A Semana no Olhar Comunista – 0009

Sabendo que mesmo com todo o apoio que tal medida já receberia da mídia burguesa, como visto em editoriais e matérias de TV, rádio e jornais desde a tarde de ontem (29/08), a medida é antipopular e beneficia apenas uma pequena parcela de banqueiros e especuladores, além de causar uma fila de “pedidos” de partidos e parlamentares governistas, Mantega se viu obrigado a arrumar uma desculpa para mais esse reforço na “bolsa banqueiro”: segundo ele, a medida visa garantir que o Banco Central possa baixar a taxa básica de juros (Selic) nos próximos meses, permitindo que o crescimento econômico seja mantido apesar das turbulências globais. Parêntesis duplo:

– Não fosse seu governo lacaio do sistema financeiro e ele capacho dessa lógica, o Banco Central estaria subordinado às suas ordens e estabeleceria a taxa de juros que o governo decidisse. Como prefere ser marionete…

– O ministro fala como se em todo o mundo os bancos centrais estivessem elevando suas taxas de juros. Justamente devido às turbulências globais que o BC deveria ser obrigado a baixar os juros, sem qualquer concessão ou medida tangencial.

O decorativo genérico de ministro, que por isso merece a alcunha de “Margarina”, afirmou ainda que o aumento do superávit primário busca “abrir mais espaço” para o aumento dos investimentos no país. Sobre gestão correta dos gastos, com estabelecimento de prioridades populares e controle da corrupção para alavancar os efeitos dos recursos investidos, nenhuma palavra.

 


Cobrar é pouco, saúde não é mercadoria

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) cobrará dos planos de saúde os procedimentos médicos de alta complexidade, como a quiomioterapia feita no tratamento de quem sofre câncer, que seus usuários realizem através do Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, só internações na rede púiblica são passíveis de ressarcimento por parte do cartel dos planos.

À primeira vista, a medida mereceria elogios. Afinal de contas, quem paga pelos caríssimos planos de saúde espera ser atendidos por estes. Mas só à primeira vista… Afinal de contas, os planos de saúde não deveriam existir! Saúde não é mercadoria, e a ausência desta (enfermidades) deve ser responsabilidade do Estado – que não deve ver a população como “clientela” de outra “empresa” a quem deve cobrar ressarcimento.

Por outro lado, se quisesse mesmo atacar os abusos dos planos, a primeira coisa a ser feita pelo governo seria acabar com a própria ANS, que por longos anos funcionou como sindicato dos empresários do setor a legislar em causa própria. Nessa longa lista caberiam ainda a obrigatoriedade de pagamento decente aos médicos por cada atendimento (fazendo com que algumas consultas não durassem poucos minutos, em prol da “produtividade” que no final das contas gera o ganha-pão decente), po fim das filas intermináveis para marcação dessas mesmas consultas, regras para a liberação de procedimentos (como cirurgias) que não funcionassem quase que como um atestado de óbito prévio, dada a má vontade dos planos em liberarem as solicitações médicas, etc.

Enfim, você que lê essas linhas não pode se enganar: é mercadoria não apenas para os planos de saúde, mas também para o Governo Federal…

 


Cartilha Nazista I – Estagiários de Goebbels

A Justiça do Trabalho em Mato Grosso obrigou as redes locais de TV a suspenderem divulgação de propaganda financiada por entidades como a Câmara de Dirigentes Lojistas e as federações da Indústria e da Agricultura que, de forma lavada, destilavam a mentira de que greves geram aumentos de tarifas públicas e impostos.

O terrorismo midiático, atentado frontal aos direitos dos trabalhadores, afirmava que “greve custa caro” e que a população é quem “paga a diferença”. Com imagens de uma greve de motoristas e cobradores de ônibus ocorrida em maio de 2009, os “estagiários de Goebbels” afirmavam que, dois meses depois, ocorreu aumento na tarifa. Os farsantes só se esqueceram de tecer qualquer comentário sobre as relações espúrias entre os proprietários de empresas de ônibus, o executivo e o legislativos municipais, realidade tristemente presente em quase todo o país. A Justiça afirmou que a campanha constituia “ato antissindical e abuso de direito por parte dos anunciantes”, e que a campanha “ataca diretamente o direito constitucional de greve assegurado aos trabalhadores brasileiros”.

