Bolívia: um milhão de pessoas proclamam a candidatura de Evo Morales para 2019

Bolívia: um milhão de pessoas proclamam a candidatura de Evo Morales para 2019

Resumen Latinoamericano*, 16 de dezembro de 2017

Os movimentos sociais, indígenas e camponeses da Bolívia proclamaram no sábado, na cidade de Cochabamba, a candidatura do presidente Evo Morales às eleições de 2019, em uma manifestação que ocupou 4km de extensão da avenida interdepartamental de 30m de largura e que vincula as cidades de Cochabamba e La Paz.

“Irmão Presidente, aqui está seu povo. Este é o povo que diz sim, é preciso continuar como presidente, irmão Evo”, afirmou em um discurso o secretário executivo da Confederação Sindical Única de Trabalhadores Camponeses da Bolívia (CSUTCB), Jacinto Herrera.

A manifestação explodiu com a exaltação de milhares de militantes do governista Movimento Ao Socialismo (MAS), dos movimentos sociais, indígenas e campesinos, além de profissionais e proletários, professores e mineiros que se congregaram na avenida, onde se instalaram 6 telões gigantes e dezenas de alto-falantes.

Pouco depois, o mandatário confirmou sua candidatura às eleições de outubro de 2019.

“Missão cumprida: estamos habilitados para (a candidatura à presidência no período constitucional 2020-2025), isso não está em debate”, assegurou em meio a uma salva interminável de aplausos e sob os gritos de “Evo, Evo”, que dominavam o vozerio de campanha eleitoral antecipada.

Com a música do grupo folclórico Arawi, do Dúo Tupay e do cantor e compositor regionalista Manuel Monrroy, Cochabamba pareceu converter-se no epicentro de partida da campanha boliviana para as eleições presidenciais pautadas em questão de 22 meses.

A manifestação foi registrada como a maior da história eleitoral da Bolívia, na qual o MAS celebrou também a primeira vitória eleitoral de Morales, em dezembro de 2005, e o Dia da Revolução Democrática e Cultural.

A concentração ocorreu um dia depois das marchas contra a candidatura antecipada de Morales nas cidades de La Paz, na mesma Cochabamba e Santa Cruz, sexta-feira pela tarde e noite, movidas pela oposição que não o quer como candidato, no momento em que quase 40 de cada 100 apoia sua continuidade no Palácio Quemado até 2025, segundo a consultora independente Captura Consulting.

Os companheiros e afetos de Morales chegaram a Cochabamba de todos os pontos do país andino amazônico, tanto que os serviços de transporte interdepartamental e aéreo, a hotelaria e gastronomia estiveram a ponto de ceder ante a inusitada demanda.

A “maré azul”, pela cor da divisa do MAS, como a designaram os narradores da multitudinária concentração que foi demostrar a musculatura política do governante à caminho de sua quarta candidatura presidencial, contou com a presença de representantes de organizações sociais e políticas de países da região.

Um dia depois da oposição ter tomado as ruas das principais 3 cidades bolivianas, Morales aproveitou a ocasião para recomendar à direita boliviana que, em vez de perder seu tempo publicando embustes nas redes sociais contra seu governo de esquerdas, se prepare para fazer-lhe frente nas eleições de 2019.

“A direita, os vende-pátria, os submissos ao império e ao capitalismo, perdem seu tempo. Minha recomendação é que se unam de uma vez, que se preparem de uma vez e que não fiquem perdendo seu tempo, seu plano é só mentir e mentir”, assinalou durante seu discurso inflamado.

Isto depois de Washington se expressar contra a nova candidatura de Morales, de deputados e membros do Governo do Chile, entre outros o deputado Jorge Tarud e o chanceler Heraldo Muñoz, criticarem, pelo Twitter, a decisão do Tribunal Constitucional da Bolívia que homologou a candidatura do Presidente entre outras 3.600 autoridades eletivas a cargos públicos.

De acordo com Morales, o império estadunidense e as oligarquias chilenas se aliaram à direita boliviana opositora para tecer armadilhas e tira-lo do jogo das eleições de fins de 2019.

Em seu discurso de pouco mais de meia hora, o governante de 58 anos, que acabou de assinar investimentos e tecnologias com a Alemanha e Suíça para a construção do primeiro trem biomecânico sul-americano, que unirá o continente de leste a oeste, com antípodas nos portos de Ilo (Peru, Pacífico) e Santos, (Brasil, Atlântico) e do qual se converteu em seu principal promotor, recordou as obras de seu governo a respeito do crescimento econômico, da industrialização dos recursos naturais e projetou que o Produto Interno Bruto boliviano se expandirá ainda mais que no lapso 2006-2017, quando se multiplicou por 4, de 9 para 36 bilhões de dólares.

“Saibam, irmãs e irmãos, rumo ao bicentenário (da independência da Bolívia) tenho uma proposta para 2025. Com certeza a Bolívia terá seus 50 bilhões de dólares de Produto Interno Bruto, no mínimo. Se em 10 anos subiu de 9 bilhões para 36 bilhões, em sete anos redobrando o investimento, vamos chegar a 50 bilhões de dólares”, detalhou.

