Viva a nova Carta Magna Boliviana

O importante é que a nova constituição não seja algo que se possa meter no bolso, nem apenas uma elegante edição para pavonear-se com ela por aí. Ainda que se tenha ganhado a maioria para a aprovação da Nova Constituição Política do Estado, esta ainda tem que ser assumida pelas massas como algo que lhe pertence, sobretudo pelos trabalhadores do campo e da cidade, pela intelectualidade avançada e pela juventude.

Os que votaram contra (38%) em sua grande maioria o fizeram, estamos seguros, sob a influência das poderosas baterias propagandísticas da direita. A estas pessoas é preciso lhes ajudar a assimilar todo o conteúdo positivo da nova Carta Magna, contribuir na superação dos preconceitos e, sobretudo, retirar de suas mentes as falsidades e os temores que lhes venderam. É preciso derrotar a campanha perversa de certos padres e seus meios que, apelando aos sinceros sentimentos religiosos das pessoas pouco informadas, querem reduzir o valor da nova Carta Magna, que é pluralista e respeitosa dos credos.

É difícil resumir a essência e o valor da Nova Constituição Política do Estado, por isso nos limitamos a assinalar que é um importante passo à frente em muitas matérias para o desenvolvimento histórico nacional: reafirma e consolida o domínio do povo e do Estado bolivianos sobre seus recursos naturais e suas empresas estratégicas; busca liquidar o latifúndio e suas odiosas consequências sociais; defende os direitos dos trabalhadores e, no plano internacional, assume uma política de paz, de integração latino-americana e de plena soberania. Em suma, busca fazer da Bolívia um país de iguais, democrático e solidário, e busca o bem-estar geral. Não é perfeita, mas pode ser melhorada. Não é socialista, mas é uma boa plataforma para a libertação nacional.

Que ela queira tomar casas, bens, a guarda dos filhos, proibir as religiões, etc. são imensos disparates. A essência do assunto está em como efetivá-la na vida social. Para isso, o carro-chefe que conduz o processo deve superar todos os obstáculos. Os inimigos aproveitarão qualquer resquício, qualquer fissura, qualquer debilidade e até qualquer fato ou acontecimento ocasional para impedi-lo.

* Marcos Domich é membro da Comissão Política do Partido Comunista Boliviano (PCB).

(tradução de Rodrigo Oliveira Fonseca)

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