Basta de racismo! Liberdade para o DJ Rennan da Penha!

imagemColetivo Negro Minervino de Oliveira – RJ

A justiça burguesa do Rio de Janeiro, mantendo seu caráter de classe e expressando mais uma vez o seu racismo institucional, novamente determina a prisão de um artista de favela e do funk carioca. Rennan Da Penha é o DJ de maior expressão no território fluminense hoje. Há pelo menos dois anos ele tem movimentando a cultura negra e favelada de forma que colocou no mapa do Brasil a Vila Cruzeiro e o bairro da Penha. O baile da Gaiola hoje é o maior baile do Rio de Janeiro. Um dos maiores pontos de cultura da cidade e que tem movimentado multidões dentro de um dos maiores complexos de favela da cidade. Levando lazer, cultura e diversidade para becos e vielas, além de movimentar economicamente os bares, barracas, comércio no geral dentro da Vila da Penha.

Nesse sentido, a prisão de Rennan e de mais 10 envolvidos com o Baile, não é mais um caso isolado. Pelo contrário, é mais uma das prisões arbitrárias feitas aos profissionais do funk. O funk, enquanto gênero musical e movimento cultural, sofre perseguições de governos atrás de governos no Estado do RJ. Não é a primeira vez e nem será a última, lembrando que Mc Smith, Tikao, Frank, Max e Didô foram presos em 2010 com acusações parecidas com as de Rennan.

As acusações são as mais genéricas possíveis. “Associação ao tráfico” é a forma descarada e racista que o Estado usa para acusar qualquer morador de favela por simplesmente ser de cria de onde é. Há quase 100 dias de governo Witzel, vemos que a proposta do governo é acabar com a cultura de periferia no nosso RJ e dar continuidade a uma política de militarização da vida, utilizando as UPPs novamente para a repressão. Já não bastam os ataques ostensivos com caveirões e helicópteros a moradores; a produção cultural e o lazer 0800 (gratuito) também não podem existir. Logo, o jovem favelado, o morador de favela precisa pagar mais de 50 reais para curtir qualquer tipo de entretenimento cultural fora da sua área de vivência. É a lógica perversa do mercado selvagem sobre a cultura popular e de comunidade.

Além disso, uma das acusações infundadas é que Rennan teria avisado em grupos de Whatsapp que o caveirão estaria subindo a favela em que mora. Isto é, nada mais que ser um morador de favela como todos os outros que convivem diariamente com a violência policial na porta da sua casa. O STF negou o pedido de habeas corpus proposto pela defesa do DJ, mostrando outra vez que para jovens negros ela não está disponível, já para as festas regadas a entorpecentes variados como nas raves, onde há a presença majoritária de jovens brancos pequeno burgueses, não há qualquer tipo de avanço do Estado racista sobre eles, pelo contrário, muitos são filhos de desembargadores e da burguesia carioca. Isso evidencia e escancara novamente o caráter branco e burguês do nosso Estado, o fenômeno da branquitude sendo exercido sempre da forma mais agressiva contra o povo negro trabalhador e aliviando para os plaboys.

O Coletivo Negro Minervino de Oliveira se soma na luta pela liberdade do DJ Rennan Da Penha, compreendendo a importância do trabalho cultural do artista de favela para a sua comunidade e consequentemente defendemos a produção de cultura negra do nosso povo, tendo liberdade para expor as contradições do mundo capitalista que utiliza a estrutura racista para impor o pior dos mundos para nossa população. Estaremos juntos na luta pela liberdade de todos os artistas de favela e contra a criminalização do funk, das manifestações culturais negras e contra a violência policial e do Estado contra trabalhadores e trabalhadoras dentro de suas casas.

Também convocamos para o ato que está sendo organizado pela liberdade do Rennan que será em frente ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro no próximo dia 28 de Março a partir das 17 horas da tarde.

Todo poder ao povo negro, pelo poder popular!!!

CNMO/RJ

#LIBERDADERENNANDAPENHA #DEIXAEUDANÇAR