 


Cartilha Nazista II – EUA copiam Josef Mengele e assassinam 83 com “experimentos médicos”

O governo dos Estados Unidos reconheceu nesta segunda-feira a morte de 83 cidadãos da Guatemala, infectados nos anos 1940 com doenças sexualmente transmissíveis (DST), como sífilis e gonorreia, durante “experimentos médicos”. O governo guatemalteco da época teria dado permissão aos estudos, que ocorreram entre 1946 e 1948 – portanto, pouquíssimo tempo após todo o mundo descobrir e condenar a prática nazista de usar humanos como cobaias.

Comissão de inquérito formada por Barack Obama concluiu que cerca de 1.300 pessoas foram expostas às doenças e que 5.500 pessoas participaram dos estudos, sem saber dos riscos que corriam. Entre os infectados, apenas 700 receberam tratamento médico, e ao fim 83 morreram. A comissão reconheceu que os cientistas americanos infectaram prisioneiros, pacientes psiquiátricos e órfãos – ISSO MESMO, ÓRFÃOS, CRIANÇAS INDEFESAS – em estudos que testavam a abrangência do uso da penicilina.

Obama fez um pedido de desculpas por telefone ao presidente da Guatemala, Álvaro Colom, dizendo que os estudos contrariam os valores norte-americanos. Além de mentiroso, o assassino nº 1 do mundo agora quer posar de humanista mas só tomou qualquer medida de investigação após, no início deste ano, vários cidadãos guatemaltecos infectados à época e familiares das vítimas terem anunciado que abriruiam processo contra o governo dos EUA. Na ocasião, o presidente Colom classificou os estudos como “crime contra a humanidade” por parte dos EUA.

 


Cartilha Nazista III – Israel treina a nova “SS”

O Exército israelense começou a armar e treinar colonos judeus na Cisjordânia para, bnas palavras da imprensa, “possíveis distúrbios” em setembro, quando os palestinos deverão comparecer à ONU em busca de reconhecimento internacional. A informação é do diário “Ha’aretz”, que afirma ainda: as Forças Armadas fornecem gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral aos responsáveis pela segurança dos assentamentos, e ainda fixam “linhas vermelhas” ao redor de cada colônia, a partir das quais as tropas poderão disparar contra os manifestantes palestinos – desarmados ou não, idosos e crianças ou não. Hitler e sua leal tropa SS fizeram escola…

Os preparativos são para a chamada “Operação Sementes de Verão”, cujo propósito é preparar os soldados para exterminarem palestinos que buscam seus direitos e quando a Assembleia Geral da ONU, se tiver algum resquício de dignidade, votará a favor do reconhecimento do Estado palestino. Segundo o jornal israelense, o “principal temor” (na verdade, a justificativa para mais uma operação de limpeza étnica) do governo fascistóide é que uma declaração palestina de independência “desencadeie uma revolta popular”.

 


Os povos apoiam vocês. Falta a palavra de nossos governos

Palestinos esperam conquistar um assento na Organização das Nações Unidas (ONU) no próximo mês. Com este título matéria de O Globo fala do tour internacional que será realizado para reforçar a campanha pelo reconhecimento, pelas Nações Unidas, do Estado Palestino. Na excursão, os Palestinos mostrarão a diplomatas de vários países uma cadeira com a palavra Palestina impressa no encosto, simbolizando a condição de membro da ONU exigida pela Autoridade Nacional Palestina.

Israel e os Estados Unidos são contra o reconhecimento de um Estado palestino. Para os democratas, progressistas, socialistas e comunistas de todo o mundo, esta é uma luta que merece todo o apoio, pois é uma luta pela pelo direito de liberdade e autodeterminação dos povos, contra a opressão a que vêm sendo submetidos os palestinos, sob cerco e agressão constante de Israel, com apoio e financiamento dos EUA.

 


Cruzamento político entre o público e o privado põe ética de lado

Este é o título da matéria de O Globo, de 28/08, que cita estudos sobre os “lobbies” das empresas junto a parlamentares e funcionários de alto escalão do governo, em ações que incluem viagens pagas em jatinhos particulares e outra benesses. A matéria fala da necessidade de haver maior controle sobre estas ações, na forma de regras claras e “mais rígidas” para regular o comportamento dos representantes políticos e dos servidores do Estado.

