Brasil é quarto exportador de pistolas e rifles

A venda de armas brasileiras dobrou em apenas três anos, e o País se consolidou como o quarto maior exportador de pistolas e rifles do mundo. Dados divulgados nesta semana apontam que o comércio mundial de armas leves legalizadas é duas vezes maior do que se estimava em 2006. O consumo foi impulsionado pelos gastos com conflitos no Iraque e no Afeganistão e pela busca cada vez maior de armas pela própria população dos Estados Unidos.

Os cálculos apresentados pela entidade Small Arms Survey, com base em dados da Organização das Nações Unidas (ONU), indicam que o comércio de armas como pistolas, rifles e mesmo fuzis Kalashnikov chegaria a US$ 8,5 bilhões por ano. O valor foi calculado com base nas informações de 2009, consideradas na ONU como as mais recentes e que envolveriam todos os países. Três anos antes, as vendas eram estimadas em US$ 4 bilhões.

O posto de maior exportador mundial de armas leves é dos Estados Unidos, com pelo menos US$ 705 milhões em vendas. O segundo lugar é da Itália, com pouco mais de US$ 507 milhões. A indústria alemã vem na terceira colocação, com US$ 452 milhões.

Com vendas principalmente para os Estados Unidos, Malásia, Reino Unido, Alemanha e Colômbia, a exportação brasileira coloca o País na quarta posição, com US$ 382 milhões, superando as vendas de tradicionais fabricantes de armas, como Japão, Suíça, Rússia e França.

Pelos dados coletados pela entidade, as exportações brasileiras mais que dobraram em apenas três anos – em 2006, estavam no patamar de US$ 166 milhões. Em relação a 2004, as vendas nacionais praticamente se multiplicaram por três. Parte da expansão se deu pelas vendas ao mercado americano, há dez anos o maior importador de armas.

Pistolas, munição e rifles de caça estão entre os itens mais vendidos pela indústria nacional, segundo o estudo. Mas a avaliação alerta que o registro de exportações de armas no Brasil é pouco transparente e que, na realidade, tudo levaria a crer que as vendas nacionais são bem superiores ao que apontam os dados da Small Arms Survey.

“O Brasil não relatou as exportações de armas militares, revólveres, pistolas, partes e acessórios e munições ao Contrade (base de dados da ONU) de 2009”, alertou o estudo. “Portanto, os valores dessas categorias, baseado nas informações de importadores, estão provavelmente subestimados.”

Ilegalidade. Se a venda de armas ilegais fosse contabilizada, as estimativas apontam que o comércio do produto superaria US$ 10 bilhões. O próprio secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, acredita que mais de 500 mil pessoas morrem anualmente atingidas por armas vendidas ilegalmente.

Há apenas um mês, a ONU fracassou em chegar a um acordo para a criação de um tratado que regularia o comércio de armas e que, segundo as estimativas, movimenta, no geral, um total de US$ 60 bilhões por ano.


Estoques chegam a patamares recordes com desaceleração

Valor Econômico

Os balanços do segundo trimestre, os piores dos últimos anos, já ficaram para trás, junto com a desvalorização cambial responsável por boa parte dos números ruins.

No entanto, as empresas ainda não conseguiram se livrar de uma herança deixada pelo desaquecimento do consumo: os níveis de estoques, em reais ajustados pela inflação, são os maiores desde o fim de 2008, no pico da crise financeira que paralisou a economia mundial.

Um levantamento com dados de 200 companhias de capital aberto feito pelo Valor com base em dados da consultoria Economática mostra que os estoques chegaram a R$ 141,58 bilhões no fim de junho, 8% maior que o volume de doze meses antes.

Em termos absolutos, o valor de junho é 14% maior que o de dezembro de 2008, em números deflacionados. No entanto, numa comparação com o total do ativo circulante (onde fica a conta dos estoques no balanço patrimonial), os estoques deste ano representavam 23,2% do ativo, enquanto em 2008 essa relação era maior, de 25%. Ainda assim, a relação deste ano é a segunda maior da série.

