Fidel: uma presença necessária

imagemPhoto: Juvenal Balán

«Nós demonstramos o valor da consciência e da ética. Nós oferecemos vidas»

Elson Concepción Pérez | internet@granma.cu

Neste último ano a gente te viu cavalgar, como guerreiro invencível, no combate a uma epidemia a cujas consequências você se adiantou com a sua visão de futuro, quando você encheu a Ilha de médicos e centros científicos para poder fazer face, com a ciência, às muitas doenças que chegam através do tempo.

Você soube, em todos os casos, que os países pobres viríamos a ser os mais afetados, e então tornou realidade a palavra solidariedade, tão necessária, bandeira fundamental da Revolução e, infelizmente, pouco utilizada lá, onde prima o egoísmo e a avareza sob o nome de neoliberalismo.

Depois que você partiu rumo a outra dimensão, não deixou de liderar, com seu legado, as batalhas atuais e difíceis de sua invicta Revolução.

Mas o presente ano de 2020, quando se completam quatro anos depois que te acompanhamos rumo à imortalidade, foi muito especial pelos desafios, pelos combates travados, pela ação de um povo que sabe que você está presente, e que teima em te ver e te sentir, em cada vitória que se atinge.

Eu imagino como você vai se sentir sabendo que um médico ou uma enfermeira, desses milhares que você concebeu formar, hoje estão enfrentando, lá na zona vermelha, ou na retaguarda de um hospital, consultório ou policlínica, uma terrível pandemia que tornou vulnerável a humanidade toda.

E que poderíamos falar daqueles que, aos milhares, vão enfrentar a Covid-19 em outros recantos do mundo. Fazem isso cumprindo aquela frase em forma de testamento que você proferiu uma e várias vezes: «Não damos aquilo que nos sobra, mas sim compartilhamos o que temos».

Você esteve muito presente no Instituto Finlay de Vacinas, entre aqueles que se propuseram tornar realidade teus ensinamentos e obter candidatos às vacinas, tais como Soberana 1 e Soberana 2, para combater a pandemia, não somente em Cuba, mas pondo-as à disposição do mundo todo, fundamentalmente nos países mais pobres.

Quantas vezes você visitou esse outro exemplo científico que conhecemos como CIGB e em quantas ocasiões você debateu com seus trabalhadores, médicos, cientistas, relativamente ao papel da ciência no desenvolvimento da nossa Pátria.

Nele e em todas as demais instituições que fizeram parte do polo científico, estão te lembrando no presente. Lá trabalham muitos dos que estreitaram tua mão, dos que responderam tuas perguntas, dos que aceitaram o desafio exposto para erguer, em tempo e com qualidade, uma obra necessária dessas que não podem esperar.

Quando vejo retornarem vitoriosos aqueles milhares que formam as brigadas do Contingente Henry Reeve, vêm à minha mente os primeiros profissionais da Saúde em se organizarem para ir oferecer solidariedade.

Hoje mais do que nunca está presente teu pensamento, expresso no ato de constituição do referido contingente médico: «Nós demonstramos que o ser humano pode e deve ser melhor. Nós demonstramos o valor da consciência e da ética. Nós oferecemos vidas».

Eu lembro aquela ocasião, em maio e 2001, quando participei como jornalista da visita de Fidel à Argélia; os encontros com líderes e profissionais dessa nação, que sempre agradeceram a honra de ter sido eles, os argelinos, os primeiros que receberam uma brigada médica cubana, apenas uns meses depois que essa nação conseguisse sua independência.

Foi em 24 de maio de 1963 a saída de um grupo de 58 profissionais da Saúde, deles 32 médicos, quatro dentistas, 14 enfermeiras e oito técnicos que trabalharam em diferentes pontos da geografia dessa nação por volta de 18 meses.

Também não posso esquecer, em Barbados, em dezembro de 2005, quando, falando aos líderes caribenhos na Cúpula Cuba-Caricom, e ao se referir à Operação Milagre que havia salvado a vista a muitas pessoas desses pequenos países, ficou muito empolgado com o que expressavam dirigentes como Ralph Gonsalves, primeiro-ministro de São Vicente e as Granadinas, quem, sem esconder suas lágrimas, agradecia a Fidel por tão grande contribuição solidária para os mais necessitados do mundo.

Hoje, quando o Comandante não está fisicamente entre nós, não deixa de ser uma referência cotidiana que marca uma obra humana de extraordinária envergadura.

Por isso, nas nações caribenhas lembram-se dele e o veneram, tal como nos países da África, no Vietnã grato, na América Latina onde a solidariedade cubana, suas missões médicas, de educação e outras, contribuíram a que milhões salvem ou curem suas vidas e outros milhões aprendam a ler e a escrever.

Outra batalha deste ano, dessas às que sempre você acudia e ficava na frente, foi a do enfrentamento a tempestades tropicais como Eta, com suas afetações em campos agrícolas, moradias, escolas e outros centros. Lembramos a grande obra hidráulica que concebeu o chefe da Revolução desde o momento em que o furacão Flora, em 3 de outubro do ano 1963, arremeteu contra nosso país, principalmente sobre territórios das atuais províncias de Las Tunas, Holguín, Granma e Camaguey.

Que teria sido da nossa Ilha sem as barragens, os canais, os reservatórios médios e pequenos ao longo do território para, como explicasse muitas vezes Fidel, armazenar a água necessária para o consumo humano e agrícola e, principalmente, para evitar enchentes, vazamentos dos rios e outras afetações que podem provocar a morte de pessoas, ou a devastação completa das culturas?

Nestas grandes batalhas de 2020, como outras em anos precedentes, os que se comprometeram em ser continuidade, têm em Fidel a referência obrigada, o exemplo inextinguível, o ensinamento que compromete a cada cubano com fazer o presente e o futuro melhores para nosso povo.

Podemos assegurar que Fidel é presente, como é a Revolução que fez e a que seu povo está dando agora continuidade.