Paraguai: Estado infanticida e terrorista

imagemManifestação do Partido Comunista Paraguaio sobre o assassinato de duas meninas de onze anos pela Força Tarefa Conjunta (FTC)

O Estado dos patrões assassinou duas meninas de 11 anos, por meio de sua milionária e corrupta Força Tarefa Conjunta (FTC), apresentando-as como milicianas recrutadas pelo Exército do Povo Paraguaio (EPP) e declarando-o, por meio do fraudulento e medíocre Mario Abdo, como uma operação exitosa para um tal ato de infanticídio e terrorismo.

A trajetória do Estado oligárquico-mafioso que atua no Paraguai, e do Stroessnista (seguidor do ex-ditador Stroessner) Benítez que funciona como Presidente, nos leva a pensar que o rápido enterro das meninas poderia ter ocorrido para evitar que se conhecesse o estado de seus corpos, em termos de possíveis abusos, ou para ocultar uma execução extrajudicial.

Parentes e amigos, tanto no Paraguai como na Argentina, asseguram que as meninas eram nascidas no país vizinho, tinham a idade mencionada no primeiro parágrafo, vinham em alguns dias para ver os pais e não tinham a menor condição de empunhar rifles, muito menos de atacar soldados das forças especiais.

Durante décadas, banqueiros, latifundiários, empresários, gangsters e narcotraficantes mentiram e trapacearam descaradamente através de seus meios de comunicação e de seu Estado, roubando o patrimônio do Paraguai e entregando ao capital imperialista os principais recursos naturais do país, perseguindo, criminalizando, torturando e assassinando aqueles que se opõem ao seu projeto criminoso. As forças armadas, desde Stroessner até o momento atual, não conseguiram se livrar da corrupção e da máfia que as governa, como um aparelho armado a serviço desses interesses criminosos. Como acreditar nas versões oficiais de um estado mafioso?

Dizer que houve um confronto com meninas de 11 anos é, evidentemente, um insulto à inteligência do povo. O que houve foi um ataque terrorista típico dos grupos mafiosos armados, que é o que melhor caracteriza a condição da FTC.

Temos plena certeza de que esta operação sombria é herdeira e continuação da mais forte tirania e que a ausência de julgamentos e punição firme de torturadores e saqueadores daquela época favorece o domínio inescrupuloso e violento desta camarilha atual de criminosos, assimilando o roteiro sangrento organizado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos para o Plano Colômbia, como no caso dos chamados “falsos positivos”, que são pessoas que não estão envolvidas no conflito armado e que são assassinadas e depois apresentadas como guerrilheiras.

Repudiamos e denunciamos, nacional e internacionalmente, a exacerbação do Terrorismo de Estado do Governo da Fraude, e instamos as organizações sociais e políticas a se pronunciarem sobre esses crimes.

Diante da situação, exigimos a demissão imediata dos Ministros da Defesa e do Interior, Bernardino Soto Estigarribia e Euclides Acevedo, respectivamente, bem como o julgamento e punição dos chefes policiais e militares que comandaram esta operação terrorista e infanticídio.

Partido Comunista Paraguaio

4 de setembro de 2020

Partido Comunista Paraguaio

O PCB (Partido Comunista Brasileiro) se soma aos camaradas do Partido irmão no Paraguai para repudiar a ação terrorista e infanticida cometida pelo Estado paraguaio. Somos solidários aos familiares das crianças martirizadas neste ato de horror, aos trabalhadores e às trabalhadoras, à juventude e ao povo paraguaio em geral, que enfrentam um governo criminoso e genocida e a barbárie imposta pelo capitalismo e pelo imperialismo.

Em defesa da vida e de condições dignas de existência de todos os povos de Nossa América!
Pelo Poder Popular e o Socialismo!

Comitê Central do PCB

4 de setembro de 2020

A ASSOCIAÇÃO DE ADVOGADOS E ADVOGADAS DENUNCIA O ESTADO TERRORISTA PARAGUAIO, QUE ACABA DE ASSASSINAR DUAS MENINAS DE 11 ANOS, SOBRINHAS DA COMPANHEIRA CARMEN VILLALBA.

As crianças se apresentam como peças valiosas para o inimigo nos processos de repressão e combate às lutas pela Libertação, às lutas territoriais e anti-imperialistas.

Sobram exemplos como os massacres de Israel às crianças palestinas ou as mais de 500 crianças filhas de lutadores populares que ainda se buscam na Argentina. Quando os albatrozes mataram Rafael Nahuel, levaram e retiveram por horas numa delegacia as crianças dessa comunidade a que agora se pede diálogo e racionalidade.

Sim, há uma infância em Nossa América contra a qual os exploradores e saqueadores se enfureceram particularmente: são as crianças paraguaias. As classes dominantes de Argentina, Brasil e UruguaI assassinaram crianças paraguaias de forma massiva durante a Guerra da Tríplice Infâmia.

E a luta prosseguiu.