O mercado aguardava uma melhora econômica para o começo do ano, o que obviamente não aconteceu, explica o estrategista da Santander Corretora Leonardo Milane.

“A melhora não veio, os indicadores pioraram e isso ficou refletido até em preços das ações.”

A pesquisa Sondagem Industrial, feita mensalmente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), tem confirmado ao longo dos últimos meses a tendência de alta dos estoques.

“A utilização da capacidade instalada continua abaixo do usual para o período, os estoques cresceram e o processo de escoamento dos estoques indesejados segue de maneira lenta”, afirma a confederação em sua pesquisa do mês de julho.

Flávio Castelo Branco, gerente executivo de política econômica da CNI, explicou em conversa com o Valor que esse cenário é consequência da queda do consumo interno.

A desaceleração aconteceu com a exaustão de alguns estímulos do governo, o endividamento da população que esteve alto e os juros que só começaram a cair em agosto do ano passado – e que demoram a surtir resultados na indústria.

“O nível de estoques deve ter chegado no seu ápice na virada do primeiro para o segundo semestre, mas ainda não temos nenhum dado que confirme a superação do problema”, comenta Castelo Branco. O especialista acrescenta que é preciso esperar mais um pouco para ver se o processo se completou.

Muitas empresas apostaram no recuperação da demanda neste ano e se deram mal. A fabricante de implementos rodoviários Randon fechou junho com o primeiro prejuízo trimestral desde 2002. Seus estoques chegaram a patamares recordes.

Com consequência, as empresa teve que buscar mais recursos e aumentar o endividamento para suprir, como explicou no material de divulgação dos resultados, “o aumento da necessidade de capital de giro causado pela rubrica de estoques, elevados por conta da postergação de entregas” por conta da menor demanda dos clientes.


Japão rebaixa projeções e PIB pode cair

Valor Econômico

O governo do Japão revisou para baixo a sua avaliação para o desempenho da terceira maior economia do mundo, no momento em que analistas preveem que o PIB do país poderá se contrair no terceiro trimestre.

Segundo relatório divulgado ontem, a economia japonesa está ameaçada por “uma maior desaceleração de economias no exterior e acentuadas flutuações nos mercados financeiro e de capital”.

O governo previu pioras no consumo pessoal, na construção civil, nas exportações, importações e na produção industrial. No entanto, estimou uma melhora no mercado de trabalho. “A crise da dívida na Europa está tendo o efeito de um golpe para a economia do Japão”, disse Yoshimasa Maruyama, economista-chefe da Itochu, em Tóquio. “As preocupações sobre as perspectivas econômicas do Japão provavelmente pressionarão o banco central a aplicar mais estímulo monetário.”

O JPMorgan Securities prevê uma retração anualizada de 0,3% no PIB japonês entre julho e setembro, enquanto o BNP Paribas estima que a queda será de 0,9%. Mas outros analistas ouvidos pela Bloomberg estimaram, em média, alta de 1%, apoiada na reconstrução após o terremoto de 2011.


Militares esperam mais e Planalto ainda avalia

O Estado de S. Paulo

O Palácio do Planalto está fazendo os últimos acertos com os Ministérios da Fazenda e da Defesa para definir o porcentual do reajuste a ser dado aos militares. Nas últimas negociações ficou decidido que aumento não será inferior a 27,5%. Os militares esperam chegar aos 30%, em três parcelas para os próximos três anos.

O principal impasse com a Fazenda, neste momento, é em relação ao valor da primeira parcela. Os militares não querem reajuste divido por três por entender que estão com os salários muito defasados – e pedem um v alor maior na primeira parcela. O impacto estimado na folha de pagamentos é de cerca de R$ 10 bilhões, ao final dos três anos.

