Petroleiros em greve por direitos e contra privatizações

imagemCONSTRUIR A GREVE PETROLEIRA PARA DERROTAR A PRIVATIZAÇÃO DA PETROBRAS E DEMAIS ESTATAIS!

Unidade Classista dos Petroleiros

Nós da Unidade Classista saudamos calorosamente a greve petroleira e nos somamos aos lutadores da Petrobras que não poupam esforços para construí-la, de maneira bravia, em função de enfrentarmos tempos sombrios de arbitrariedade repressiva de um governo com elementos claramente fascistizantes e ultraliberais. O governo de Bolsonaro, Guedes, Mourão e Moro, dentre tantos outros inimigos do povo e do Brasil, possui um projeto de privatização e desnacionalização de nossas empresas públicas e estatais, de nossas reservas estratégicas de petróleo (e todo seu segmento produtivo) e demais riquezas naturais. Essa política entreguista, que apesar de vir de longa data, foi brutalmente intensificada nos últimos anos e já apresenta resultados catastróficos para economia da nação e sobretudo das famílias dos trabalhadores brasileiros.

Internamente, na Petrobras, vivemos uma tragédia gradativa, com demissões em massa, rebaixamento salarial, supressão dos direitos e benefícios conquistados (como plano de saúde e de previdência), precarização das condições de trabalho e de segurança das instalações petrolíferas.

Agentes de mercado que tomaram de assalto postos de alta gestão da Petrobras, entrando pela janela sem compromisso com a missão e a História da companhia, atuam de maneira criminosa. Entregaram para a concorrência nossa estratégica malha de gasodutos por preços irrisórios, sendo que a própria Petrobras é obrigada a usá-la para escoar sua produção pagando aluguel caríssimo. Em um caso escandaloso (gasodutos NTS), em aproximadamente meros 18 meses, gastamos de aluguel aquilo que arrecadamos com sua venda. É como se um taxista vendesse seu táxi por R$ 18 mil e passasse a pagar mil reais por mês de aluguel para continuar trabalhando com ele!

Não bastasse isso, mais recentemente entregaram de bandeja a segunda maior empresa brasileira em termos de faturamento: A BR Distribuidora. Essa privatização, além de demitir da noite para o dia milhares de petroleiros (concursados ou terceirizados) coloca a população brasileira totalmente refém de grupos de interesse privado, uma vez que o governo perdeu de vez o controle de distribuição e do preço de combustíveis.

Todo esse processo é facilitado com a implantação da absurda política de preços de combustíveis e gás de cozinha ancorada na cotação internacional do petróleo, apesar de sermos capazes de produzi-los internamente com um preço de custo significativamente inferior. Essa metodologia pró-concorrentes fez perdermos em poucos meses fatia de cerca de 20% de mercado, viabilizando a importação destes produtos pelas corporações privadas. Tudo isso enquanto gerava ociosidade de por volta de 25% da capacidade de nossas refinarias. Quem mais sofre é a população trabalhadora, que paga caríssimo pelo diesel, gasolina e gás de cozinha. Essas altas refletem em inflação em praticamente todos os artigos de consumo, pois aumentam o custo de frete.

O nosso Pré-sal, que representa a maior descoberta de reservas de petróleo das últimas décadas e poderia ter sua renda posta a serviço de avanços sociais para os trabalhadores, já está sendo partilhado entre empresas petrolíferas estrangeiras em leilões e “parcerias estratégicas” entre a galinha e a raposa.

Nada disso é por acaso, a mentalidade destes privatistas tem a atrofia como um projeto, quebrando a capacidade da engenharia e pesquisa nacional, desmontando estaleiros, paralisando grandes obras e toda a cadeia produtiva agregada ao segmento de petróleo. Com isso, perdemos milhares de empregos e caminhamos a olhos vistos no sentido do subdesenvolvimento e desindustrialização, praticamente entrando em novo ciclo colonial, de exportação de matéria-prima (como o petróleo cru), enquanto prometem entregar as refinarias para os gringos. Este governo nos empurra para o fim da nossa soberania energética.

