A greve dos motoristas da Uber e a luta contra o capital

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Conforme informações veiculadas pela grande imprensa, teve início nesta quarta, dia 08, uma paralisação mundial dos motoristas da Uber e outras empresas do gênero, como a 99 e a Cabify, com início à meia-noite, quando os aparelhos foram desligados, com duração provável até quinta, dia 09. Também foram convocadas manifestações de rua. O movimento está sendo referenciado como “Uber off” e acontece no momento em que a Uber lança suas ações na Bolsa de Valores.

Segundo a AMASP – Associação dos Motoristas de São Paulo –, no caso do Brasil a situação dos motoristas é agravada, pois, além das baixas tarifas e da baixa remuneração recebida, a política governamental provoca o alto preço dos combustíveis, o que obriga os profissionais a se submeterem a longas jornadas de trabalho e a “economizar” com a manutenção dos veículos para garantir algum ganho. O último reajuste do pagamento dos motoristas foi implementado há três anos, e deveria ser de pelo menos 30%, segundo a AMASP.

O caso dos motoristas da Uber representa uma das novas formas de superexploração do trabalho, tendo dado origem a expressões como “uberização do trabalho” e “ubercapitalismo”. A contratação por aplicativos é uma das formas de superexploração e inclui diversos outros serviços, como os de entrega de encomendas e serviços para restaurantes. Tem, como características principais, a ausência de direitos e garantias trabalhistas e as baixas taxas de remuneração. Em muitos casos, o trabalhador não chega nem mesmo a conhecer pessoalmente seus patrões.

A greve é uma decorrência do processo de tomada de consciência e de melhor organização desse conjunto de profissionais. A visão de que esse tipo de relação de trabalho viria para dinamizar a economia e permitir ganhos extras para os trabalhadores há muito caiu por terra, superada pela dura realidade de redução da oferta de empregos formais, de desemprego e subemprego enfrentada por milhões, em todo o mundo. Uma realidade gerada pela natureza do capitalismo, que tende a concentrar-se em empresas cada vez maiores, desempregando milhares a cada nova fusão ou aquisição, com a introdução de mais tecnologia na produção, que igualmente reduz o número de postos de trabalho. Além disso, governos e capitalistas promovem políticas de ajuste liberal que retiram direitos e garantias dos trabalhadores – como os direitos trabalhistas e previdenciários – para facilitar a acumulação de capital pelas empresas.

A mobilização dos profissionais do setor é uma prova de que as contradições provocadas pelo sistema capitalista podem contribuir para fazer avançar a consciência de classe das camadas exploradas, desde que estes momentos de luta e de resistência à exploração, por melhor remuneração e melhores condições de vida e trabalho sejam acompanhados de um processo permanente de organização e de esclarecimento acerca das artimanhas do capital no cotidiano dos trabalhadores.

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