Colômbia: os rostos da transformação

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A vida que percorre o caminho em uma trilha, os campos e a calçada; a que atravessa as avenidas, o bairro e pinta os territórios. Os rostos que a encarnam e que diariamente transformam a realidade de um país que conhece a pobreza e a morte.

Membros da Guarda Indígena e dos Comitês de Ação Comunitária – JAC -, líderes de bairro, camponesas, camponeses, afro, lideram processos de permanência nos territórios e construção de redes que contribuem para a organização dos povos. No entanto, dedicar a vida a causas transformadoras não impediu a morte, já que em apenas três anos (2016-2019) cerca de 800 lideranças sociais foram mortas na Colômbia, segundo a ONG Direitos Humanos.

O assassinato sistemático de líderes obscureceu o contexto de um país que, além de graves problemas de desigualdade, desemprego, extrativismo e corrupção, também implementa políticas de guerra contra as próprias comunidades. Assim, somente em 2019, 234 líderes sociais foram mortos, de acordo com o Instituto de Desenvolvimento e Estudos da Paz – Indepaz.

Gloria e Carlos Alonso em Putumayo, Benjamín em Cauca e Fernando em Catatumbo, são alguns dos nomes dos 27 líderes sociais que foram mortos até agora este ano, segundo o Indepaz. A maioria deles possuía uma extensa trajetória de trabalho comunitário, outros eram ex-combatentes das Farc, indígenas ou coordenavam o Plano Nacional Integral de Substituição de Cultivos – PNIS.

Além de ameaças, assédio e assassinato de lideranças, outras estratégias de repressão contra o movimento social e as comunidades organizadas foram implementadas, por meio de perseguições e acusações. O ano passado, por exemplo, terminou com a prisão de José Murillo, líder camponês do Movimento Político de Massa Social e Popular do Oriente Central da Colômbia – MPMSPCOC. Nesta região do país, o Estado usou ‘falsos positivos judiciais’ como mecanismo para aprisionar líderes sociais e paralisar lutas sociais.

O governo de Iván Duque tem sido responsável por aprimorar a situação de militarização dos territórios, além de estigmatizar e perseguir o movimento social, desencadeando uma política de repressão aos protestos sociais. Essa situação põe em risco a vida daqueles que assumem a liderança e se mobilizam, levando em consideração que quase sempre são nomes sem rosto e movimentos desconhecidos em regiões remotas.

Assim, em várias ocasiões, a sociedade civil denunciou o genocídio de líderes e organizações sociais, denunciou a perseguição contra seus membros. O Refúgio Humanitário em maio de 2019 e a Greve Nacional, que se realiza desde 21 de novembro do ano passado, foram cenários de denúncia perante um governo negligente, incapaz de proteger aqueles que, de seus territórios, tentam enfrentar as consequências do abandono do estado.

Apesar da óbvia criminalização por parte do Estado, a Colômbia continua sendo habitada por pessoas que enfrentam diariamente as políticas de terror e morte. A defesa da natureza, a luta por serviços públicos básicos, a luta por moradias dignas, a construção de economias solidárias e a desmilitarização dos territórios são algumas das causas de camponesas e camponeses, indígenas, afrodescendentes e movimentos das cidades.

Embora o assassinato sistemático de líderes sociais tenha sido parte da agenda de notícias da mídia de massa, pouco se fala sobre os movimentos sociais promovidos nas regiões. A palavra líder aparece nas manchetes para acompanhar a tragédia de um genocídio que ainda continua.

Nesse contexto, é essencial retirar do anonimato aqueles que desenvolvem projetos econômicos solidários, defendem os territórios e contribuem para a construção do tecido social nas diferentes regiões e cidades do país, contribuindo para a transformação das condições de vida de colombianas e colombianos.

Assim, # LíderEs é uma campanha promovida por Trochando sin Fronteras (Caminhando sem Fronteiras), Periferia Prensa Alternativa e Colombia Informa, que busca tornar visível o trabalho de lideranças sociais, bem como suas apostas na construção de uma vida decente na Colômbia pela mão da comunidades.

Por meio de # LíderEs, mídias alternativas e populares mostrarão histórias que permanecem silenciosas, mas constroem a força dos territórios; os rostos que não são vistos, mas que, lado a lado, atravessam as estradas no caminho e nos bairros, avançando os planos de vida nas cidades e regiões.

Tradução: Partido Comunista Brasileiro – PCB

Colombia. #LíderEs: los rostros de la transformación

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