O movimento sindical e as eleições no ANDES-SN

imagemPor Milton Pinheiro para o Jornal O Momento (Bahia)

O movimento sindical dos trabalhadores brasileiros, na dinâmica atual da luta de classes, tem sido impactado por fatores da ordem do capital, que operam mudanças subjetivas na sociabilidade da classe trabalhadora. Questões do individualismo, a presença do fundamentalismo religioso, a tensão sobre o esgotamento da forma organizativa, a ideologia do empreendedorismo etc. Tudo isso tem operado robustas transformações nas relações de trabalho.

O Andes/SN, Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior no Brasil, um dos maiores sindicatos do nosso país e o maior sindicato com essas características da América Latina, passou por uma importante eleição em novembro e deverá cumprir um papel fundamental na luta de classes.

Sendo um sindicato classista, combativo e organizado pela base da categoria, tem como princípio basilar a autonomia diante dos governos, reitorias e do sistema partidário. Com essa estrutura, reafirma-se uma perspectiva de luta para a categoria docente, mas também confirma-se uma profunda relação com o conjunto da classe trabalhadora, aprofundando uma forma de operar no combate às opressões como sintoma endêmico da sociabilidade capitalista no Brasil, e soma-se na solidariedade às lutas dos povos pela sua autodeterminação.

O Andes se posiciona de forma ativa na defesa dos serviços públicos. Manifesta apoio militante às liberdades democráticas. Organiza a luta contra às intervenções nas universidades públicas. Organiza coletivamente um programa de ação contra o obscurantismo na ciência e na vida social. Mas, também, o Andes tem aprofundado seu papel qualificado no debate sobre a reorganização tão necessária da classe trabalhadora.

Somos um sindicato operando como um organizador coletivo da luta, tendo um papel destacado no enfrentamento necessário contra a reforma administrativa, que quer acabar com os serviços públicos no Brasil. Mais uma vez, o Andes será instrumento de mobilização e organização das nossas lutas.

O Andes tem uma página expressiva de lutas na história do tempo presente e a base da categoria esteve em todos os momentos dessa jornada: quando os direitos da nossa classe foram atacados, quando nossa categoria era atingida, quando a conciliação de classe tentou destruir a nossa organização sindical, quando se atacou a democracia, no combate às privatizações, na defesa dos serviços públicos e da unidade política para enfrentar o governo de extrema direita do agitador fascista Jair Bolsonaro e seus asseclas, assim como enfrentar os estados em que a lógica de Estado mínimo avança.

O Andes deve ampliar o seu papel na universidade, qualificar a interlocução social, criar condições para defendermos os interesses populares, prospectar essa referencialidade no ambiente da produção científica e da extensão. Nessa perspectiva, defendemos a proposta de Universidade Popular, autônoma, gratuita e livre para produzir conhecimento que contribua para superar as mazelas da ordem capitalista.

O Andes defende e opera na defesa da carreira docente, da dignidade salarial e da relação universidade/sociedade. Um sindicato que, para além das suas lutas específicas, seja aliado presente das lutas gerais da sociedade a exemplo do SUS, contra as privatizações do patrimônio público (Correios, Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, etc.), em defesa dos serviços públicos para atender com qualidade o conjunto da população, em defesa das políticas públicas por educação, moradia, terra, trabalho e assistência social para combater a lógica da desigualdade.

O Andes se consolidou como um sindicato que é uma trincheira no combate às opressões da sociabilidade capitalista. Contribui com o processo educativo, que ajuda a superar essas estruturas opressoras na vida cotidiana. O Andes estará presente, em unidade com o conjunto das organizações proletárias e políticas, na luta contra o neofascismo e em defesa das liberdades democráticas. Será sempre um sujeito coletivo presente no combate às hordas da extrema direita e ao governo de Bolsonaro. Esse sindicato se soma, como operador coletivo, à necessária reorganização da nossa classe, compreendendo que formas pretéritas de organização estão superadas pela sua conformação na lógica do apassivamento ou da autoproclamação. O Andes continuará contribuindo para a reorganização da nossa classe e estará nas jornadas mais sentidas da classe trabalhadora como um sindicato classista e organizado pela base. Na luta de classes, o Andes encontra-se no campo da emancipação humana.

Milton Pinheiro é 1º vice-presidente do ANDES-SN e membro do Comitê Central do PCB