Honduras sublevada contra o regime

Giorgio Trucchi – Rel-UITA

ALAI AMLATINA, 30/03/2011.- A violenta repressão desencadeada esta manhã (30 de março) pelo regime opressivo de Porfirio Lobo, não deteve a grande mobilização popular que se espalhou por todo o país, sob a Greve Cívica Nacional decretada pela Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP). Porém, deixou como saldo o violento ataque a sede do STIBYS, onde chegaram atirando para matar no Baixo Aguán e deixou dezenas de feridos em todo o país.

Honduras amanheceu semi-paralisada hoje, com bloqueios nas estradas de todo o país. Desde o início da manhã chegaram relatos dos vários movimentos que estavam paralisando o tráfego nacional e internacional.

Na capital, Tegucigalpa, a população resistente se deslocou em várias partes da cidade, tomando as principais estradas e pontes veiculares.

Enquanto isso, centenas de professores e professoras estão lutando para que não seja privatizada a educação e contra a brutal repressão desencadeada nas últimas duas semanas; eles se concentraram em frente à sede do Supremo Tribunal Federal, exigindo a libertação de 20 colegas acusados de manifestação ilegal e sedição.

Ante esta nova demonstração de força e capacidade de mobilização do povo de Honduras, o regime substituto do golpe de Estado mais uma vez mostrou sua verdadeira face, ao reprimir pela segunda semana consecutiva o povo em resistência.

“Eles estão reprimindo todo o país, mas as pessoas estão resistindo em Progreso, San Pedro Sula, Santa Rosa de Copán, Olancho, Colón, aqui na capital e em muitos outros lugares. Mais uma vez tomado as estradas e seguindo lutando”, disse a Sirel, a coordenadora do Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de Honduras (COPINH), Bertha Cáceres.

“Estamos pior do que nos primeiros dias do golpe de Estado, entretanto, as pessoas aprenderam e têm uma maior capacidade de resposta à repressão. Estamos defendendo nossos direitos, nossa territorialidade e nossas conquistas. Acreditamos que essa mobilização permanente, não vai parar “, disse Cáceres.

A direção do COPINH também condenou a política hipócrita dos Estados Unidos, que continua financiando as forças repressivas do Estado e mantém suas tropas deslocando-se em Honduras.

STIBYS sob cerco

Durante a brutal repressão ordenada pelo regime hondurenho, a sede do combativo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Bebidas e Similares (STIBYS), foi violentamente atacado, deixando vários feridos e presos.

“Os sindicatos e organizações populares tomaram à rua em frente ao STIBYS desde às 6:30 da manhã. Às 10:30h centenas de policiais e forças militares atacaram com tanques de gás lacrimogêneo e canhões com lança-água, carregado com líquido urticante. Começaram a bater violentamente nas pessoas e persegui-las através dos bairros perto da nossa sede”, disse a Sirel, o vice-presidente do STIBYS, Porfírio Ponce.

Muitas pessoas buscaram refúgio na sede do STIBYS. Isso não impediu a violência criminal.

“Da rua começaram a disparar gás lacrimogêneo dentro da nossa sede. Já não se podia respirar, muitas pessoas foram levadas ao hospital, e há detidos.

Apesar da repressão não vamos nos intimidar, ou nos deter. Vamos continuar com esta luta, que é o povo hondurenho em defesa dos direitos dos trabalhadores, das conquistas sociais na educação e na saúde pública, e contra as políticas neoliberais.

Este regime, continuou Ponce, surge de um processo viciado e é continuação do golpe. Em Honduras não há institucionalidade, e os poderes que controlam o país pretende chegar até as últimas consequências.

Porém aqui há um povo que não vai calar a boca. Nós levamos mais de duas semanas sendo reprimidos e continuamos nas ruas. Amanhã vamos novamente mobilizar-nos e apelamos à solidariedade internacional para denunciar o que está acontecendo”, disse o vice-presidente do STIBYS.

Quando ele terminava de escrever esta nota,o dirigente do Sindicato dos Professores e da direcção nacional da FNRP, Wilfredo Paz, informou a Sirel que a polícia abriu fogo contra manifestantes no Baixo Aguán. O saldo é de vários feridos.

“A polícia expulsou com violência e começou a perseguir as pessoas disparando balas. As pessoas se reagruparam e tentaram voltar a interditar a estrada na área de Sonaguera”.

Há dezenas de feridos em todo o país, a polícia disparou contra professores, camponeses e membros da resistência”. Além disso, a polícia invadiu a Universidade Autônoma de Honduras, com a mesma hostilidade, mas os estudantes estão resistindo ao cerco que está aumentando.

Fonte:http://www.reluita.org/internacional/honduras/democradura/honduras_sublevada_contra_el_regimen.htm

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