Zuleide Faria de Mello: 86 anos de lutas

Zuleide Faria de Mello: 86 anos de lutasConheça os Rebeldes Brasileiros.

No dia 06 de janeiro de 2018, a professora Zuleide Faria de Melo fez 86 anos. Mulher de coragem, alagoana de fibra, uma comunista brasileira, lição de vida para quaisquer mulher e homem.

Um dos maiores presentes que a vida concedeu-me foi conhecer, e contar com a amizade, da valorosa Zuleide. Conheci ela no começo dos anos 1990, eu na calçada do prédio sede da Petrobrás, na Avenida Chile, Rio de Janeiro, e Zuleide em cima de um trio elétrico discursando para uma plateia de uns 300 petroleiros.

Época da chegada da Globalização e o Neoliberalismo no mundo. Os discursos espertos de “Estado Mínimo” dominavam os meios de comunicação brasileiros, Rádios e TVs Globo, Jornais e Revistas Globo e seus asseclas. Por trás desse movimento mundial estavam os mesmos de sempre. Eram responsáveis os senhores donos das riquezas. No negócio petróleo, dominado mundialmente pelas empresas Esso, Chevron, Shell e BP, as duas primeiras dos EUA, uma inglesa-holandesa e a outra inglesa, de olho grande no sucesso da Petrobrás torciam por sua privatização.

E a guerreira Zuleide, já com seus 60 e poucos anos, lutando pela soberania da nação brasileira. Fiquei fascinado com sua falação. É preciso coragem. Suas armas eram perigosas: Ideias.

Parabéns, querida Zuleide!

Viva, viva muito!

És referência na luta por um mundo justo.

Saudações,

dos amigos Maria Antonieta e Simões

Reproduzimos abaixo artigo de homenagem à camarada Zuleide publicado no Jornal O Poder Popular nº 04 (julho/agosto de 2015):

Zuleide Faria de Melo: uma vida dedicada à causa comunista

Em noite de muita emoção na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, a histórica dirigente comunista Zuleide Faria de Mello recebeu a Medalha Pedro Ernesto, concedida pelo Vereador Renato Cinco (PSOL), em evento que contou com a presença de Ivan Pinheiro, Secretário Geral do PCB, Muniz Ferreira, da Fundação Dinarco Reis, Milton Temer (dirigente do PSOL) e vários militantes de organizações de esquerda. A homenagem coroa uma trajetória de extrema coerência política e dedicação à luta pelo socialismo no Brasil.

Professora aposentada do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Zuleide nasceu em Limoeiro, Alagoas, e veio para o Rio de Janeiro, onde começou a trabalhar, a partir de 1965, na Editora Civilização Brasileira, dedicando-se a edição, revisão e tradução de livros. Casou-se aos vinte anos de idade e teve duas filhas.

Entrou oficialmente para o PCB no dia 25 de março de 1965, mas começou de fato sua militância logo após o golpe de 1964, quando, após agir para liberar da prisão um primo seu de Alagoas, Jurandir Bóia, diretor da UNE, abrigou em sua casa militantes perseguidos pela ditadura, desde membros das Ligas Camponesas a quadros comunistas como Jayme Miranda.

Nos anos 1970, integrou a assessoria do Comitê Central, ficando responsável por datilografar e imprimir textos e jornais do Partido, como o Voz Operária. Em 1974, juntamente com José Sales e Marly Vianna, membros do Comitê Central, participou da viagem de carro a São Paulo para trazer para um aparelho no Rio todo o acervo do Arquivo de Astrojildo Pereira. Em 1977, a documentação foi para a Itália, passando a compor, com o Arquivo de Roberto Morena e outras obras, o Archivio Sociale della Memoria Operaia Brasiliana, o que garantiu a preservação de mais de três décadas da memória das lutas dos trabalhadores brasileiros.

Em 1978, Zuleide integrou o CEBRADE, Centro Brasil Democrático, entidade criada por Oscar Niemeyer para aprofundar a luta contra a ditadura e, no período, recebeu a incumbência de trabalhar para o Comitê Central, cumprindo tarefas partidárias. Na década de 1980, atuou na favela do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, organizando mobilizações pela construção de creche e pelo direito à energia elétrica e à água encanada. Dedicou-se à causa internacionalista, ocupando cargos no Instituto Cultural Brasil-União Soviética, no CONDEPAZ (Conselho Brasileiro de Defesa da Paz), criado para combater o acirramento da Guerra Fria e da corrida armamentista provocado pelo imperialismo, e na Associação Cultural José Marti, de solidariedade a Cuba, da qual participa até hoje, como presidente.

Zuleide entrou para o Comitê Central do PCB em 1987, no VIII Congresso. Fez parte do Movimento em Defesa do PCB, em 1992, cedendo sua casa para reunir o comando central da resistência à tentativa de liquidar o Partidão. No processo de Reconstrução Revolucionária, dividiu os trabalhos de direção nacional do Partido com Ivan Pinheiro, ocupando a Presidência, em sucessão ao camarada Horácio Macedo, até o ano de 2008. É dirigente do Comitê Central e mantém firme sua dedicada militância comunista, acreditando que as propostas do marxismo-leninismo são as únicas capazes de salvar a humanidade da barbárie imposta pelo capitalismo.