Paulo Guedes, Salim Mattar e Castello Branco, braços direitos neoliberais de Bolsonaro, querem entregar 8 de nossas 13 refinarias em breve. Caso essa tragédia seja consumada, a tendência é que os preços de combustíveis e demais derivados de petróleo explodam de vez, pois passaremos boa parte da nossa capacidade produtiva para um cartel privado internacional ganancioso, que visa somente os lucros.

Estamos num cenário que se configura como um verdadeiro barril de pólvora. Em função da nova orientação do lucro acima de tudo, alertamos para os riscos de acidentes de grandes proporções, com impacto ambiental, de saúde e mesmo de mortes para população brasileira. Tomemos como triste exemplo as tragédias da Vale privatizada: O rompimento das barreiras de Mariana e Brumadinho.

Após a entrega de duas fábricas de fertilizantes do Nordeste para a sanha privatista, a gota d´água foi a recente desativação de uma terceira, a Araucária Nitrogenados, no Paraná, todas do grupo Petrobras. Cinicamente, uma gestão que prometia há alguns meses não fazer demissões em massa, anunciou neste episódio jogar no olho da rua cerca de 400 trabalhadores próprios mais 600 terceirizados! As demissões vão crescendo aos milhares, enquanto, nesse caso, nossa soberania alimentar também se vê ameaçada, uma vez que os fertilizantes são insumos cruciais para a agricultura.

Absurdamente, quando as representações sindicais buscam negociações para evitar o pior, essa gestão os trata como inimigos a serem combatidos, com extrema truculência. Algo análogo acontece no dia a dia do petroleiro, que sofre com assédio, pressão e ameaças de perdas financeiras, de direitos e mesmo do emprego.

Os privatistas não estão dispostos a negociar com a categoria, mas sim impor seu projeto. Assim foi a dinâmica da última campanha de acordo coletivo, e ainda pior tem sido para tratar temas que ficaram pendentes de negociação, como a PLR, tabelas de turnos e banco de horas. As ameaças e retaliações explícitas que fazem aos representantes sindicais da FUP que ocuparam uma sala no EDISE apenas para abrir um canal de negociação são ultrajantes! A prática antissindical deve ser combatida energicamente e as lideranças atingidas receberão nossa solidariedade militante.

Tudo isso acontece enquanto prometem remunerar com bilhões de dólares os acionistas estrangeiros de Nova Iorque nos próximos anos e querem pôr em prática um plano de distribuição de prêmio anual que vai pagar, de uma vez só, quase 2 milhões para o presidente Castello Branco (sem contar seu salário mensal de mais de R$ 150 mil), numa autorremuneração vergonhosa, enquanto o trabalhador sem função gratificada não receberá quase nada.

Ao fim e ao cabo, é essa a discussão fundamental a ser feita: Como iremos distribuir a extraordinária renda petroleira que conseguimos gerar com muito suor dos trabalhadores? Remunerando o capital ou o trabalho? As condições de vida do trabalhador brasileiro podem ser muito elevadas se essa renda servir para nos desenvolver social e economicamente.

Precisamos deter as privatizações, e a hora é agora! É errado o raciocínio de que a greve pode dar argumentos para o governo acelerar esse processo jogando a população contra nós. Na realidade, pesquisas recentes comprovam que a grande maioria da população defende e Petrobras estatal. Ficar parado, “se fingindo de morto” não fará efeito algum. Somente uma greve vai permitir abrir um canal de diálogo com a sociedade, que está com muitos motivos para se revoltar contra o governo, para explicarmos o que está acontecendo e colocar Bolsonaro na defensiva, em xeque novamente.

A greve petroleira já é uma realidade! Não param de chegar informes animadores de adesões nas refinarias e outras unidades produtivas ao redor do país! Em breve as plataformas de petróleo também entrarão no movimento paredista!

Convocamos os trabalhadores dos diversos segmentos, sobretudo das demais estatais, a se somarem nessa luta. Nem um passo atrás! Pelo fim das privatizações! Todo petróleo tem que ser nosso!

Unidade Classista dos Petroleiros