França: trabalhadores lutam contra fechamento de fábrica da Ford

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A Central Sindical CGT, em manifestação pública, exigiu a encampação da fábrica da Ford de Blanquefort, fechada pela multinacional, e o reembolso da ajuda pública que a Ford recebeu, sem qualquer contrapartida, segundo o jornal L´Humanité, de 27 de fevereiro de 2019.

O governo francês tomou conhecimento da decisão da empresa na última segunda-feira, dia 25. Ao mesmo tempo, a CGT conclamou o governo a encampar a empresa, para evitar a perda de 800 empregos diretos e preservar a atividade industrial na região. O representante da Central Sindical Philippe Poutou conclamou o Estado a enfrentar realmente a multinacional e sua sua lógica destrutiva e antissocial.

A Ford havia recebido 15 milhões de euros de ajuda do Estado, nos últimos anos, para manter-se em operação. Para o ministro da Economia, Bruno Mayor, o comportamento do fabricante americano foi indigno, e a Ford deve pagar o que deve aos funcionários e propôs que o plano social seja o mais sólido possível para todos.

Diante dessas injustiças, a CGT exigiu a restituição da ajuda pública recebida pela multinacional nos últimos anos.

Bruno Questel, vice-presidente do grupo “República em Marcha” da Assembleia Nacional, disse que estava pronto para trabalhar na aprovação de uma lei que exija da empresa a devolução total ou em parte do dinheiro para ser usado na modernização da planta e na requalificação dos trabalhadores. A CGT declara que seguirá lutando e considera que ainda há chances de salvar um pedaço da planta e muitos empregos.

O fechamento da fábrica da Ford na França se soma ao recente fechamento da planta da mesma empresa em São Bernardo do Campo, em São Paulo, que deixou três mil trabalhadores sem emprego. É parte de um movimento de ajuste e reposicionamento da Ford no mercado mundial, onde enfrenta uma dura concorrência com outras montadoras multinacionais. No Brasil, o fechamento da fábrica da Ford reafirma, também, a tendência de desindustrialização que vem ocorrendo nas últimas décadas, no país, em paralelo à descomplexificação da produção industrial brasileira.

O pano de fundo do conflito com os trabalhadores, na França e no Brasil, é a relação de subserviência dos Estados às multinacionais e à lógica do capitalismo internacionalizado. Lá e aqui, as grandes empresas recebem recursos públicos e vantagens diversas, como isenções fiscais e obras de infraestrutura financiadas pelo Estado, proporcionando-lhes altíssimas margens de lucro sem qualquer exigência de contrapartidas diretas em benefício dos trabalhadores e da sociedade em geral.

Essa é a tendência do capitalismo, desde os seus primórdios e mais acentuada na atualidade, em que os proprietários dos grandes grupos e seus beneficiários se apossam do Estado, usando-o como instrumento a serviço apenas de seus interesses, eliminando ou minimizando as mediações com os interesses e demandas dos trabalhadores, a maioria da sociedade.

O centro da luta, nesse momento, na França e no Brasil, é a retomada da produção com a estatização das plantas produtivas ou sua encampação pelos próprios trabalhadores, em cooperativas, para que a produção possa continuar e os empregos sejam garantidos e até expandidos por conta da redução da necessidade de obtenção de lucros ultra elevados.

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

Fonte: https://www.humanite.fr/industrie-ford-blanquefort-la-cgt-met-la-pression-sur-bercy-668625