Hebron: greve geral contra planos de Israel

imagemUma loja fechada em Hebron durante a greve geral de protesto contra o plano israelense de construção de um novo colonato na cidadeCréditos / Middle East Eye

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A população palestina de Hebron (Al-Khalil), na Cisjordânia ocupada, aderiu de forma massiva, nesta segunda-feira, à greve geral de protesto contra os planos de Israel de construir um novo colonato na cidade.

Lojas, escolas, instituições municipais e governamentais mantiveram-se fechadas – comunicam a agência Wafa e o portal palinfo.com – no contexto da greve geral do dia 09/12, que foi convocada pelo Movimento de Libertação Nacional da Palestina – Fatah, predominante na Autoridade Palestina.

A paralisação foi acompanhada por protestos, sobretudo na zona de Bab al-Zawiya, que as forças israelenses reprimiram com gás lacrimogêneo. Como consequência, dezenas de pessoas sofreram os efeitos da inalação do gás.

A greve surgiu na sequência da aprovação em 1° de dezembro último, pelo ministro israelense da Defesa, Naftali Bennett, de um novo colonato em Hebron, com a construção de 70 apartamentos, que poderiam duplicar a população de colonos israelenses na cidade.

Então, o secretário-geral do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erekat, afirmou na sua conta de Twitter que «a decisão de Israel de construir um novo colonato ilegal na [cidade de] Hebron ocupada é o primeiro resultado palpável da decisão norte-americana de legitimar a colonização», tendo sublinhado que a medida «não pode ser retirada do contexto [da] anexação».

EUA deixam de considerar «ilegais» colonatos israelenses

As observações de Erekat aludem ao fato de, no passado dia 18 de novembro, o secretário norte-americano de Estado, Mike Pompeo, ter afirmado que «a criação de colonatos civis israelenses na Cisjordânia não é, por si só, inconsistente com o direito internacional», reconhecendo desse modo como «legal» o expansionismo sionista em Jerusalém e na Margem Ocidental.

A cidade de Hebron – lembra o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) – está dividida em duas áreas: a H1, controlada pela Autoridade Palestina, que compreende cerca de 80% da cidade e onde vivem cerca de 175 mil palestinos; e a H2, controlada por Israel, onde cerca de 800 colonos judeus israelenses, particularmente violentos, vivem no meio de cerca de 40 mil palestinos.

Eduardo Bolsonaro visitou um colonato na Cisjordânia ocupada

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A diplomacia palestina denunciou, na semana passada, a visita recente de um dos filhos do presidente brasileiro ao colonato israelense de Psagot como «flagrante violação do direito internacional».O deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, visita um colonato e reúne-se com soldados israelitas (5 de Dezembro de 2019) O deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, visita um colonato e reúne-se com soldados israelitas (5 de dezembro de 2019) Créditos / HispanTV

A visita de Eduardo Bolsonaro ao colonato de Psagot, na região central da Cisjordânia ocupada, ocorre depois de, no passado dia 18 de novembro, a administração norte-americana ter declarado, pela voz do seu secretário de Estado, Mike Pompeo, que «a criação de colonatos civis israelenses na Cisjordânia não é, por si só, inconsistente com o direito internacional».

Em declarações à imprensa, Hanan Jarrar, responsável do Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros para as Américas e as Caraíbas, sublinhou que os colonatos israelenses são considerados «ilegais» e «ilegítimos» em nível internacional.

Neste sentido, classificou a visita do filho do mandatário brasileiro, Jair Bolsonaro, a Psagot como uma «violação flagrante do direito internacional», bem como das resoluções aprovadas pelo Conselho de Segurança e a Assembleia Geral das Nações Unidas sobre esta matéria, informam a HispanTV e a PressTV.

Palestinos protestam contra mudança de política dos EUA sobre colonatos

O Ministério palestino dos Negócios Estrangeiros decidiu ainda convocar o embaixador brasileiro na Palestina, Francisco Mauro Brasil de Holanda, para lhe comunicar o desagrado do país com estes fatos.

A diplomata afirmou que a atitude pro-israelense de Eduardo Bolsonaro, deputado federal pelo Rio de Janeiro, «não reflete a imagem do Brasil, mas pode pôr em risco as relações bilaterais entre a Palestina e o Brasil», que Ramallah está interessada em manter.

Bolsonaro pai também é muito pró-Israel

Em novembro do ano passado, antes de ser eleito, Jair Bolsonaro disse ter a intenção de mudar a Embaixada do Brasil de Telavive para Jerusalém. No final de março, o já presidente brasileiro, determinado a reforçar os laços com Benjamin Netanyahu e a cooperação nas áreas da segurança e da defesa, abriu uma representação diplomática em Jerusalém.

Naquela altura, o diário Haaretz informou que Netanyahu estaria disposto a avançar nessa cooperação a troco da mudança da embaixada brasileira para Jerusalém, que Bolsonaro deixou pairando como possibilidade na visita oficial a Israel.

Atualmente, mais de 600 mil israelenses vivem em cerca de 230 colonatos nos territórios palestinos da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental, ocupados desde 1967. Estes colonatos são considerados ilegais à luz do direito internacional, nomeadamente da IV Convenção de Genebra e da resolução 2334 do Conselho de Segurança da ONU.

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