Boulos promete plebiscito para revogar os retrocessos

imagemPré-candidato do PSOL à Presidência, Guilherme Boulos afirmou, em entrevista exclusiva nos canais digitais da RedeTV! na segunda-feira (25), que, caso seja eleito, sua prioridade será acabar com as reformas feitas durante o governo de Michel Temer.

“Eu não vou governar de dentro do palácio. Ministro meu não ficar dentro de ministério, não. Vai trabalhar conversando com as pessoas. Olho no olho”

“Essa vai ser a nossa primeira medida. Primeiro de janeiro de 2019, nós vamos chamar um plebiscito para revogar os retrocessos desse governo, inclusive a emenda do teto de gastos, reforma trabalhista, entrega do pré-sal para as empresas estrangeiras, reforma do ensino médio – que foi feita sem dialogar com a sociedade”, declarou ele na terceira entrevista da série com os presidenciáveis exibida ao vivo no Facebook e YouTube da RedeTV!.

Entrevistado pelos jornalistas Mauro Tagliaferri e André Lucena, com a participação de internautas, Boulos defendeu a participação popular na tomada de boa parte das decisões políticas e sociais. “Democracia não é as pessoas apertarem um botão a cada quatro anos e depois irem para casa. E aí vai rever quatro anos depois para dizer se gostou ou não. Temos que aproximar o poder das pessoas. O povo tem que ser chamado a decidir nas questões fundamentais”, afirmou, acrescentando que, em sua gestão, esse tipo de votação seria feito com frequência.

Boulos ainda citou que é necessário acabar com a distância entre o povo e aqueles que decidem os caminhos do País por eles: “Se eu ganhar essas eleições, eu não vou governar de dentro do palácio. Ministro meu não ficar dentro de ministério, não. Vai trabalhar conversando com as pessoas. Olho no olho. Foi isso o que foi perdido. Hoje se criou um abismo entre Brasília e o Brasil. Nós temos que desfazer isso”.

“A bancada do PSOL são só seis, mas que fazem mais barulho do que sessenta porque não tem rabo preso”

O presidenciável também fez críticas ao Judiciário: “Ele se coloca como aquele que está acabando com a corrupção, mas se esqueceu de ver o próprio quintal. Tem juiz que é pego vendendo sentença e o que acontece com ele? Aposentadoria com salário integral. Todo juiz, inclusive esses que estão aí à frente da combate à corrupção na Lava Jato, recebendo salário acima do teto constitucional e auxílios. Isso tem que ser enfrentado. Não é razoável que um juiz ganhe 30 mil por mês e um professor ganhe 2 mil por mês. Esse não é o Brasil que a gente quer”.

Segurança Pública

Boulos destacou que a polícia brasileira é a que mais morre e a que mais mata. Para ele, portanto, a solução é mudar o modo de trabalho dos agentes e investir em inteligência: “Esse modelo que temos é caro, violento e ineficaz. Isso já está comprovado. Já fracassou. Nós temos que ter uma proposta do ciclo completo, que é uma única polícia civil que combine o papel preventivo e ostensivo com papel investigativo, que foque em inteligência”.

Com isso, ele afirma, seria mais fácil evitar as mortes violentas combatendo diretamente o tráfico de armas e munição: “É mais fácil comprar uma arma do que conseguir um emprego”.

Além disso, o presidenciável ainda fez críticas ao uso político da violência e afirmou que Jair Bolsonaro “está explorando o medo das pessoas”: “Temos que enfrentar com inteligência, investigação, integração de sistema. E isso que vamos fazer até para que a gente eviter o populismo em cima de corpos, como tem sido feita por esse cidadão – que grita, diz que vai distribuir armas, mas, na hora de debater, se esconde debaixo da mesa e está fugindo de todos os debates”.

Reforma tributária

“O mercado já definiu muita coisa. No meu governo [ele] não vai apitar, não. Nós não vamos governar pro mercado, não, vamos governar para o povo brasileiro”

Boulos defendeu também uma “profunda reforma tributária”, que cobre mais dos mais ricos. “Quem tem um carro, paga IPVA todo começo de ano. Quem tem um helicóptero, um jatinho, um iate não paga um real de imposto. Não é razoável”, justificou. “Temos que adotar a mesma aliquota do Imposto de Renda da Pessoa Física para taxar lucros e dividendos. Com isso, se estima que se arrecadaria R$ 60 bilhões ao ano”.

Em relação ao imposto sobre grandes fortunas, ele explicou que afetaria aqueles que não pagam nada: “Classe média já paga muito. Mercado já definiu muita coisa. No meu governo não vai apitar, não. Nós não vamos governar pro mercado, não, vamos governar para o povo brasileiro”.

Minha Casa, Minha Vida

Liderança do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), Boulos elogiou os méritos do início do programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida, mas disse que é preciso um projeto atualizado para a população. “Reproduziu uma velha lógica de representar cidade. Historicamente, os mais pobres foram sempre jogados para mais longe e assim se formando periferias, só que a geração de empregos continua nas regiões mais centrais”, explicou, acrescentando que isso agrava o problema da mobilidade e, em consequência, a qualidade de vida e dos serviços urbanos.

“Precisamos retomar o investimento em habitação no Brasil, porque o Temer secou esses investimentos e o Minha Casa, Minha Vida virou linha de crédito imobiliário. Só tem disponível para aqueles que já têm condições de obter um financiamento no banco”

“Estamos propondo algo mais ambicioso. Precisamos retomar o investimento em habitação no Brasil, porque o Temer secou esses investimentos e o Minha Casa, Minha Vida virou linha de crédito imobiliário. Só tem disponível para aqueles que já têm condições de obter um financiamento no banco. Os mais pobres, aqueles que ganham um ou dois salários mínimos, esses não têm condições de entrar num banco e pegar um crédito”, completou, dando o nome “Meu Bairro, Minha Vida” para a sua visão de projeto.

Ainda na questão moradia, Boulos defendeu o uso social de imóveis abandonados: “E isso passa por levar a população mais pobre para morar nas regiões centrais. Vamos rever essa lógica. Existem inúmeros imóveis abandonados no centro, alguns são do poder público e outros poderiam ser desapropriados pela lei do estatuto das cidades. Então desapropriar, requalificar e transformá-los em moradias sociais”.

Num partido que conta com apenas meia dúzia de parlamentares no Congresso, Boulos provocou: “A bancada do PSOL são só seis, mas que fazem mais barulho do que sessenta porque não têm rabo preso”.

Veja a íntegra da entrevista:

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