A presidente Dilma Rousseff já sinalizou que está disposta a dar um aumento maior do que o prometido aos civis. A Polícia Federal também poderá ser beneficiada com um reajuste bem acima dos 15,8% oferecido como média aos demais servidores. Em tabela comparativa apresentada pelos militares, mostrando os aumentos que oito carreiras de Estado tiveram de dezembro de 2002 a julho de 2010, os militares ficaram com 85,29% – a menor parcela, seguidos pelos 95,15% da Polícia Federal. Na ponta de cima, procuradores federais e os advogados da União foram contemplados com 212,34% e os diplomatas 202,54%. Uma das maiores dificuldades de concessão de reajuste para os militares é o peso da folha – que soma, entre ativa e reserva, 500 mil pessoas. O orçamento do Ministério da Defesa para 2012 é de R$ 64,794 bilhões. Desse total, 69,9%, vão para pagamento de pessoal e encargos. Dos cerca de R$ 45,3 bilhões destinados só a pessoal, R$ 28,5 bilhões representam o pagamento de inativos e pensionistas.


Vale pode cortar plano de investimento de 2013 em 20%

Valor Econômico

O novo plano de investimento da Vale para 2013 é previsto pelo mercado entre US$ 17 bilhões e US$ 17,2 bilhões, devendo sofrer corte de 20% ante os US$ 21,4 bilhões anunciados para 2012. O ajuste, projetado por analistas do Santander e do Goldman Sachs, é consequência da queda do preço do minério. A commodity responde por 72% da receita da empresa, incluindo pelotas. Ontem, foi cotada a US$ 95,50 no spot chinês, o piso do ano até agora.

A direção da Vale deve divulgar o novo orçamento em novembro, no “Vale”s Day”, em Nova York. Para Felipe Reis e Marcelo Aguiar, analistas dos dois bancos, não deve anunciar cortes abruptos ou engavetamento de alguns dos 21 projetos orgânicos em desenvolvimento na companhia e já aprovados pelo conselho. O destaque da lista é o S11D, Serra Sul, e sua logística, considerado “intocável” por Murilo Ferreira, presidente da companhia.

A Vale, segundo entendimento de Reis e Aguiar, deve cortar capex (investimento) de manutenção e gastos em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) e manutenção [de projetos], itens administráveis. A perspectiva de “cortar na carne” só será viável se o preço do minério continuar caindo por um bom período de tempo imprevisto, arriscam.

Aguiar acredita ser possível haver mais lentidão no ritmo de projetos, como o de potássio de Rio Colorado, na Argentina, avaliado em quase US$ 5 bilhões, no qual a companhia já dispendeu US$ 1 bilhão.

Em relatório sobre a companhia, Reis levantou os 21 projetos estratégicos em andamento na Vale, envolvendo minério, carvão, cobre, níquel, potássio, energia, aço e logística, cujo investimento total soma US$ 57,6 bilhões. Até agora, a empresa já investiu US$ 14,7 bilhões desse montante. Falta ainda aplicar US$ 42,8 bilhões em projetos que entrarão em operação até 2016. Nos cálculos de Reis, a Vale vai precisar dispender US$ 11 bilhões por ano, nos próximos quatro anos, para finalizar estes investimentos, em falar em gastos com manutenção.

No ambiente atual de retração do minério, a perspectiva é da Vale ter de recorrer a dívida para terminar os projetos ou, dependendo do cenário, congelar alguns. Hoje, as apostas do mercado e mesmo das mineradoras são de que o minério se recupere no final de 2012 ou em 2013 caso as minas da China, com custo marginal de produção, desliguem sua produção ou reduzam a oferta do produto. Isto abriria espaço para a recuperação do preço fortalecendo as gigantes do mercado transoceânico: BHP Billiton, Vale e Rio Tinto.

Nesse ambiente incerto, os analistas trabalham com perspectiva de forte redução do caixa operacional dessas mineradoras neste ano e, consequentemente, dos investimento de US$ 21,4 bilhões para o patamar de US$ 17 bilhões para se adaptar a um resultado operacional (Ebitda) menor. Isso vai atingir também o pagamento de dividendos, estimado em US$ 6 bilhões para este ano e US$ 4 bilhões em 2013.

