Quem são os responsáveis pela crise?

imagemPartido Comunista Paraguaio

Primeiramente, essa comunicação que estamos compartilhando, por ocasião de nossos 92 anos, tem o objetivo de colaborar com o encontro, a troca de ideias e a unidade dos trabalhadores e trabalhadoras, que são a maioria no Paraguai e no mundo, mas continuamos sendo submetidos, por uma minoria de proprietários de indústrias, empresas e terras, ou seja, os empregadores, que graças à manipulação feita por meio de sua mídia e sua cultura de individualismo e competição, conseguem nos dividir e nos fazer acreditar que a pobreza e a marginalidade são responsabilidade de cada um de nós.

Os responsáveis

A crise em que vivemos no Paraguai e no mundo é de responsabilidade dos proprietários de indústrias, negócios e terras. São os empresários, banqueiros e proprietários de terras que lideram esse projeto produtivo chamado capitalismo. O capitalismo não conseguiu resolver a contradição gerada por uma sociedade dividida em classes: por um lado os exploradores, os donos de tudo, enquanto, por outro, encontramos os explorados, donos de nada, somente de nós mesmos, nesta lógica de organização da sociedade voltada a que os exploradores ganhem mais, enquanto os explorados devem ganhar menos.

A propriedade privada sobre os meios de produção de bens e serviços gerou uma classe parasitária, que vive da classe que produz. Os empregadores mantêm grande parte do lucro produzido pelas maiorias trabalhadoras. E quando uma crise que reduz a taxa de lucro irrompe, os empregadores operam sobre a consciência das maiorias trabalhadoras, aproveitando a cultura individualista, competitiva e consumista, para nos fazer acreditar que eles são “aqueles que dão trabalho” e que é hora de se apertar todos os cintos, quando na realidade não é o mesmo apertar o cinto de um homem rico do que o de um homem pobre.

A reforma tributária obriga a pagar impostos aos vendedores de chips, remédios refrescantes e outros produtos, enquanto devolve os impostos aos proprietários da soja, num sinal claro de que o Estado opera a serviço dos interesses dos ricos e despreza os pobres, além de tirar proveito destes. Os empregadores que operam em nosso país são fantoches das grandes empresas estrangeiras que dominam os mercados, fixam os preços, monopolizam as exportações e importações, destroem a natureza, poluem o meio ambiente e estimulam as relações de trabalho que não mais garantem previdência social, seguro saúde, aposentadoria de trabalhadores e trabalhadoras. Além disso, são os empregadores que instalaram a corrupção através do suborno nos três poderes do Estado e em todas as instituições públicas e privadas, com a sonegação de impostos, violação do código trabalhista, tráfico de drogas, contrabando em larga escala e várias maneiras de maximizar seus lucros, evitando a responsabilidade social.

O governo de fraudes, liderado por Mario Abdo Benítez (h), é a ponta de lança dos interesses dos exploradores, liderados pelo governo dos EUA, juntamente com empresários e proprietários de terras brasileiros, além de outros monopólios estrangeiros, principalmente europeus. Também as direções políticas dos partidos conservadores, como Colorado, Liberal, Pátria, Vamos, Encontro Nacional, Partido Democrático Progressista, defendem os mesmos interesses mesquinhos, individualistas, predadores, estimuladores da competição selvagem e da total dependência ao capital imperialista liderado pelos EUA.

Devemos desmascarar esses responsáveis e enfrentar, de forma organizada, recuperando sindicatos solidários, unidos e fiéis defensores dos interesses dos movimentos da classe trabalhadora, camponesa, estudantil, de bairro, cultural e indígena, capazes de trabalhar coletivamente no planejamento e realização de lutas amplas, criativas e combativas, desenvolvendo um projeto político cujo objetivo é o poder para os trabalhadores. Para a construção deste projeto, existe um Partido Comunista Paraguaio que, há 92 anos, desafia os proprietários, sem qualquer mancha de corrupção e que, com militância renovada e tirando lições de sua rica experiência, atua diariamente junto com a classe trabalhadora e o campesinato, visando recuperar a confiança na força das maiorias operárias para dirigir o Paraguai

Mas por que há crise?

A fome, a falta de saúde pública gratuita e de qualidade, o desenvolvimento de uma educação medíocre e a serviço dos interesses comerciais, a invasão de terras por fazendeiros e fazendeiras, de 1883 até os dias atuais, os salários muito baixos e a ausência de contratos coletivos, de condições de trabalho que protejam a seguridade social, seguro saúde e aposentadoria dos trabalhadores, a alta informalidade que empurra milhões de trabalhadores a resolver seus problemas dia a dia, sem nenhuma proteção ou garantia, tudo isso faz parte do projeto capitalista no Paraguai.

No mundo de hoje, se multiplicam conflitos, guerras e ameaças de guerra, doenças e poluição do meio ambiente, assim como vemos mulheres trabalhadoras e trabalhadores que perdem seus empregos e não conseguem mais exercer o que sabem fazer, ou profissionais que não conseguem exercer sua profissão. Essa situação gera muita frustração e desmoralização, devido às incertezas e angústias que dominam a vida cotidiana, muito bem trabalhadas pela mídia que nos faz acreditar que é nossa culpa, como resultado da cultura individualista promovida por elas.

