Comunicado das FARC sobre a prisão de Jesús Santrich

imagemFORÇA ALTERNATIVA REVOLUCIONÁRIA DO COMUM (FARC)

1.- Com a captura de nosso camarada Jesús Santrich, o processo de paz se encontra em seu ponto mais crítico e ameaça ser um verdadeiro fracasso. Aos manifestos descumprimentos por parte do Estado se agrega uma nova situação que já havíamos considerado desde que, no Congresso e por conta da perversa atuação da Procuradoria Geral, se iniciara o desmonte da Jurisdição Especial para a Paz.

2.- A detenção de Santrich faz parte de um plano orquestrado pelo Governo dos Estados Unidos com o apoio da Procuradoria colombiana, cujas últimas elaborações foram combinadas na recente visita do diretor do ente acusador ao país do norte, que ameaça estender-se a todo antigo comando das FARCS, com o propósito de decapitar a direção política de nosso Partido E sepultar os anseios de paz do povo colombiano. Além desta ignominiosa subordinação da justiça colombiana, é claro que estamos frente a outra armação da distorcida justiça estadunidense, como sucedeu com os processos julgados contra Simón Trinidad. Pretende-se extraditar e julgar Santrich pela alegada tentativa de cometer um crime ligado ao tráfico de drogas.

3.- Frente à evidência de que o negócio corporativo transnacional de cocaína, por seu próprio caráter, não poderia desaparecer com o Acordo de paz, tendo em vista que as FARC-EP não eram suas causadoras, e o negócio não apenas continuava como que adquiria renovados impulsos, era necessário encontrar um pretexto que justificasse a atualização da fracassada “guerra contra as drogas”. E não poderia ser outra que a retomada, contra nós, das falsas acusações de alegadas atividades criminosas, para impedir também o conquistado direito à participação política, incluída a representação no Congresso.

4.- Trata-se de uma péssima mensagem de falta de compromisso com o Acordo de Paz aos ex-guerrilheiros e ex-guerrilheiras que hoje se encontram nos Espaços Territoriais de Capacitação e Reincorporação, com quem, no fim de semana passado celebramos um exitoso encontro no qual se reafirmou a indeclinável vontade de construção da paz em meio a tanta adversidade. A todos eles e elas conclamamos a manter a calma, a não aceitar a provocação e a não permitir que a honra e a dignidade farianas continuem sendo profanados. É indiscutível que se pretende forçar à debandada do processo para justificar a continuidade da violência.

5.- Neste difícil momento no qual já se estabeleceu a sumária condenação da mídia, da maioria das direções políticas e da própria Presidência da República, chamamos a prestar solidariedade todos os setores da sociedade colombiana que têm apoiado os acordos. Que não cessem o empenho para impedir que o processo de paz seja jogado ao abismo. Exortamos a Presidência da JEP (Justiça Especial para a Paz) a que, em exercício de sua autonomia, faça cumprir os procedimentos assinalados no Artigo 19 transitório do Ato Legislativo 01 de 2017. Ao Presidente da República, que cumpra o acordo e a palavra empenhada, referendada recentemente; lhe solicitamos uma reunião de urgência.

6.- Aos países garantidores, Cuba e Noruega, à Segunda Missão das Nações Unidas, à União Europeia e, em geral, a toda a comunidade internacional, solicitamos seu acompanhamento e contribuição para garantir que se atendam com rigor os procedimentos da JEP; pedimos igualmente reunião urgente.

7.- A Jesús Santrich toda nossa solidariedade. Conhecemos sua vontade de ferro. Nosso apoio à greve de fome que iniciou e a seu chamado para que seja acompanhado pelos prisioneiros e prisioneiras de guerra que ainda se encontram nos cárceres do regime. Santrich não pode ser o troféu a se entregar a Trump em sua visita à Colômbia.

TEMOS CUMPRIDO E SEGUIREMOS CUMPRINDO!

LIBERDADE PARA JESÚS SANTRICH JÁ! SOMOS TODOS SANTRICH!