As projeções de Ebitda da Vale em 2012 ficam entre US$ 19,7 bilhões e US$ 20 bilhões, segundo Santander e Goldman, bem menos que US$ 32 bilhões e US$ 21,7 bilhões de antes. Em 2013, projetam US$ 25,7 bilhões e US$ 26,1 bilhões, respectivamente. O Santander estima preço médio da tonelada do minério na China de US$ 120 este ano e US$ 129 em 2013. O preço médio de venda da Vale, incluindo desconto, estimado pelo Santander, é de US$ 95 neste ano e US$ 104 em 2013.


BCE enfrenta novo desafio para o euro

O Estado de S. Paulo

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, não vai participar do encontro anual de membros de bancos centrais em Jackson Hole no fim desta semana. Esperava-se que Draghi discursasse no encontro, mas a reunião no Estado americano de Wyoming acontece no momento em que as autoridades do BCE estão elaborando os detalhes de um novo plano de compra de títulos para combater a crise da dívida.

Draghi ajudou o euro a sobreviver no mês de agosto. A pergunta é: conseguirá salvá-lo em setembro? Este mês, o presidente do BCE não deu a menor importância ao pessimismo dos operadores internacionais, convencidos de que o projeto da moeda comum europeia estava entrando em colapso.

“É inútil apostar contra o euro. É inútil vender posições em euros no mercado futuro”, disse em uma coletiva no dia 2, uma semana depois de bradar ao mundo que o BCE faria tudo o que fosse necessário para salvar a união do euro.

Os investidores, ou pelo menos os que se aventuraram nos mercados pouco negociados neste mês, ficaram atentos.

Desde o dia 2, o euro vem apresentando uma valorização de 3,1% em relação ao dólar. E o que é mais notável, ações e títulos afetados pelo mercado subiram vertiginosamente, porque os pessimistas correram para zerar suas apostas negativas, e até mesmo alguns operadores avessos ao risco preferiram ir em busca dos ativos que anteriormente haviam desprezado.

Entretanto, será o mês de setembro que testará de fato a coragem demonstrada por Draghi para fazer o mercado se mexer. No próximo mês, ele sofrerá fortes pressões para fornecer detalhes específicos do seu plano destinado a respaldar os membros mais fracos da zona do euro comprando os títulos de suas dívidas,

O primeiro grande teste poderá ocorrer no dia 6 de setembro, quando o Conselho Diretor do BCE se reunir. Depois disso, Draghi, mais uma vez, fará uma coletiva para tentar explicar o que o banco central fez ou deixou de fazer. Os operadores pessimistas deverão, mais uma vez, estremecer a qualquer sinal de hesitação do BCE.

Além disso, teme-se que a Alemanha se recuse a dar à Grécia o tempo e os recursos imprescindíveis para reduzir o seu endividamento, que poderá expulsá-la do bloco monetário do euro. E há também a possibilidade de que uma decisão da Corte Constitucional da Alemanha, prevista para o dia 12 de setembro, determine o não envolvimento da Alemanha no novo fundo de ajuda da região, o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE).

Divisão. O cisma nos círculos políticos europeus acabou sendo revelado nos últimos dias. Em uma entrevista à revista Der Spiegel, publicada no domingo, o presidente do banco central alemão, Jens Weidmann, que também faz parte do Conselho Diretor do BCE, criticou energicamente a ideia de uma intervenção do banco europeu nos mercados de títulos.

Mas na segunda-feira, Joerg Asmussen, membro alemão do Conselho Executivo do BCE, que foi colega de Weidmann, no governo da chanceler Angela Merkel, disse em um discurso em Hamburgo que o BCE precisa comprar títulos para estabilizar os mercados da dívida.

As apostas para Draghi são tão elevadas que, ontem, o BCE anunciou que ele decidira cancelar sua participação na reunião anual dos presidentes de bancos centrais globais no fim desta semana, alegando estar assoberbado de trabalho.

