Segue firme a luta em Santa Maria/RS!

imagemSANTA MARIA: 500 MIL MORTES, 19J E MAIS UM AUMENTO NA TARIFA DE ÔNIBUS*

*Por Ricardo Ganciné, Secretário Político da Célula Santa Maria do PCB

No dia 19/06 realizamos mais um ato massificado no coração do Rio Grande do Sul, mesmo com previsão de chuva. As palavras de ordem pedindo Fora Bolsonaro e Mourão tomaram as ruas do centro de Santa Maria justamente no dia em que o Brasil atingiu a marca de meio milhão de pessoas mortas de Covid, isso desconsiderando a subnotificação. O que mais chama atenção é a retomada crescente das ruas e o aumento tanto de participantes quanto dos municípios que registraram manifestações, que, segundo a Revista Fórum RS, só no Rio Grande do Sul foram mais de 50 [1]. Para o Brasil de Fato, o país duplicou o número de cidades com mobilizações em relação ao 29M, chegando a 400 [2].

Não queríamos chegar ao ponto de precisar ir às ruas exigindo vacinação, mas diante de tamanho absurdo, justamente chamado de genocídio, se faz necessário mais uma vez nossa classe arriscar suas vidas para salvá-las. Foi assim na heróica luta contra a ditadura e está sendo assim contra Bolsonaro. No entanto, ninguém poderá falar em caráter irresponsável, pois medidas de segurança sanitária foram amplamente tomadas, uma comissão ficou o ato inteiro garantindo o uso de máscaras, distribuindo álcool em gel quando necessário e mantendo a rígida disciplina das filas com distanciamento.

Um ponto importante é que as manifestações não se limitaram a exigir o mínimo do governo, foram além e pautaram o combate ao legado neoliberal. Como podemos ver no progressivo aumento de militantes comunistas, a defesa do socialismo também marcou o dia 19J. Nas manifestações foi destacado o que a mídia hegemônica pouco faz questão de lembrar à população: os países que se afirmam socialistas, governados por Partidos Comunistas e Operários, estão entre os que melhor combateram a pandemia. Para ficarmos apenas em um exemplo, a República Popular da China que, nos últimos 40 anos, retirou 850 milhões da miséria e promoveu ampla (e planejada) urbanização, sem gerar favelas [3], atingiu hoje a impressionante marca de 1 bilhão de vacinados [4].

Entretanto, ainda temos tarefas a ser realizadas para não deixarmos o significado inicial destes protestos se esvaziar como em 2013. É verdade que o povo nas ruas oferece munição para a oposição institucional e coloca medo em setores governistas. Como a classe dominante não tem como esconder, a tendência é tentarem a todo custo tratar o 29M e o 19J como mobilizações neutras, sem qualquer reivindicação mais profunda. Por isso, a primeira destas tarefas é reforçarmos que não se trata de protestos neutros e policlassistas da “oposição” democrática.

Dentro da oposição cabe de tudo, inclusive aqueles que votam alinhados ao governo na maioria das pautas econômicas que prejudicam os e as trabalhadoras, como com a recente aprovação pelo Senado da privatização da Eletrobrás, que caso avance aumentará ainda mais o custo da luz elétrica [5]. Esses parasitas são tão inimigos de classe quanto Bolsonaro e, nesse sentido, Santa Maria foi vanguarda porque de forma unificada e generalizada utilizou do ato também para denunciar os governos tucanos estadual e municipal como cúmplices do genocídio.

Não acusamos o presidente de genocida apenas por negar a importância da vacinação em massa e defender o tratamento precoce. Acusamos ele de Genocida principalmente por ter estado diante de várias recomendações científicas para combater o crescente número de mortes e não segui-las, preferindo a continuidade da pandemia. Agora perguntamos a quem ainda tem ilusões pragmáticas com a direita tradicional: entre as recomendações não estava o lockdown e o auxílio econômico aos que precisavam como a pauta mais importante até termos a vacina? Estava! Então por que ainda existem setores que chamam Bolsonaro de genocida, mas o Prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) e o Governador Eduardo Leite (PSDB) que sempre se opuseram às medidas restritivas não são responsabilizados se não como genocidas, como cúmplices!? Santa Maria entendeu a tarefa e foi às ruas com a esquerda, sem margem para mal entendidos e cooptações.

Mais uma prova de que estávamos certos saiu no tradicional Diário de SM: Pozzobom propôs à ATU um aumento da tarifa de ônibus para R$ 4,70, reduzindo 100 ônibus da frota na rua e logo após ter autorizado a máfia dos transportes circular sem cobradores [6]. Não precisa ser nenhum especialista, basta ser obrigado a pegar ônibus todos os dias para saber que menos ônibus e ainda sem cobrador geram mais aglomerações. Precisamos aproveitar o caldo político e clima de mobilização para não deixar esse aumento passar, agitando a bandeira da estatização do transporte público e do passe livre. Em outras palavras, precisamos respirar o vento que sopra da América Latina. Estamos no pior momento para recuar, se recuarmos perdemos como no rebaixamento de pautas da esquerda no Equador. Já na Bolívia, Peru e Chile, que estão respirando luta, estão com um futuro muito promissor. Se mesmo com essa mobilização a prefeitura e a burguesia local não se intimidaram com o recado, precisamos e vamos avançar.

[1] https://www.brasildefators.com.br/2021/06/19/rio-grande-do-sul-vai-as-ruas-contra-um-governo-bolsonaro-mais-perigoso-que-o-virus

[2] https://www.brasildefato.com.br/2021/06/18/19j-veja-lista-atualizada-com-locais-de-atos-deste-sabado-19

[3] https://outraspalavras.net/eurocentrismoemxeque/china-e-sua-notavel-e-ignorada-erradicacao-da-pobreza/

[4] https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/06/20/china-ultrapassa-marca-de-1-bilhao-de-doses-de-vacinas-contra-a-covid-aplicadas.ghtml

[5] https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2021/06/17/se-aprovada-mp-eletrobras-podera-estar-sob-controle-privado-no-inicio-de-2022

[6] https://diariosm.com.br/colunistas/colunistas-do-site/deni-zolin/atu-pede-reajuste-da-passagem-para-r-4-70-em-santa-maria-1.2340573