Aberto o XVI Congresso do Partido Comunista da Venezuela

Caracas, 04-11-2022 (Redação da Tribuna Popular – PCV)

Com casa cheia foi instalado publicamente o 16º Congresso Nacional do Partido Comunista da Venezuela (PCV) no Teatro Cantaclaro, em Caracas, na última quinta-feira, 3 de novembro, com a participação de uma dezena de delegações de partidos comunistas e operários de quatro continentes, como bem como representações diplomáticas da China, Vietnã, República Popular Democrática da Coreia e Síria. Familiares de líderes históricos do Partido como Cruz Villegas, Luis Emiro Arrieta, Alonso Ojeda Olaechea e Jerónimo Carrera, entre outros, acompanharam este ato emocionado que incluiu também um recital de versos da ilustre comunista venezuelana Olga Luzardo, do grupo Serendipia.

Mais cedo, em plenário interno, foi instalado o presidium que dirigirá os trabalhos do 16º Congresso Nacional, com a presença de mais de uma centena de delegados credenciados. Este é o clímax de uma agenda que começou em março passado, quando o Comitê Central do PCV convocou o mais alto nível do comando dos comunistas venezuelanos. A partir desse momento, dezenas de conferências de células foram realizadas em todo o país para discutir dois documentos fundamentais: as Teses de Atualização do Programa e a Linha Política.

Além disso, a maioria dos delegados que estão hoje em Caracas foram eleitos para discutir a estratégia e as táticas do PCV neste momento de acirramento do conflito de classes e ruptura com a política antipopular do governo nacional. Dentre outras diretivas, renovou-se a Diretoria Política do PCV nos municípios, eixos territoriais e estados de todo o País.

Oscar Figuera: este Congreso aponta um novo rumo para as lutas do povo

O Secretário-Geral do Comitê Central da o PCV, Oscar Figuera, qualificou o 16º Congresso Nacional como histórico porque “marca um novo rumo para as lutas do povo”. Figuera explicou que a atual política do PCV não se trata apenas de uma linha antineoliberal, pois essa é “apenas uma das formas que o capitalismo adquire” e acrescentou que a outra forma é aquela que utiliza recursos para conceder benefícios, mas não toca nos fundamentos da economia.”

“Esta é a forma da social-democracia, da democracia cristã e do chamado progressismo”, disse. “Estas não são as opções dos trabalhadores venezuelanos. A opção do proletariado é uma política anticapitalista e esse é o lema deste Congresso: Ampla Unidade Popular Operária para enfrentar a ofensiva do capital”, acrescentou o dirigente comunista.

Figuera precisou que a principal decisão que tem este Congresso é “construir uma poderosa força que dispute o poder com a burguesia governante”. Lembrou que o processo político de resistência que abriu perspectivas para a libertação de nosso povo” passou para “uma fase de recuo integral de entrega das conquistas sociais e políticas de nosso povo; de traição ao projeto histórico e estratégico que propusemos no final do século passado”.

 “Hoje, os setores que dirigem o processo político na Venezuela, em sua condição de classe burguesa e força mafiosa, estão impondo uma saída capitalista: entregando riquezas; destruição dos salários e das suas organizações, para poder oferecer ao capital numa bandeja de prata uma situação que facilite uma maior exploração do nosso povo”, acrescentou.

Uma jornada de internacionalismo proletário

Partidos comunistas e organizações revolucionárias da Grã-Bretanha, Colômbia, Espanha, Grécia, México, Noruega, Palestina, Panamá, Portugal, Sri Lanka e Suazilândia testemunharam a instalação do Congresso em Caracas, enquanto 45 partidos de todo o mundo enviaram saudações à reunião máxima dos comunistas venezuelanos. Diante dos presentes no Teatro Cantaclaro, o secretário-geral do Partido Comunista Britânico, Rob Griffiths, lembrou a importante campanha de solidariedade realizada este ano pelo movimento trabalhista na Grã-Bretanha para apoiar as lutas da classe trabalhadora venezuelana.

O secretário-geral do Partido Comunista da Suazilândia, Thokozane Kenneth, afirmou que sua organização “está ciente da difícil situação em que se encontra o PCV” e declarou seu apoio às lutas que os trabalhadores da Venezuela estão travando neste momento. O secretário de Relações Internacionais do Partido Comunista da Grécia, Eliseos Vagenas, expressou o apoio do KKE ao PCV “pela defesa combativa de sua independência ideológica, política e organizacional, contra as forças que querem colocá-lo na fila da social-democracia e forçá-lo a ser um partidário da gestão antipopular do capitalismo na Venezuela”.

“Condenamos as campanhas de calúnias e ataques que são dirigidos contra o PCV hoje; como as infames acusações de receber financiamento do imperialismo estadunidense, a censura comunicacional a que estão submetidos, o bloqueio ilegal do direito de falar pelo deputado do PCV, camarada Oscar Figuera, no parlamento, e os impedimentos de apresentação de candidaturas em processos eleitorais anteriores”, acrescentou Vagenas.

Por sua vez, Ángel Chávez, membro do Comitê Central do Partido Comunista do México (PCM), destacou que os ataques da direção do PSUV contra o PCV “têm uma raiz de classe”. “Não toleraremos de forma alguma qualquer ação tendente a atropelar os direitos políticos dos comunistas venezuelanos, nem a intervir em sua vida interna”, enfatizou Chávez. O responsável pela América Latina do Partido Comunista Palestino, Amr Hdiefa, exigiu que o Governo de Nicolás Maduro “pare imediatamente com todos os seus ataques contra o PCV, que têm um papel preponderante na defesa dos interesses da classe trabalhadora e do povo venezuelano”. Dharshana Hettiarachchi, da Frente de Libertação Popular do Sri Lanka, declarou que os ataques contra o PCV “definem a política de seus inimigos” e “o caráter revolucionário” do Partido do Galo Vermelho.

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

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