Apesar das incertezas, até os mais acirrados pessimistas em relação ao euro agora parecem dispostos a dar a Draghi o benefício da dúvida. E se ele conseguir sustentar sua posição no mercado, terá resolvido um problema que atinge o cerne desta prolongada crise do euro: como convencer os operadores a comprarem e segurarem ações e títulos denominados em euros nas economias de maior risco da região.

“Vocês não vão voltar para a lira ou para a dracma ou seja lá o que for”, declarou Draghi na mesma coletiva no início de agosto.

Referindo-se à moeda anteriormente em vigor em seu país de origem, a Itália, e colocando-a no mesmo nível da combalida Grécia, Draghi – que teve um papel fundamental na criação do euro – assinalou que estava tomando o ceticismo dos pessimistas em termos pessoais.

Ação. Do ponto de vista dos mercados financeiros, ele mostrou ter grande poder de fogo ao sugerir que o BCE poderá comprar os títulos de países como Espanha e Itália, se estes se comprometerem a cumprir as rigorosas medidas destinadas a reduzir os déficits e a reestruturar suas economias.

Desde que Draghi tomou as rédeas do BCE em Frankfurt, no fim do ano passado, os investidores apostam que ele não conseguirá convencer o maior financista da zona do euro, o BC da Alemanha, a apoiar qualquer forma de compra sustentada de títulos porque seria considerada uma ajuda a governos dados a gastos descontrolados.

Entretanto, atualmente vem se espalhando a percepção de que Draghi pode estar perto de convencer a Alemanha de que alguma forma de intervenção do banco central – por exemplo, comprometendo-se a comprar títulos espanhóis ou italianos quando eles subirem acima de determinado juro – pode se justificar. O desafio é apresentá-la simplesmente como mais um passo rumo à união fiscal se os membros da zona do euro em grave dificuldade cederem a Bruxelas uma parte maior do controle sobre seus orçamentos.


BC deve cortar Selic hoje pela 9ª vez seguida

O Estado de S. Paulo

Há um ano, o Banco Central dava início ao mais polêmico ciclo de cortes da taxa básica de juros, que pode acabar em breve. A aposta praticamente unânime do mercado financeiro é que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC anuncie no início desta noite o nono corte consecutivo da taxa Selic, dos atuais 8% para 7,5% ao ano. A dúvida agora é se haverá outras reduções da taxa que serve de parâmetro para o preço do dinheiro na economia e para a poupança.

Por isso, o foco dos economistas estará, principalmente, no comunicado que acompanha o anúncio do Copom. Há basicamente três avaliações. A primeira é que o BC pare de reduzir a taxa após a decisão de hoje, apostando na recuperação da economia daqui para a frente e de olho na expectativa de alta da inflação em 2013. Essa é a visão da consultoria LCA, que conta com queda menor do juro agora e espera ainda que o BC não eleve tão cedo a Selic no próximo ano.

A aposta ainda predominante, no entanto, é que a instituição reduza os juros novamente na reunião marcada para o início de outubro. Nesse caso, o BC pode optar por uma redução para 7,25%, como prevê a maioria dos analistas, ou até chegar a 7%. Em todos os casos, trata-se dos menores níveis da história.

No mercado de juros futuros, por exemplo, os contratos negociados ontem na BM&F Bovespa apontavam para esse caminho. O juro projetado para janeiro de 2013 estava em 7,26%.

Muitos também acreditam que o BC deixará “porta aberta”, ou seja, vai esperar novos dados para reavaliar a política de juros. “O BC vai proceder com maior cautela após essa reunião, devendo sinalizar para o mercado que o prolongamento do ciclo de afrouxamento monetário até a reunião de outubro dependerá da evolução tanto da atividade econômica doméstica quanto do cenário internacional”, diz o estrategista-chefe do Banco WestLB, Luciano Rostagno.

No próximo dia 31, fará exatamente um ano que o BC iniciou o ciclo de corte dos juros que surpreendeu o mercado. Na época, a Selic estava em 12,5%. Apesar do risco de a inflação ultrapassar o limite da meta, a instituição disse na época que a crise internacional iria durar mais que o esperado e jogaria para baixo o crescimento da economia e também os índices de preços.

