Mulheres da Revolução: Bolívia

imagemColetivo Femininista Classista Ana Montenegro – Alagoas

No dia 9 de abril resgatamos um importante fato na história da Bolívia e da América Latina como um todo. Nessa data, em 1952, a Revolução Boliviana, conduzida por milhares de trabalhadores e trabalhadoras, chegou ao seu auge. Esse processo, no entanto, iniciou muito antes com a organização sindical crescente de mineradores e camponeses.

A história da Bolívia foi marcada por grandes desigualdades desde sua colonização. De um lado estava a elite branca , latifundiária ou mineradora,  e de outro trabalhadores indígenas. Essa elite por sua vez, sempre esteve subalterna às potencias internacionais, especialmente os EUA. A economia desse país se baseava na exportação de minérios, principalmente estanho, o que o deixava dependente do mercado internacional.

Dessa forma, seus cenários político, econômico e social sempre estiveram suscetíveis a instabilidades com descontentamentos e mobilização popular, seguidas por sucessivas repressões militares e ditaduras.
O dia 9 de abril de 1952 representou a primeira Revolução de massas da América Latina. E, na frente de combate ao golpe militar que vinha se instaurando, estavam também mulheres mineradoras organizadas nos sindicatos. Em 1954, sob pressão de forças políticas contrárias aliadas aos EUA, houve enfraquecimento dos setores revolucionários e o fim da ordem estabelecida em 1952.

Embora tenha sido breve o período revolucionário, a resistência dos trabalhadores e trabalhadoras bolivianos permaneceu e permanece até hoje. A participação das mulheres foi essencial em todas as lutas. Na década de 1960 podemos dar destaque a Domitila Barrios de Chungara, mineradora que lutou para ampliação do espaço da mulher na participação sindical afirmando que “sem as mulheres, a Revolução fica pela metade”. Domitila foi responsável pela criação do Comitê das donas de casa, mulheres de mineiros, ligada à Central Operária Boliviana (COB), possibilitando a ruptura com a segregação das mulheres dentro dos sindicatos.  Em 1967 foi presa e brutalmente torturada pelo governo do general René Barrientos Ortuño.

Nesse mesmo período Loyola Guzmán lutou ao lado de Che Guevara, integrando o grupo guerrilheiro de Ñacahuazú contra o regime militar. Foi exilada e em 1983 fundou e participou da  Associação aos Detidos e Desaparecidos, que visava investigar os casos de desaparecimentos nos regimes militares na Bolívia.

A partir da década de 1980 começa a se articular o movimento cocalero, com destaque para as representantes Maria Eugenia Ledezma, Leonilda Zurita e Margarita Téran. Esse movimento, também de cunho social, vem juntamente com a necessidade da população indígena de resgatar e preservar sua cultura (contra a penalização do cultivo da coca) e deu origem ao MAS ( Movimiento al Socialismo), cujo dirigente foi Evo Morales.

Em todas as lutas na busca de um país mais justo, contra regimes repressivos e em favor do resgate da cultura do povo boliviano nativo, as mulheres tiveram participação fundamental, conquistando seu espaço, rompendo exclusões impostas pelo machismo e mostrando que, de fato, não se faz Revolução sem a mulher trabalhadora.

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