O que é e o que faz a militância comunista?

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Por Lucas Silva – membro do Comitê Central do PCB e da coordenação estadual da corrente sindical Unidade Classista no estado de São Paulo.

1. O comunista sabe vincular a teoria revolucionária à prática concreta em que atua, com profunda e sistemática ligação com as massas populares, tirando lições dessas experiências, desenvolvendo nossa força combativa.

2. A militância comunista, em qualquer lugar que esteja, deve estar vinculada em alguma medida à vida da classe trabalhadora.

3. O revolucionário comunista não pode se propor apenas a ensinar às massas populares, mas sim ao mesmo tempo deve aprender e saber ser discípulo destas. Todos os seus passos levam a marca, a história, a memória e a integridade do povo trabalhador, pois o comunista sabe que só um estreito vínculo com os trabalhadores e trabalhadoras contribui para sua verdadeira educação política.

4. Um comunista deve possuir uma dose saudável de modéstia revolucionária. Essa é uma qualidade que tem mais importância do que à primeira vista pode parecer. A modéstia abre caminhos e fortalece vínculos no trabalho coletivo, pois devemos lembrar que nem mesmo Marx, Engels e Lenin fizeram tudo sozinhos.

5. A consciência coletiva e o espírito de trabalho em grupo é a energia fundamental para as pessoas que integram a vanguarda revolucionária. Esse espírito coletivista, que é lastreado pela modéstia e camaradagem, deve se converter em um combustível para a militância revolucionária.

6. A militância comunista nunca deve esquecer o sentido do título que usamos: camaradas. Pois a camaradagem trata-se de sermos enérgicos, rigorosos, disciplinados, comprometidos, porém, sem perdermos jamais a solidariedade, o respeito, a sinceridade e a fraternidade, seja com a classe trabalhadora e as massas populares, seja com nossos camaradas de trincheiras e lutas.

7. Os comunistas sabem que a convicção e a preparação ideológica não valem nada sem uma coerente conduta prática, caso contrário vira academicismo/pedantismo. Mas uma conduta prática positiva (que deve evitar o simples tarefismo) é insuficiente se não estiver acompanhada de uma preparação ideológica revolucionária.

8. O comunista deve colocar em prática uma política de paciência e serenidade, evitando que esta se transforme em uma política de negligência, de “passar pano”. Ser paciente sem ser negligente, sem deixar passar em branco os problemas e possíveis violações de princípios, seja na política, seja na organização ou no trabalho de massas cotidiano.

9. Somos permeados por questões pessoais e somos frutos da sociedade em que vivemos, mas através do trabalho de massas, da formação ideológica, do convencimento político e dos princípios marxistas-leninistas, é nosso dever colocar os interesses da causa revolucionária, do povo trabalhador brasileiro explorado e oprimido acima dos nossos interesses particulares.

10. Os militantes comunistas devem saber ajudar seus camaradas a reconhecerem suas falhas e suas debilidades. Porém, entendendo que um comunista não deve ser compreensivo por tática, por simples conveniência, e sim porque assim o exigem os princípios revolucionários, procurando não “pesar a mão” de maneira desproporcional nas falhas e erros de seus camaradas.

11. Os comunistas não devem ser desmedidos nem no pessimismo nem no otimismo, utilizando de maneira sábia e equilibrada o pessimismo da razão e o otimismo da vontade.

12. Os comunistas sabem que, na discussão política, devem ser empregados os termos mais objetivos e coerentes, demonstrando, no debate das ideias, no exemplo do trabalho concreto e da história de luta do proletariado, o acerto das suas posições. Sem ceder a baixarias, ofensas e à pequena política. É preciso qualificar o debate político sempre, mas não para responder ao insulto com outro insulto, não para cair em armadilhas e picuinhas, e sim para demonstrar nossa serenidade e a justeza da causa revolucionária para emancipar a humanidade.

13. A militância revolucionária sabe que é preciso extrema flexibilidade tática, de mediações, de formas de conquistar corações e mentes do povo trabalhador brasileiro, entretanto, sabe também que a defesa dos princípios revolucionários e o horizonte socialista são irrenunciáveis para a construção da revolução brasileira e do fim da exploração do ser humano. Sacrificar esses princípios pelos interesses imediatos ou por políticas de manutenção do sistema levaram à ruína uma série de lutas e organizações revolucionárias pelo mundo.

14. A militância comunista sabe que as lutas anti-opressões são parte fundamental e indissociável da luta de classes de maneira geral e na América Latina em particular. Cada combate e pequena vitória contra o machismo, a lgbtfobia, contra os ataques aos povos originários e o racismo, é um passo adiante na consciência de classe do povo brasileiro em direção a derrubada deste sistema que tira nosso sangue, suor e lágrimas. Entretanto, sabemos que é necessário sempre e sempre vincular esses combates à vitória final contra a exploração, dando uma perspectiva classista a essas lutas, sem sufocá-las ou diminuí-las, mas ao contrário, contribuindo para elevá-las ao máximo.

15. A militância revolucionária sabe que a política de independência de classe do proletariado, perante os interesses do grande capital e da burguesia, faz parte dos princípios fundadores da causa comunista, entretanto, mediações e formas pequeno-burguesas de encarar essa independência podem levar ao descolamento do nosso povo. Portanto, devemos estar sempre alertas, vigilantes e trabalhando para diminuir ao máximo essas contaminações.

16. De norte a sul e no país inteiro, os comunistas estarão lado a lado, estimulando, organizando, educando e potencializando as lutas do proletariado brasileiro.

Inspirado no camarada Carlos Fonseca e na causa revolucionária sandinista.

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