Desde então, a avaliação dos economistas é que o BC está mais focado na recuperação da atividade do que nos riscos para a inflação, esta última, sua missão oficial. Também é quase unânime o entendimento de que o BC acertou ao se antecipar à desaceleração da atividade.

Consumidor. Até agora, os números da economia geram mais dúvidas do que certezas. O mês de junho apresentou os dados mais positivos desde o início de 2011, mas alguns indicadores de julho mostram que a atividade segue em ritmo lento, e economistas já veem um crescimento abaixo de 2% neste ano.

Um dos principais objetivos do corte da taxa básica é baratear o crédito. Os dados já divulgados mostram que, até agora, os juros caíram mais por causa da política dos bancos públicos de cortarem suas margens do que pela ação do BC.

Outro efeito direto para o consumidor é a rentabilidade menor da nova poupança. Com o juro básico em 8% ao ano, os depósitos feitos a partir de 4 de maio deste ano rendem 0,4551% ao mês, mais a variação da TR. Os depósitos anteriores a essa data rendem 0,5% mais taxa referencial.


Usinas suspensas no Pantanal

Correio Braziliense

A Justiça Federal em Mato Grosso do Sul suspendeu as licenças ambientais para instalação de hidrelétricas no Pantanal, até que seja realizado um estudo de impacto na região. A decisão judicial interrompeu o andamento dos projetos de 126 usinas em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, sendo a maioria delas pequenas centrais hidrelétricas que podem gerar até 30 megawatts de energia. Enquanto ambientalistas defendem a realização de novas pesquisas, o instituto que concede as licenças afirma que o sistema das usinas não afetará o regime de seca e cheia dos afluentes. O Pantanal vive dos rios que descem do Planalto Central e inundam a planície.

Concurso para estudantes universitários

A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) promove o Prêmio SIP Universitários, voltado para estudantes do ensino superior, com o tema Liberdade de Expressão no nosso dia a dia. A premiação faz parte das ações de comemoração dos 70 anos da SIP e é aberta a alunos matriculados em qualquer curso superior reconhecido pelo MEC. Para participar, os universitários devem se inscrever em uma das seguintes categorias: foto, texto ou videojornalístico. As inscrições podem ser realizadas pelo site: http://www.sipuniversitarios.com.br, até 21 de setembro. Os materiais produzidos poderão ser publicados em veículos nacionais que formam o Comitê Anfitrião, entre eles, os integrantes dos Diários Associados.

Aluna consegue reforma na escola

A iniciativa da menina Isadora Faber, 13 anos, de criar uma página no Facebook para denunciar os problemas de infraestrutura na escola surtiu efeito. A secretária de Educação de Florianópolis (SC), Sidneya Gaspar de Oliveira, determinou, em reunião na tarde de ontem, que será feita uma reforma na Escola Básica Maria Tomázia Coelho. Em nota, a Sidneya elogiou a atitude da aluna e destacou que a página Diário de Classe funciona como uma espécie de “ouvidoria”. Ao defender-se das alegações de que a escola teria censurado a página, a diretora da instituição, Liziane Diaz Farias, declarou que só houve uma conversa com a mãe de Isadora, Mel Faber, em relação à exposição de imagens dos alunos.

Brasileira morta em casa na Flórida

Uma brasileira foi encontrada morta a tiros em casa em Orlando, Flórida (EUA). Segundo o jornal Orlando Sentinel, policiais encontraram o corpo da massoterapeuta Jorgete Acarie, 43 anos, no último domingo. O filho dela de 2 anos também estava no apartamento e está sob custódia do Departamento da Infância e Família. Segundo investigações, o americano Kristofer Gould, 34, ex-namorado da brasileira, é o principal suspeito. O casal teria terminado o relacionamento no início do ano passado e, desde então, ele a perseguia. Jorgete já tinha, inclusive, feito registro na polícia por causa da perseguição do homem, que está foragido. A assessoria de imprensa do Itamaraty informou que representações brasileiras no país não foram contatadas até o momento sobre o caso.


