Dia Internacional do Jovem Trabalhador: nada a comemorar, um mundo novo para construir!

imagemEm 24 de abril comemora-se o dia internacional do Jovem Trabalhador,  data criada pela Organização Internacional do Trabalho com um discurso de “valorização do jovem e criação de novas oportunidades”.

As agências nacionais e internacionais também salientam que no mundo há espaço para contratação de jovens por serem mais “flexíveis”, “apaixonados”, apesar de não possuírem experiência. Na realidade, o que querem é o jovem recém formado para fazer a mesma função de um trabalhador experiente, só que pagando o salário de estagiário, ou seja, muito menos do que deveria.

Dos mais de 30 milhões de jovens entre 16 e 24 anos no Brasil, pelo menos dois terços já trabalham ou procuram trabalho, mais de 6 milhões estão desempregados. A taxa é mais que o dobro da média mundial (30% no Brasil e 13% no mundo).

Os números pioram ainda mais. Cerca de 35% (7 milhões) dos jovens ocupados não concluíram o ensino fundamental e outros 34,5% (6,9 milhões) têm, pelo menos, o ensino médio completo. Além disso, 24,45% dos jovens brasileiros (7,5 milhões) trabalham e estudam acumulando dupla jornada. A maioria recebe uma faixa baixíssima de remuneração, entre R$ 470,00 e R$ 1800,00. Sendo que ainda existem 3,3 milhões de jovens que não são remunerados pelo seu trabalho no Brasil. Sem pensar naqueles que são obrigados a embarcar no mundo do crime e da criminalidade ou que já foram presos (mais de 300 mil jovens estão encarcerados no Brasil, mais de 10% sem julgamento), ou chacinados.

No mundo, mais especialmente na América Latina e tendo o Brasil como um dos carros chefes, o mercado de trabalho tem se esfacelado, tornando-se uma malha amorfa de subempregos em condições cada vez mais desumanas de emprego e contratação. A crise do capital transformou o ambiente político na América Latina: os liberais e conservadores têm feito de tudo para voltar ao poder. Brasil, Honduras, Paraguai assistem a golpes palacianos. Argentina e outros diversos países veem rios de dinheiro sendo depositados nas eleições para a vitória da direita. Isso inaugura um período de contrarreformas que atacam os trabalhadores e (claro) os jovens trabalhadores. A flexibilização, terceirização, etc (que alguns chamam de uberização) estão na ordem do dia.

Em nosso país a reforma das leis trabalhistas retirou direitos do jovem trabalhador, a reforma da previdência (que a classe conseguiu adiar a custo de uma mobilização nacional ferrenha) tiraria a perspectiva da aposentadoria da juventude, que  vai ser prejudicada também com a reforma do ensino médio, a qual reduz as disciplinas de ciências sociais, implanta o obscurantismo e a repressão contra o ensino crítico e democrático.

O ambiente sombrio aponta que nossos filhos e netos terão também uma vida mais difícil que a nossa: já somos a primeira geração a receber menos que nossos pais, e o futuro se mostra com uma vida de pobreza, miséria, baixos salários, péssimas condições de vida, desemprego, saúde pública privada (quem não tiver dinheiro morre na porta do hospital); ensino também privado, onde só os ricos e poderosos terão educação de qualidade e poderão cursar uma universidade, além de uma juventude marginalizada, sem qualquer futuro, aliciada pelo banditismo e assassinada diariamente nas periferias.

No panorama acima temos a primeira opção, da aceitação e da barbárie. Porém, a história nos ensina que sempre há um segundo caminho contra a barbárie: a luta pelo socialismo.

Se pudéssemos falar de outra forma, deveríamos dizer que as tarefas da juventude em geral e da União da Juventude Comunista  em específico, para construir este outro caminho, poderiam ser definidas com uma só palavra: aprender.

Aprender a ser e a construir um outro mundo, na teoria e na prática, no enfrentamento e nas ideias, no cotidiano e nos nossos momentos históricos. Devemos ligar cada passo do nosso aprender (instrução, formal ou não) à luta incessante dos trabalhadores contra o mundo onde vivemos, contra a exploração do ser humano pelo ser humano. Contra este calamitoso futuro que se desenha.

Em outras palavras, devemos lembrar, no Dia do Jovem Trabalhador, que outro mundo é possível, que só a luta muda a vida e que nós como juventude temos muito a aprender e muito a (des)construir. Infelizmente a conjuntura não nos dá nada a comemorar, apenas um mundo novo para construir!