A juventude trabalhadora, assim como as mulheres são exploradas de maneira mais miserável, com empregos sem contratos ou contratos que não são cumpridos, sendo forçados e forçadas a trabalhar 10, 12 ou mais horas, com salários de fome. Ou a quantidade de famílias camponesas que precisam migrar para os centros urbanos, onde se somam às mulheres, homens, meninas e meninos, para resolver sua sobrevivência nas ruas, realizando trabalhos esporádicos, pedindo esmolas, entrando no circuito da prostituição ou roubando quem pode.

As patronais querem acabar com a aposentadoria, querem impor salários mais baixos, mais informalidade. Elas querem romper com a estabilidade no emprego, criminalizar os acordos de negociação coletiva e os sindicatos. Estão trabalhando em uma política de usurpação total da terra, inventando títulos para despejar famílias rurais e urbanas. Envenenam a terra com agroquímicos. Agem pela privatização da ANDE e a entrega de Itaipu. Querem privatizar o sistema prisional para ganhar dinheiro também nessa área. Continuam a aplicar uma educação mesquinha, individualista, consumista e competitiva. Estão obedientemente aplicando as políticas ditadas pelos EUA e outros monopólios imperialistas.

De nossa parte, insistimos: a responsabilidade pertence àqueles que conduzem o modo de produção capitalista em nosso país e no mundo. O capitalismo está em crise. Sua crise é estrutural, ou seja, a contradição entre empregadores e empregados, que é cercada por uma cultura que coloca o ganho individual em primeiro lugar, legitimando a exploração como uma forma de submissão e construção de privilégios, não será superada dentro deste sistema. Por isso é necessário exigir justiça e continuar desenvolvendo um projeto que possa superar essa ordem produtiva violenta e selvagem, para construir outro onde as maiorias possam realmente dirigir coletivamente e em conjunto o seu destino.

Então, como superar essa situação?

A solidariedade entre trabalhadores e trabalhadoras é uma arma poderosa para enfrentar esta crise. Organização, solidariedade, encontro e unidade da classe trabalhadora, tanto em nosso país como em todo o mundo. E dizemos que o mundo inteiro, porque os problemas e o modo de vida das maiorias trabalhadoras têm muita semelhança em todos os países do mundo. Temos mais coincidências com trabalhadores de um país distante do que com os empregadores que nasceram no Paraguai.

Um projeto de mudanças mínimas em nosso país tem que recuperar os milhões de hectares roubados por agricultores e pecuaristas; tem que superar a dependência humilhante perante o capital imperialista e as grandes potências estrangeiras. Precisa desenvolver indústrias sustentáveis capazes de valorizar a riqueza e a criatividade naturais que possuem os que habitam o Paraguai. E, para avançar em uma democracia real, devemos promover o julgamento e a punição de torturadores e saqueadores stroessnistas. As mentes mais brilhantes de nosso país foram presas, exiladas, torturadas, mortas e desaparecidas. Além disso, Stroessner e sua camarilha entregaram riquezas naturais estratégicas para os EUA e o Brasil, roubando escandalosamente o dinheiro do povo paraguaio.

Depois, para avançar, precisamos primeiro identificar aqueles que se opõem a um projeto de desenvolvimento independente com justiça social. Nesse caso, os partidos conservadores e o governo da fraude são as expressões políticas da classe empresarial e proprietária de terras, responsáveis pela execução do projeto econômico e político imposto pelos chefes imperialistas das potências estrangeiras. Devemos nos opor a esse projeto com resistência organizada para derrotá-lo e, para vencer, precisamos de muita clareza nas informações com que lidamos, no conhecimento de seus projetos e nos danos que eles geram e continuarão gerando. Essas informações e esse conhecimento são a base para o desenvolvimento de organizações sólidas que estimulem a confiança e a solidariedade da classe trabalhadora no campo e na cidade. A aliança social operário-camponesa e popular é a única capaz de gerar essa unidade das maiorias para derrotar o projeto da minoria, representado por Mario Abdo e todos os partidos conservadores.

O nosso país precisa de uma revolução democrática, agrária e anti-imperialista, orientada para o socialismo, para garantir que o poder econômico e político seja exercido pelas maiorias operárias do campo e da cidade, recuperando toda a riqueza cultural e produtiva que desenvolvemos como povo há séculos, combinando esse conhecimento com as riquezas culturais e produtivas de todo o mundo. Eles têm o sistema educacional, a mídia, o cinema, o esporte e a cultura sob seu domínio. Nossa única grande vantagem sobre eles é que somos muitos mais que produzimos sob esse miserável sistema de exploração, e também na classe trabalhadora continuamos a tecer as mais belas expressões de solidariedade e trabalho coletivo. Então, potencialmente, podemos derrotá-los. Vai depender muito de nossa criatividade para criar uma consciência coletiva de nossa força e nos preparar para dirigir nosso país.

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

Fonte: https://medium.com/@pcpparaguay/por-qué-hay-una-crisis-quiénes-son-los-responsables-y-cómo-superarla-a61e2f1335a3

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