Empresários fazem coro e pedem a Mantega manutenção de IPI menor

Valor Econômico

Como era esperado, empresários de setores atendidos pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aproveitaram o encontro com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para pedir prorrogação da medida e a inclusão de novos produtos na lista dos desonerados. Mantega, apesar de ter considerado o resultado dos benefícios positivo, não sinalizou como o governo deverá agir.

Na sexta-feira, chegam ao fim os incentivos aos fabricantes da linha branca e do setor automotivo. Prevalecem na área econômica, porém, dúvidas sobre se uma nova prorrogação do IPI reduzido continuará surtindo os mesmos resultados para a economia.

“O ministro não se comprometeu com absolutamente nada, mas em pouco tempo tem que dar as soluções porque todas as medidas têm prazo de validade”, disse o presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Cláudio Conz.

Hoje, Mantega fará uma nova rodada de avaliação dos benefícios concedidos à indústria automotiva. Ele vai se encontrar, pela manhã, com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Na reunião realizada ontem, Mantega afirmou que a economia está se recuperando de forma gradual. A perspectiva é de que a economia brasileira cresça num ritmo entre 4% e 4,5% no próximo ano.

“O ministro aprendeu a lição com a presidente Dilma e quis saber os detalhes, incluindo o que está depois da vírgula”, contou o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Walter Cover. Ele quer que o IPI reduzido para o setor, que termina em 31 de dezembro deste ano, seja estendido até o fim de 2013. Além disso, pediu que a lista de produtos desonerados seja ampliada para mais 50 itens.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Eletro Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, pediu para que o IPI reduzido para a linha branca seja prorrogado até o final do ano. Ele explicou que a produção industrial do setor de eletro e eletrônico teve uma queda de 10% no primeiro semestre, mesmo com o crescimento de 8,6% da produção da linha branca. “Essas medidas [de desoneração] são positivas para o consumidor e para o crescimento da atividade industrial”, frisou. “Tenho uma expectativa positiva quanto à prorrogação”, acrescentou Barbato. Já o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), que representa o setor da linha branca, Lourival Kiçula, destacou que, se queda do IPI não for prorrogada por mais quatro meses “claramente as vendas vão diminuir”. Caso o governo atenda o pedido da entidade, Kiçula disse que este será um ano “magnífico” para o setor.

O presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), José Luiz Fernandez, acredita que este é o momento para o governo manter o IPI baixo para contemplar as vendas de Natal. A redução do IPI para móveis vale até dia 30 de setembro.


Estiagem vai aumentar o preço da energia em 2013

Valor Econômico

A forte seca que atingiu o país neste ano deixou os reservatórios mais secos, afetou o preço de energia no mercado livre e deve influenciar o valor das contas de luz dos consumidores cativos – residenciais, industriais e do comércio – no próximo ano. O nível dos reservatórios do Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste está abaixo do normal para esta época do ano.

De acordo com o controle do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a capacidade total dos reservatórios do Nordeste encerrou julho com 60,4% de energia armazenada, quase um quarto abaixo do nível registrado no mesmo período ano passado, quando ficou em 79,59%. Além disso, o nível de julho deste ano foi o menor desde 2003. Com a persistência da falta de chuva, a situação se agravou em agosto. No dia 27, o ONS registrou nível de 53,1% de energia armazenada nos reservatórios da região. No mesmo dia, em 2011, esse percentual havia sido de 75,1%.

No sistema Sudeste/Centro-Oeste, o principal na geração das hidrelétricas, o nível em julho deste foi de 66,91% de energia armazenada, o mesmo de 2010 e também muito inferior ao mesmo mês do ano passado (80,65%). O ONS só havia registrado situação mais crítica na região dez anos antes, quando os reservatórios do sistema atingiram volume médio de 61,69%. No dia 27, os reservatórios do sistema estavam com 59% de capacidade. Um ano antes, ele estava em 75,1%.

