Galeão: governo, antes de privatizar, doa mais R$ 153 milhões de ‘brinde’ ao futuro dono privado!

No Brasil sob comando petista, a farra viaja de supersônico e o capital navega “em velocidade de cruzeiro”. Após o governo anunciar a mega operação de entrega de nossa logística ao capital privado, com subsídios do BNDES e a redução de direitos trabalhistas, a novidade é que a Infraero iniciou nova etapa de obras no Aeroporto do Galeão, ao custo estimado de R$ 153 milhões, para torná-lo mais “atraente” em sua próxima privatização.

Portanto, teremos a derrama dessa milionária quantia para que os futuros donos das instalações não precisem fazer tal investimento. Agindo como um Robbin Wood às avessas, o PT mais uma vez retira recursos de um Estado que não oferece condições dignas de educação e saúde para fazer mimos absurdos à grande burguesia. Surpreende ainda mais que tal operação seja feita em um momento de greve generalizada do funcionalismo público, em mais uma prova de que o governo está, no bom português, “pouco se lixando” para os trabalhadores.

Esses R$ 153 milhões, entretanto, não dão a dimensão integral da derrama generosa de dinheiro público ao capital: desde 2008, quando as melhorias começaram a ser feitas no aeroporto; até 2014, o total de recursos públicos gastos com obras no Galeão será da ordem de R$ 650 milhões – oriundos tanto do orçamento da Infraero quanto diretamente dos cofres da União.

O futuro controlador privado agradece, com a alegria nas nuvens, até porque, ao final das obras, a capacidade de passageiros do aeroporto vai saltar dos atuais 17,4 milhões por ano para 44 milhões. Se antes o Galeão operava com ociosidade, hoje é o segundo maior aeroporto brasileiro (1,6 milhão de passageiros por mês, atrás apenas de Guarulhos e à frente de Brasília e Congonhas, ambos com 1,3 milhão).

Já o terminal de cargas, uma de suas principais fontes de receita, está sendo remodelado e receberá equipamentos mais modernos, para transporte automatizado de produtos. Em 2011, por lá passaram 41,1 mil toneladas de produtos para exportação e 46,7 mil toneladas em importação. Por fim, a pista de pouso e decolagem será alargada para receber aviões do modelo A380, a maior aeronave de passageiros existente no mundo.

Mais gente circulando, mais cargas transportadas, capacidade para receber todo e qualquer avião comercial. Enfim, aumento da receita – que será entregue à iniciativa privada com R$ 650 milhões de “presente” do PT.

Em tempos de crise econômica mundial, com os “mercados” numa “fria”, é inevitável pensar que muito burguês deve estar esfregando as mãos de ansiedade, ao som de Chico Buarque:

“Vai meu irmão

Pegue esse avião

Você tem razão

De correr assim

Desse frio, mas beija

O meu Rio de Janeiro

Antes que um aventureiro

Lance mão…’

* Paulo Schueler é membro do Comitê Central do PCB

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