Sempre que aparece algum “escândalo” envolvendo empresas beneficiadas por setores da Administração pública ou emendas parlamentares, o tom do noticiário é o de pôr a culpa nos deputados, senadores ou nos servidores envolvidos – e eles têm culpa mesmo, nesses casos, pois, corruptos, estão a serviço dos interesses privados e não da população a quem devem representar e servir. Mas é interessante observarmos que o outro lado da questão – os corruptores, os empresários que “compram” os serviços e os favores (e financiam as principais campanhas eleitorais), tão ou mais culpados, tão ou mais corruptos que os primeiros, não recebem, em geral, nenhum destaque. Poucos são os casos de condenação.

A corrupção é parte do sistema, em que os interesses capitalistas disputam o Estado – em sua complexidade de instâncias e agências – em suas leis e seus recursos, para seus interesses diretos. Mesmo na ausência ou na baixa incidência de corrupção, as leis dos países capitalistas são feitas, na maioria dos casos, para a proteção da propriedade e do capital, e não dos direitos da população trabalhadora. No Brasil, como herança de muitas décadas de ditaduras, pelo caráter monopolista da economia, pelo caráter elitista e excludente da estrutura de representação política e por muitos outros fatores, a corrupção é parte do jogo.

 


Lista de “escravocratas” só cresce no Brasil

A matéria de O Globo, de 28/08, afirma que a lista de empregadores “flagrados” e incluídos no cadastro “sujo” do Ministério do Trabalho aumentou em 65% no último ano. Carvoarias, construtoras, serrarias, confecções, agricultura e outras áreas são as mais citadas. No entanto, empresas como a multinacional Zara – de confecções – alvo de inúmeras denúncia de uso de mão-de-obra escrava boliviana, não aparece nos registros do Ministério.

Quando uma empresa é incluída na lista do Ministério, perde o direito a financiamento pelo BNDES e outras agências públicas, mas, uma vez paga a multa, a emprega tem seu nome retirado do cadastro. O número de denúncias tem crescido, de acordo com a matéria, porque a população está mais atenta e propensa a denunciar, mas, para a Comissão Pastoral da Terra, a fiscalização tem “deixado a desejar”.

Esta prática tem, como alvo, imigrantes dos países vizinhos – especialmente a Bolívia e trabalhadores do campo que vêm para as cidades em busca de trabalho, em geral sem qualquer informação ou orientação quanto a seus direitos e aceitam, muitas vezes, trabalhar em troca apenas de comida e abrigo. Muitos trabalhadores são mantidos em regime de reclusão.

A existência de trabalho escravo é, em si, um crime da pior espécie, de leva-humanidade, um ato totalmente injustificável e inaceitável. A punição para os seus responsáveis deve ser a prisão e não apenas multas. Cabe ao Estado garantir o direito ao trabalho assalariado, a ação fiscalizadora e as condições para que as denúncias sejam apuradas e encaminhadas à justiça.

 


Lula, a “esquerda” que foi contra a volta dos exilados

Em entrevista a O Globo, o jornalista José Nêumanne Pinto fala sobre livro “O que sei de Lula”, que lançou recentemente. Nele, qualifica o capo mafioso petista como “conservadoraço”. Também conservador, Nêumanne serve a este “A SEMANA NO OLHAR COMUNISTA” pela declaração abaixo. Abre aspas:

“O GLOBO: Além de dizer que Lula nunca foi de esquerda, o senhor questiona o mito em que ele se transformou. O que o fez chegar a essa conclusão?

NÊUMANNE: Isso não é uma opinião. Eu mostro isso com episódios. Entre 1978 e 1979 eu fui procurado pelo Claudio Lembo, presidente da Arena na época, porque ele tinha uma missão. O general Golbery do Couto e Silva queria fazer a volta dos exilados e queria apoio do Lula. A reunião foi em um sítio do sindicato e lá eu ouvi o Lula dizer: Dr Claudio, fala para o general que eu não entro nessa porque eu quero que esses caras se danem. Os caras estão lá tomando vinho e vêm para cá mandar em nós?”

Dispensamo-nos a necessidade de tecer qualquer comentário a respeito do falsário 171.