A primeira consequência da queda do nível dos reservatórios foi o aumento do preço da energia no mercado livre. Segundo dados da comercializadora e gestora Safira Energia, o MWh foi comercializado, em média, a R$ 102 em julho. No mesmo período de 2011, o preço havia sido de R$ 33. Mikio Kawai Junior, diretor-executivo da Safira, lembra que no ano passado a época de chuvas deixou os reservatórios com um nível muito elevado, enquanto neste ano o clima se mostrou atípico, com março seco.

“A queda no nível e a perspectiva de que a estação chuvosa ainda vai demorar alguns meses para começar fizeram com que o sistema nacional acionasse outros tipos de matriz energética, como usinas a óleo e a gás, que são substancialmente mais caras. Ano passado, quase toda a energia comercializada era de fonte hídrica”, explicou Kawai. Segundo o diretor, de janeiro a julho os reservatórios de todo o país armazenaram 2.885 milímetros de chuvas, quantidade 17% menor do que no mesmo período do ano passado.

Para Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), o custo do acionamento maior de usinas térmicas para abastecer a demanda só será repassado ao mercado cativo após o vencimento dos contratos anuais firmados pelas distribuidoras. “A compra mais cara de hoje vai sempre para o ano seguinte. As geradoras repassam logo o custo quando muda a matriz, diferentemente das distribuidoras, que amortecem o aumento. O preço de hoje é fruto do cenário do ano passado, em que a energia de origem hidráulica teve maior participação no consumo total”, informou.

De acordo com o ONS, as térmicas representaram 4,5% do total de energia consumido no ano passado. Em 2010, quando a estação seca teve características como a deste ano, a fatia foi de 7,3%.

Apesar de o retorno das chuvas estar previsto para outubro, apenas no mês seguinte o efeito de reservatórios mais cheios deve chegar ao mercado. Até lá, a estimativa é que o preço médio para o mercado livre fique em torno de R$ 150, menos para a energia consumida pelos nordestinos, que está sendo mais afetada. “A seca está mais forte nessa região. Esperamos um descolamento nos preços, com o MWh devendo chegar a até R$ 250”, disse Mikio Kawai Junior.

Paulo Toledo, sócio-diretor da Ecom Energia, prevê preços altos no segundo semestre. Segundo ele, caso setembro registre um volume considerável de chuvas, os preços entram na descendente em outubro. “O mercado está mais volátil neste ano em função das flutuações atípicas e do tempo, mais seco que o normal”, disse.

A Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace) também projeta aumento de preços, mas não apenas para o consumidor livre. De acordo com o presidente-executivo da associação, Paulo Pedrosa, o Preço de Liquidação de Diferença (PLD) da energia – que não conta o ágio na venda no mercado livre – está hoje em torno de R$ 140 o megawatt-hora. Com as reservas mais baixas, estão sendo acionadas térmicas a gás que produzem a cerca de R$ 150 o MWh.

No entanto, até que o nível de água nos reservatórios aumente, a demanda fará com que térmicas a combustível, como o diesel, entrem em operação, com preços ainda maiores, de cerca de R$ 400 o MWh segundo ele.

As regiões Sul e Norte, que juntas geram 10% no total da energia hidrelétrica produzida pelo país, também estavam em julho com um nível que não era registrado nos últimos anos. No Norte, os reservatórios operavam com 79,58% da capacidade, e no Sul, com 73,91%.

A chamada “curva de aversão ao risco”, calculada pelo ONS e que define a partir de que momento as térmicas são mais ou menos acionadas, foi elevada ontem, mas ainda indica um espaço razoável para a operação segura do sistema (ver reportagem abaixo). A curva é o limite da capacidade dos reservatórios antes que a oferta de energia elétrica seja comprometida. “Não temos problema de segurança energética. Estamos seguros, mas para isso usamos recursos mais caros, afetando todo o sistema. O que é paradoxal em um ano em que o governo está tentando atacar o problema do preço da energia no país”, observou Pedrosa.

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