Aquilombar as lutas em defesa da vida e por direitos

imagemCONTRA A PANDEMIA E O RACISMO!*
*FORA BOLSONARO E SERGIO CAMARGO DA FUNDAÇÃO PALMARES!*

*20 de novembro – Dia Nacional da Consciência Negra*

Dia da Morte de Zumbi de Palmares, grande guerreiro e ícone das lutas quilombolas. Zumbi liderou por décadas o Quilombo de Palmares, um dos maiores e mais conhecido da história negra. Esta data é pauta de reivindicação de anos de muita luta dos Movimentos Negros, por entender que a comemoração do 13 de Maio, imposto historicamente pelos governos, não representava nossos ideais de liberdade e igualdade, colocando a princesa Izabel como redentora do povo negro. Quando sabemos que foi com o suor, o sangue e as lutas de nossos ancestrais quilombolas que alcançamos a abolição da escravidão negra no Brasil.

Seguimos sofrendo décadas de violência racial, desigualdades sociais e de gênero, porque, apesar da abolição a verdadeira liberdade não veio, à medida que nosso povo negro não teve nenhum tipo de reparação pelos anos de escravidão, simplesmente abriram as portas das senzalas. Sem moradia, sem emprego, sem direitos sociais mínimos de vida, ganharam a estrada pra morrer. Mas, ao contrário do que imaginaram, foram sobrevivendo às margens, nas periferias, nas favelas das cidades. Seguimos na luta para que esta data seja reconhecida como feriado por todos os municípios do país até ser um Feriado Nacional.

*O Racismo Estrutural e seus capitães do Mato!*

Historicamente a população negra vem sendo utilizada e servindo aos propósitos da burguesia, dos ricos e poderosos brancos no mundo. No Brasil, mesmo no pós-abolição, pós-colonialismo, a realidade de vida da população negra sempre foi limitada de direitos, pautada pela perseguição e violência de seus corpos. Os poucos avanços e ganhos não têm nem cem anos, e não vieram porque os governos foram generosos, com certeza, sempre foi com muita luta combinada com os interesses políticos da época. Mesmo o pouco conquistado, dentro desta sociedade do capital que sobrevive da opressão e da exploração dos trabalhadores negros e pobres, maioria do exército de reserva deste país, vem sendo ameaçado e retirado.

É o que vemos a partir das ações de Bolsonaro, um governo de ultra direita com ações facistóides, que se elegeu com um discurso racista, machista, lgbtfóbico, xenófobico e violento, que não tem poupado esforços em seus ataques e retiradas de direitos da classe trabalhadora de conjunto, mas que recaem com muito mais perversidade sobre negros e pobres. Como se não bastasse, tem tido como aliado Sérgio Camargo (Presidente da Fundação Palmares) e Fernando Holiday (Deputado federal/SP), que apesar de negros têm propiciado ofensivamente ataques à nossa cultura e ao nosso povo negro, com posições mentirosas e de reinventar “a roda da história ocidental e racista”. No último dia 23 de outubro, Holiday disparou em reforçar contra as cotas, política afirmativa que é uma reivindicação de reparação histórica. Sérgio Camargo, por sua vez, diz que Palmares e Zumbi eram fora da Lei, além de violento com as mulheres, despolitiza a questão negra e cumpre a cartilha liberal e racista de atacar a maioria da população brasileira que é negra.

Seguindo a suas ações contra a negritude, uma portaria assinada por ele, então presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, e publicada na edição do dia 11/11 (quarta-feira) do “Diário Oficial da União”, muda as regras para a seleção e publicação dos nomes e biografias das personalidades negras notáveis no site da entidade. Uma das alterações é que a lista passará a fazer apenas homenagens póstumas, ou seja, vai conter somente nomes de personalidades já mortas. Isso deve levar à exclusão da galeria nomes como os dos cantores Gilberto Gil, Elza Soares e Martinho da Vila, entre outros. Prestando um desserviço à nossa causa, a exemplo dos capitães do mato na era da escravidão!

*Parem de Nos Matar – Vidas Negras Importam!*

Em meio à maior pandemia vivenciada mundialmente e aqui no Brasil, ficou explícita a grande desigualdade social, denunciada há anos pelos movimentos social negro. Apontando ainda que podemos chegar neste ano a 200 mil mortes, das quais a maioria das vítimas tem sido a população negra e pobre, o que vem combinado com a crise estrutural do capitalismo que vem aprofundando a fome e o desemprego. Além disse, a política de “segurança pública”, com operações policiais e o negacionismo do governo de Bolsonaro e Mourão, aumenta o genocídio afro-indígena e do povo pobre, seja pela violência policial ou pelas consequências da pandemia, diante de uma desestruturação de anos do SUS combinada com a irresponsabilidade e corrupção que segue sobre o orçamento da saúde e educação neste país!

Acompanhamos os noticiários da violência praticada pelo Estado a nossos irmãos negros estadunidenses que não só denunciam, mas foram às ruas e se rebelaram contra o Estado racista! Aqui no Brasil, de acordo com diversas pesquisas, 75,7% das vítimas assassinadas no Brasil são mulheres, jovens e homens negros. A cada 10 assassinatos, 8 são mortos pela polícia que em sua maioria são negros também. As mulheres negras são a maior vítima do feminicídio, de estupros e violência homofônicas.

Como se não bastasse a violência racial e policial, nós negros e negros não temos reparação dos 350 anos de regime escravo, e o Estado brasileiro tem uma dívida histórica com afro-brasileiros que sofrem com o desemprego, os ataques diários aos direitos trabalhistas e as precárias condições de moradia nas favelas, a falta de acesso à saúde, educação e saneamento básico e precisamos de renda e vacinação obrigatória para todos conda a Covid 19!

*Um 20 de Novembro em honra de Zumbi e Dandara!*

Concluímos que nós, negros, negras e não brancos aliados na luta antirracismo temos como tarefa neste 20 de Novembro ecoar as nossas reivindicações e exigência de reparações históricas e o fim da política do encarceramento e perpétuo analfabetismo e falta de moradia há séculos. Entendemos que não há humanização no capitalismo, que as opressões, que o racismo estão intrínsecos ao capitalismo que barbariza a nossa existência. A nossa luta diária é a proteção da vida, por concursos públicos, mais empregos, renda e não aos cortes de salários dos servidores e da estabilidade com reforma administrativa, não à carteira verde amarela que será o fim dos direitos trabalhistas e da CLT, pelo não pagamento da dívida externa e a não reabertura das escolas pela vida de nossos filhos e dos profissionais.

Gritamos Fora Bolsonaro e Mourão e Sergio Camargo!