças refugiadas cubanas sem acompanhantes” (Cuban Children´s Program).

Muitos estrangeiros conheceram o terrorismo de Estado, os desaparecimentos forçados, torturas e sequestros de bebês; porém, diferente de outras operações similares, a Operação Peter Pan se produziu de forma cautelosa, com métodos clandestinos, em voos comerciais e à plena luz do dia.

Um total de 3.478 cubanos morreram como resultado da violência terrorista e 2.099 ficaram gravemente feridos ao longo de todo estes anos. Para um país com onze milhões de habitantes, esse número é demasiado.

O Exercício Estratégico Bastião 2016, parte do Plano de Preparação da Nação para Defesa e visa continuar aperfeiçoando a preparação militar e civil com o objetivo de estarem preparados para enfrentar as diversas ações do inimigo, pois ainda que hoje em dia os métodos pareçam ser outros, tal como afirmou Fidel “a história ensina com demasiada eloquência que os que esquecem (…) não sobrevivem ao erro” (5).

Cuba é um povo com memória. Este exercício de suas Forças Armadas e o povo a demonstram.

(1) Aprovada em 30 de novembro de 1962.

(2) A Operação Mangosta foi oficialmente encerrada pela administração do Presidente John F. Kennedy em início de 1963.

(3) Com informação de EcuRed.

(4) Operação desenvolvida entre 26 de dezembro de 1960 e 23 de outubro de 1962.

(5) Alocução do Comandante em Chefe Fidel Castro Ruz, Primeiro Congresso do Partido Comunista de Cuba, 1975.

Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=7xKUApEDv18

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2016/11/16/el-bastion-del-pueblo-cubano-video-raul-castro-anuncia-el-comienzo-de-los-ejercicios-militares/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

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