A Associação de Advogados e Advogadas sabe das lutas e das consequências dessas lutas. Sabe que um guerrilheiro, um revolucionário, um combatente assume um compromisso que muitas vezes lhe custa sua vida e liberdade. Portanto, não é uma “vítima” como nos têm tentado fazer crer todos os governos desde o de 1983 e a grande maioria das Organizações de DDHH.

Um combatente assume um compromisso, ainda que seja menor de idade. Nossa História argentina e mundial registra milhares de exemplos de crianças que combatem.

O caso das duas meninas assassinadas pelo Exército e pelas Forças Conjuntas paraguaias reflete a magnitude do enfrentamento e da crueldade dos dominantes. Um numeroso contingente de “Forças-Tarefa Conjuntas” atacaram um albergue numa zona florestal do norte paraguaio. O Governo terrorista e belicista paraguaio informou que era um “acampamento guerrilheiro do EPP”. Porém, as únicas vítimas foram as duas meninas ARGENTINAS: Lilian Villalba e María del Carmen Villalba, ambas de 11 anos.

Ambas são sobrinhas da grande Carmen Villalba, presa política do EPP, cujo filho de 13 anos o Governo paraguaio também assassinou faz mais de dez anos. As meninas tinham ido visitar seus familiares. Seus pais são militantes do EPP. São filhas das irmãs de Carmen. Independentemente de que tenham pais camponeses paraguaios e militantes do EPP, as meninas eram civis e, além disso, eram ARGENTINAS e não formavam parte da feroz luta de classes que se trava no Paraguai.

O Governo Paraguaio está denunciando a existência na Argentina de um “jardim de infância” ao estilo da famosa estrutura em Cuba dos meninos Montoneritos. E tem divulgado fotografias dos cadáveres de nossas meninas demonstrando sua monstruosidade sem limites.

A Associação de Advogados conhecíamos estas pequenas assassinadas desde que eram bebês. Estamos desolados, arrasados pela ação criminosa e com uma tristeza tão grande que só nos admite seguir lutando. Com absoluta certeza diremos e faremos o impossível para proteger as crianças e anciãos familiares dos camponeses paraguaios diante do terror, da perseguição e das represálias contra seus familiares combatentes.

Nós nos orgulhamos de prestar aos lutadores toda a solidariedade que nos é possível dar, dentro de nossas paupérrimas possibilidades. E jamais ocultamos isso.

A Inteligência de todos os governos argentinos que nos enfrentaram sempre o souberam. Sabem-no os governos paraguaios e as agências internacionais que hoje nos enfrentam. A Associação vem demonstrando que nossa solidariedade e nosso internacionalismo jamais foi apenas a assinatura de um comunicado.

Sempre buscamos resolver os conflitos numa mesa de conciliação, porém, nossa doutrina diz que, diante da violência do conflito, sempre estaremos do lado daqueles que resistem pelo meio ou método que for.

Em Misiones há vários anos que permanecem 10 crianças filhas de camponeses paraguaios, além da mãe, das irmãs e das filhas de Carmen. Exigimos e requeremos que o Governo Nacional proteja essas crianças e os adultos que cuidam delas. Muitas delas são cidadãs argentinas, como eram Lilian e María del Carmen assassinadas no dia 02/09.

Denunciamos as políticas de guerra dos distintos governos paraguaios, sejam de direita ou supostamente progressistas. E responsabilizamos o Estado Paraguaio e seus colaboradores colombianos, estadunidenses e israelenses, que operam em conjunto, por qualquer ataque ou represália que sofram as crianças resguardadas em Misiones como consequência das lutas de seus pais.

Aos organismos de DDHH, de Solidariedade, de gênero, feministas, de defesa da infância, etc., tanto no Paraguai como na Argentina, lhes recordamos que o Paraguai acaba de assassinar duas meninas que além de tudo são argentinas. Esperamos que o acompanhamento e a solidariedade concreta possa evitar mais represálias contra outras crianças.

A Associação de Advogados e Advogadas jamais esquecerá este nefasto 2 de Setembro em que caíram na montanha paraguaia nossas meninas Lilian e María del Carmen de 11 anos. Para tentar evitar a macabra obscenidade do estado e dos meios de comunicação paraguaios que não respeitam nada, nos abstemos de publicar as fotos de seus pequenos corpos mortos. Publicamos as fotos das meninas tal como nos recordamos delas.

A Associação de Advogados e Advogadas tem afirmado que não crê na “Justiça” dos injustos. E que crê na rebelião dos justos. Aos pais, tios e avós das meninas, a toda a família Villalba, saibam que sua dor é a nossa dor.

Glória e Honra a Lilian e María del Carmen, meninas heróicas !!!
Exigimos proteção às crianças resguardadas em Misiones!!!!

Associação Gremial de Advogados e Advogadas

3 de setembro de 2020

Tradução: Partido Comunista Brasileiro

Fonte: https://gremialdeabogados.org/?p=2786