Morales: estamos habilitados para 2020-2025, isso não está em debate

O presidente Evo Morales afirmou no sábado, ante uma imensa concentração na cidade de Cochabamba, que está habilitado como candidato para as eleições presidenciais de 2019, aspecto que – acrescentou – não está em debate.

“Missão cumprida: estamos habilitados para (a candidatura à presidência no período constitucional 2020-2025), isso não está em debate”, assegurou em meio a algazarra e felicidade do povo, um milhão de apoiadores, que se uniram desde as primeiras horas na avenida Blanco Galindo para celebrar o Dia da Revolução Democrática e Cultural.

Morales recomendou à direita boliviana que em vez de perder seu tempo publicando mentiras e falsas acusações nas redes sociais contra seu governo de esquerdas, que se prepare para fazer-lhe frente às eleições de 2019.

“A direita, os vende-pátria, os submissos ao império e ao capitalismo, perdem seu tempo. Minha recomendação é que se unam de uma vez, que se preparem de uma vez e que não fiquem perdendo seu tempo, seu plano é só mentir e mentir”, assinalou durante seu discurso.

O primeiro presidente indígena da Bolívia manifestou que, em curto tempo, o Governo demonstrou que é possível dar estabilidade econômica, social e política aos bolivianos, graças à unidade do povo, que – destacou – permitiu que agora a Bolívia seja o primeiro país da América Latina em crescimento econômico.

Alertou às novas gerações de jovens que não se deixem envolver pelas mentiras utilizadas pela direita ao dizer que o Governo se converteu em uma ditadura, porque – recordou – que seu mandato se deve ao apoio de mais de 60% da população.

“Para as novas gerações, estou vendo muita juventude, talvez a Bolívia nunca mais seja como antes… Escutem bem as novas gerações, isso sim era ditadura: em 24 horas, três presidentes! Essa era a Bolívia”, mencionou.

A multidão foi convocada para celebrar 12 anos de sua primeira vitória eleitoral, em 18 de dezembro de 2005, que inaugurou uma mudança de paradigma na política e economia criollas.

Morales conclama a identificar inimigos internos da Bolívia em conluio com castas estrangeiras

O presidente indígena Evo Morales conclamou o povo a identificar o “inimigo interno”, em conluio com “a oligarquia chilena e o império norte-americano”, ao falar no sábado ante um milhão de apoiadores que encheram uma das avenidas mais extensas e amplas da Bolívia, na cidade boliviana de Cochabamba (centro).

“É preciso identificá-los: aí estão os inimigos da Bolívia!”, disse ao assinalar a direita boliviana que se opõe radicalmente a sua candidatura às eleições presidenciais de fins de 2019, apesar da recente decisão judicial.

A direita boliviana convive com Washington – que há algumas semanas pediu a Morales para retirar sua potencial candidatura às eleições gerais de 2019 – e a oligarquia chilena, que operou em consonância, com críticas à decisão do Tribunal Constitucional que habilitou a candidatura de 3.600 autoridades eleitas para as eleições nacionais e subnacionais, entre outubro de 2019 e junho de 2020, “são os que não querem a estabilidade econômica nem a continuidade política” na Bolívia”, denunciou.

Morales aludiu aos ex-presidentes Jorge Quiroga (2001-2002, conservador) e Carlos Mesa (liberal, 2003-2005), além do empresário do ramo de comida rápida e da hotelaria Samuel Doria Medina, o governador direitista de Santa Cruz, Rubén Costas e, entre outros, o prefeito de La Paz, Luis Revilla.

“É importante identificar os inimigos internos”, destacou o mandatário que enfrenta o embate de seus adversários e inimigos políticos imersos em uma campanha local e internacional para evitar que Morales, que ganhou com folga as eleições de 2005, 2009 e 2014, além de um referendo revocatório de seu mandato em 2008, se candidate à Presidência da Bolívia em um par de anos mais.

Morales ia ser proclamado nesta manifestação que congregou um milhão de pessoas na avenida interdepartamental Blanco Galindo, candidato dos pobres, das organizações sociais, dos sindicatos de trabalhadores e camponeses indígenas da Bolívia.

A manifestação maciça foi convocada para celebrar 12 anos de sua primeira vitória eleitoral, em 18 de dezembro de 2005, o que marcou uma mudança de paradigma na política e economia criollas.

Pelo quarto ano consecutivo, a Bolívia voltará, em 2017, a liderar a tabela de comparações do crescimento na América Latina.

Morales exaltou, durante um vibrante discurso no comício, um dos mais massivos da história política do país, as conquistas de seus 12 anos de governo, entre outros o crescimento permanente da economia, a industrialização dos recursos naturais, o que implica a superação do tradicional e repudiado Estado extrativista e a inédita, até 2005, ampliação das estradas do país.

Assim como a política exterior para recuperar uma saída soberana ao mar, através do julgamento ao Chile na Corte Internacional de Justiça de Haia.

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2017/12/17/bolivia-un-millon-de-personas-proclamaron-en-cochabamba-la-candidatura-de-evo-morales-para-el-2019/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)