Greve geral na França convocada pelos sindicatos

imagemParis, 19 mar (Prensa Latina)

Organizações sindicais e estudantis convocaram uma greve geral para hoje na França com o objetivo de se expressar contra o governo e exigir maior justiça social.

O chamado foi lançado pelos sindicatos Confederação Geral do Trabalho, Força Operária e Solidários, e as organizações estudantis UNL e Unef.

A convocação afirma que os anúncios feitos pelo presidente Emmanuel Macron e seu Governo não respondem às expectativas do movimento social, pois o preço dos produtos de primeira necessidade continua aumentando, se mantém a isenção do imposto sobre as fortunas para favorecer os ricos, entre outras questões similares.

O texto agrega que a mobilização está dirigida a exigir ‘o aumento dos salários, das pensões e das assistências sociais, a igualdade entre homens e mulheres, e um verdadeiro direito à educação e à formação’.

‘Trata-se de reforçar nossa proteção social e nosso sistema solidário de aposentadoria’, indica.

O protesto será o segundo do ano convocado pelos sindicatos, depois de um primeiro realizado em 5 de fevereiro, do qual participaram mais de 300 mil pessoas em todo o país.

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Greve geral na França: coletes amarelos e sindicatos convergem contra Macron ESQUERDA DIÁRIO

Diego Sacchi

A greve geral convocada pelos principais sindicatos franceses foi sentida desde a madrugada desta terça-feira com piquetes nos locais de trabalho, bloqueios nas universidades e paralisações nos setores de transporte.

A greve nacional de vinte e quatro horas e as manifestações são a primeira medida chamada pelas direções dos sindicatos para enfrentar o governo Macron, e elas chegam depois que os coletes amarelos mantiveram as mobilizações por doze sábados consecutivos.

Segundo os dirigentes da CGT francesa, esta é a primeira “terça-feira da emergência social” e se propõem a reiterar a medida toda semana em resposta ao “grande debate nacional” organizado pelo presidente Macron. A direção dessa central sindical assegura que compartilharão as demandas dos “coletes amarelos”, como o aumento do salário mínimo, a reforma tributária, a recuperação do imposto solidário sobre a riqueza (ISF), o desenvolvimento dos serviços públicos e o rechaço à repressão policial contra manifestações.

A verdade é que o apelo das direções sindicais à “convergência de lutas” com os “coletes amarelos” ainda não passou, até o momento, das palavras. Enquanto sindicatos regionais, sindicalistas, organizações estudantis e setores de coletes amarelos, incluindo algumas figuras importantes como Eric Drouet, manifestaram e pediram a unificação das lutas, as direções sindicais só convocaram medidas isoladas.

Em várias regiões da França, já houve experiências comuns dos “coletes amarelos” e dos “coletes vermelhos” (como os trabalhadores são chamados pela cor dos coletes que leva a sigla de suas organizações sindicais).

Nesta terça, manifestações, greves e bloqueios organizados em comum por coletes amarelos e vermelhos são vistos em todo o país. Muito ilustrativa dessa unidade estratégica é a experiência que ocorreu em Châteauroux, no Indre. Um panfleto distribuído pela CGT na véspera do protesto dizia: “Todos juntos em greve e em protesto: No sábado, 2 de fevereiro de 2019 coletes vermelhos e coletes amarelos às 14h no post Saint-Gildas em Châteauroux. Terça, 5 de fevereiro de 2019, a UD CGT Indre convoca a greve e a manifestação às 10h na República em Châteauroux.” O ponto de convergência entre os dois setores foi a reivindicação dos trabalhadores mais pobres e mais precários.

Uma terça feira de bloqueios e manifestações

Desde as primeiras horas de terça-feira que se começou a ver os sinais da jornada de luta. No mercado internacional de Rungis, na região de Paris, centenas de “coletes amarelos” e manifestantes com bandeiras da CGT bloquearam o ingresso para o mesmo.

Mais de 160 manifestações, bloqueios e ações foram organizados em toda a França. Em Paris e as principais cidades são realizadas manifestações, enquanto os ferroviários paralisaram o serviço de trens até as primeiras horas de quarta-feira.

A greve também é sentida em universidades e outros estabelecimentos de ensino. O sindicato SUD chamou a equipe de funcionários “do jardim de infância à universidade” para participar da greve geral contra as medidas do governo que afetam o setor e em apoio às demandas dos coletes amarelos. A Federação Sindical Unitária (FSU), a principal federação de educação, também faz parte deste dia de mobilização interprofissional.

Várias organizações estudantis juntaram-se ao protesto para protestar contra a reforma da escola secundária, que “reforça mais do que nunca as desigualdades escolares e contra o aumento das taxas de matrícula para estudantes estrangeiros”. Várias universidades em todo o país amanheceram bloqueadas para garantir a paralisação, incluindo a emblemática Universidade de Sorbonne, em Paris.

O governo de Macron apostou tudo para militarizar e criminalizar protestos em resposta à crescente insatisfação com as suas medidas econômicas. O dia da greve nesta terça começa a mostrar a possibilidade de dar uma resposta forte com manifestações, greves e bloqueios, e mostra o melhor para vencer.

Para conseguir que a convergência entre os coletes amarelos e os coletes vermelhos se torne uma força capaz de derrotar o governo, o primeiro obstáculo a ser superado é a ação das direções sindicais que impõem limites, primeiro deixando passarem semanas sem convocar medidas de luta e agora limitando a greve sem dar continuidade.

As experiências de auto-organização e coordenação democrática por parte da base, as decisões das assembleias que reúnem coletes amarelos e trabalhadores em greve, a expansão das lutas, a organização dos sindicatos de greve começam a mostrar a possibilidade de desenvolver o poder do movimento de protesto. Na possibilidade de desenvolvimento e extensão dessas experiências é que se encontra a força para impor uma derrota definitiva em Macron.

http://www.esquerdadiario.com.br/Greve-geral-na-Franca-coletes-amarelos-e-sindicatos-convergem-contra-Macron

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