100 anos da Revolução Bolchevique: outros outubros virão!

imagemO PODER POPULAR Nº 26 – OUTUBRO/NOVEMBRO DE 2017

Comemoramos, no dia 7 de novembro (25 de outubro no calendário juliano), os 100 anos da Revolução Socialista na Rússia, o mais importante evento histórico do século XX, por ter demonstrado ao mundo – e provocado a reação raivosa da burguesia internacional – a real possibilidade de os trabalhadores tomarem o poder político e decidirem sobre o seu próprio destino, construindo com suas próprias mãos – com erros e acertos – um Estado que, no fundamental, servisse aos interesses e necessidades de sua classe, o Estado socialista.

A Revolução Socialista Russa não foi obra exclusiva de um gênio solitário, pois as verdadeiras revoluções não se fazem sem a participação ativa das massas. Mas houve uma figura essencial para o sucesso desta empreitada: Vladimir Lenin, que, liderando a facção bolchevique (revolucionária) do Partido Operário Social Democrata Russo e enfrentando as vacilações das correntes moderadas e oportunistas e as de seu próprio grupo, foi o grande dirigente do processo de lutas que desembocou na primeira revolução proletária da história a conquistar e manter o poder de Estado.

Para Lenin, a construção do poder proletário exigiria muito mais que assumir o controle do aparato estatal e muito mais ainda que meramente ocupar cargos no interior do governo existente. Era preciso destruir o aparelho que até então servia aos interesses do latifúndio e do capital e, em seu lugar, construir um Estado de caráter popular, que garantisse a participação efetiva dos Sovietes (comitês locais de trabalhadores, soldados, marinheiros e camponeses surgidos na revolução de 1905 e que, na prática, constituíram um poder paralelo ao governo burguês em 1917) nas tomadas de decisão. Para ele, estava claro que as experiências ditas democráticas nas sociedades burguesas ocidentais encobriam a constituição de verdadeiros exércitos a serviço do capital e não dos interesses da população. Não havia – e continua não havendo hoje – qualquer possibilidade de reformar o Estado burguês, por mais aparentemente democrático que ele possa ser.

Num momento em que a classe trabalhadora em todo o mundo enfrenta os ataques violentos do capital, que quer destruir direitos conquistados com muito suor e sangue para garantir seus lucros, em meio a um forte avanço do pensamento e de práticas fascistas, é preciso lembrar as enormes conquistas proporcionadas pela Revolução de Outubro de 1917: atendimento às necessidades básicas do proletariado; democratização da justiça, com eleições de juízes; transformação da polícia em instrumento de defesa diária da segurança da população; eleição e mandato revogável dos funcionários públicos; participação dos sindicatos e dos sovietes na criação de organismos econômicos, na elaboração dos planos de produção e na gestão industrial; supressão das desigualdades sociais e socialização dos meios de produção.

Mesmo que inúmeros problemas enfrentados e erros cometidos em função de diversos fatores conjunturais e ideológicos tenham desvirtuado algumas destas conquistas ao longo do processo de construção do Estado Socialista, cabe, mais do que nunca, resgatar a experiência soviética. Nesta edição especial de O Poder Popular nos dedicamos a reconhecer as grandes contribuições da Revolução Bolchevique às mais importantes transformações econômicas, políticas, sociais e culturais da História. A melhor forma de reivindicar a Revolução Bolchevique é continuar contribuindo para a organização da classe trabalhadora na luta contra os retrocessos e o capitalismo e afirmando em alto e bom som: Outros Outubros virão! Viva a Revolução Socialista de 1917!