Camarada Jaime Carimbé, presente!

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É com profundo pesar que o Comitê Regional do Partido Comunista Brasileiro (PCB) no Ceará vem a público comunicar o falecimento do camarada Jaime Oliveira, também conhecido como Jaime Carimbé, nesta quinta-feira, 17 de janeiro de 2019, aos 84 anos, em Fortaleza.

Natural do Crato, Jaime entrou nas fileiras da Juventude Comunista na década de 50, na região do Cariri cearense. Sem abandonar a militância desde então, chegou a ser motorista de Luiz Carlos Prestes e acompanhou-o na ruptura da carta aos comunistas, retornando ao Partido em 2013. Durante a inauguração da nova sede do PCB em Fortaleza, em agosto de 2017, Jaime recebeu homenagens da direção pelo seu histórico de combatividade e de compromisso com a causa do proletariado. Apesar dos problemas de saúde, Jaime nunca deixou a militância comunista, recebendo em outubro do ano passado a visita de uma comitiva da direção estadual, que lhe entregou os materiais da campanha da Frente de Esquerda Socialista.

Jaime nos mostrou o exemplo de que a luta é por toda a vida, forjando na juventude o espírito de que a revolução é possível, desde que a militância esteja convicta e confessa em suas tarefas rumo ao socialismo. Camarada Jaime presente agora e sempre!

Como um soldado, preparado pra luta a qualquer hora

(Entrevista concedida por Jaime em 2015 para o encarte estadual do Jornal O Poder Popular)

De início, Jaime falou dos momentos delicados após a posse de João Goulart, o Jango. “Prepararam o golpe dizendo que era contra a subversão e a corrupção. Na verdade eles deram uma despeitada com o Jango porque ele era um elemento da classe alta que se reunia com os trabalhadores e eles não se conformavam com isso.”

Após apresentar-se ao Comitê Central no Rio de Janeiro, foi levado à Duque de Caxias, para ser um dos motoristas de Luís Carlos Prestes. “Fiz o teste, tinha carteira de motorista e fiquei como motorista reserva e segurança. Éramos dois, um dirigia pela manhã e eu dirigia de meio-dia pela tarde.”

Para Jaime, a rotina era tranquila, apesar de toda a tensão política daquele momento. “A gente ia de manhã, pegava ele em casa pra vir pro escritório da Cinelândia. Ele ficava na reunião e a gente ficava um pouco folgado. Dava a hora do almoço e ia pra casa ou então fazia alguma visita, até o final do dia.”. Jaime conta que Prestes não era carrancudo, mas falava pouco. “A cabeça era no Partido.”

Mas a tranquilidade se esvaecia na medida em que as tensões políticas aumentavam, além da disputa interna que culminaria na tentativa de liquidar o partido em 1992.  “Fizeram uma manobra, mandaram o camarada Prestes pra União Soviética e com a saída dele, o destituíram. Aí quando ele voltou, nós criamos o grupo de apoio ao camarada Prestes”.

Pensando na juventude de hoje, Jaime afirma a importância de lutar. “Essa juventude tem que ingressar na luta porque do contrário vai ter uma vida vazia”. Jaime termina a entrevista falando do papel da juventude no processo revolucionário, na construção do poder popular. “Pra tomada do poder mesmo só vai na luta e é preciso pegar com unhas e dentes, porque se cochilar o cachimbo cai.”

Comitê Regional do PCB Ceará

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