Antifascistas enfrentam ato bolsonarista em Porto Alegre

imagemComitê Regional do PCB-RS

Alguns gados (como são chamados os manifestantes bolsonaristas pelos antifascistas), semanas atrás, viraram notícia ao ser divulgado um vídeo em que batiam em uma mulher que passava perto da manifestação bolsonarista, só por estar com roupas vermelhas. O seu agressor foi identificado, detido, pagou fiança e se encontrava mais uma vez na manifestação do último domingo (24).

Nesse dia, Porto Alegre foi palco de mais um confronto entre manifestantes antifascistas e bolsonaristas. Mesmo numa das tardes mais frias do ano e com a presença ostensiva da polícia militar, os comunistas, anarquistas, democratas e progressistas, se mantiveram firmes na Rua dos Andradas, onde está a sede da 3ª Região do Comando Militar Sul.

As ruas em disputa

Todos os domingos, manifestantes bolsonaristas se aglomeram, a maioria sem máscaras, ou qualquer proteção, facilitando a propagação do vírus. Vestidos de verde-amarelo, carregando bandeiras do Brasil, deslocam-se em carreata até a frente da sede do Exército. Durante algumas horas, ficam em pé, gritam palavras de ordem anticomunistas, contra as liberdades democráticas e exigem a instauração de uma nova ditadura sob comando de Bolsonaro – reverberando toda infâmia produzida pelo gabinete do ódio e divulgada nos grupos de Whatsapp e bots do Twitter.

Inconformados com a normalidade com que essas manifestações de caráter abertamente fascista estavam acontecendo, há algumas semanas, torcedores dos times de futebol, organizados pelas Torcidas Antifascistas, passaram a se reunir no mesmo local e horário, a fim de repudiar as atitudes dos manifestantes bolsonaristas.

Na primeira manifestação em que os antifascistas apareceram, houve confrontos físicos, e três deles foram detidos. Nenhum bolsonarista foi detido. Mesmo com risco de criminalização e inclinação da Polícia Militar à defesa dos militantes fascistóides, os antifas se mantiveram nas ruas, agitando palavras de ordem que disputam a narrativa golpista, anticientífica, antipopular e genocida do governo e seus apoiadores.

Perto das 14 h, no domingo (24), a Rua dos Andradas transformou-se, por alguns minutos, em um brete para a boiada passar em seus carros. O pedágio foi cobrado pelos antifascistas que se anteciparam, e já os aguardavam numa espécie de corredor polonês drive-thru. Manifestantes bloquearam a rua e forçaram as carreatas da morte a recuarem.

Com esse princípio de confronto físico, a polícia separou os dois lados da manifestação com um cordão da cavalaria – imagem medievalística, aparentemente anacrônica, mas já símbolo consolidado da repressão. Depois do remanejamento, durante duas horas, os bolsonaristas permaneceram protegidos por um cordão de isolamento da polícia, que ficou com as armas apontadas (cavalos, escudos, balas de borracha, etc.) em direção aos antifascistas – que questionaram várias vezes, aos gritos, a postura da polícia: “os criminosos estão do outro lado!”.

Ao fim da manifestação, a polícia abriu alas para a saída dos bolsonaristas da frente da sede do Exército, mandando os manifestantes antifascistas ocuparem a rua perpendicular. A saída infame dos fascistas foi sob o coro de gritos e xingamentos daqueles que não aceitarão que as ruas sejam tomadas por setores reacionários e potencialmente golpista.

Um exemplo para todo Brasil

Esse pode ser o germe, as primeiras manifestações, do que virá a ser o caráter dos confrontos ao desenrolar da luta de classes no país. Os antifascistas, ao final, anunciaram: “semana que vem tem mais!”, afirmando que estarão disposto a ir para as ruas enquanto os fascistas não forem expulsos delas.

Por fim, a palavra de ordem proferida diversas vezes pelos antifascistas, durante as horas que em pé energicamente disputaram o espaço, indica o caminho da vitória contra o governo genocida e a agenda eugenista aplicada por Bolsonaro-Mourão, Paulo Guedes, Weintraub, e patrocinada por setores da burguesia nacional e internacional. Gritavam os antifascistas:

“Recua, fascista, recua! É o poder popular que tá na rua!”

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