O nosso Primeiro de Maio

imagemAntônio Henrique*

No dia 28 de setembro de 1864, em Londres, realiza-se o encontro que fundaria a Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), conhecida posteriormente como a Primeira Internacional. A abertura do conclave é realizada por Karl Marx que conclama: “A emancipação da classe operária deve ser feita por ela mesma”(Del Roio, 1986). O solo tinha sido arado com a organização da fundação da Primeira Internacional. Karl Marx plantou a semente que germinaria na história das lutas operárias pelo mundo. A classe operária agora é protagonizadora de suas conquistas.

O 1º de Maio de 1886, data cravada na história da humanidade como um importante episódio da luta dos/as trabalhadores/as no mundo: o massacre ocorreu em Chicago-EUA, todavia, as lutas eram travadas em todo o planeta. As condições de vida dos trabalhadores no geral eram idênticas: jornadas intermináveis, baixos salários, o assédio sexual e moral sofrido pelas operárias, a insalubridade dos locais de trabalho e com isso a proliferação das epidemias, a utilização da mão de obra infantil com a mesma carga de trabalhos dos adultos. A incipiente classe operária identificava que para enfrentar o ódio da burguesia era necessário se organizar.

Do 1º de Maio de 1886, passados trinta e seis anos, chegamos ao 1º de Maio de 1922. No Brasil, as/os trabalhadoras/es e suas respectivas categorias conduziram os processos de lutas e a organização dos movimentos operários em seus Estados. É importante elencar as greves operárias de 1917 e 1919, greves que foram importantes para o amadurecimento e o avançar na organização dessas/es trabalhadoras/es e o enfrentamento direto com a elite brasileira. O ano de 1917 é um ano emblemático e, no Brasil, será um divisor de águas no embrionário movimento e em seu operariado. Esse período no Brasil é marcado pela confusão de ideias que existia e uma hegemonização dos anarquistas e anarcossindicalistas nos primeiros anos das lutas operárias. Esse processo findará no despertar da segunda década do século XX.

Em 25 de março de 1922, é realizado no Rio de Janeiro o primeiro congresso do Partido Comunista Brasileiro (PCB), com nove delegados representando pouco mais de 72 militantes comunistas pelo Brasil. A edificação de um partido parte do próprio processo histórico travado pelas lutas e a coletividade dos trabalhadores. Já no 1º de Maio de 1922, a revista Movimento Communista, periódico do Partido, em sua edição extraordinária, conclama os trabalhadores à solidariedade internacional e ao enfrentamento às elites locais.

135 anos depois, o Primeiro de Maio é uma obra elaborada e edificada com o sangue e o suor da classe produtora desse planeta, a classe trabalhadora. Ela e apenas ela é a responsável por toda produção e riqueza da humanidade.

Portanto, o 1º de Maio é NOSSO! Viva as Trabalhadoras e os Trabalhadores do mundo! Uni-vos!

Antônio Henrique é historiador e militante do PCB