BC prevê PIB de 1,6% e indica que juro não vai subir

A economia brasileira vai crescer menos e conviver com mais inflação este ano, informou o Banco Central. Por outro lado, a taxa de juros não deverá subir no ano que vem, ao contrário do que vêm afirmando os analistas do mercado financeiro. As novas projeções fazem parte do Relatório de Inflação, divulgado ontem.

A previsão de crescimento do PIB foi cortada de 2,5% para apenas 1,6%, nível classificado de “piada” pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, há apenas três meses. Ontem, ele evitou a imprensa. Passou a manhã reunido com a presidente Dilma Rousseff. O Planalto minimizou o corte da estimativa, avaliando que a economia já está reagindo aos estímulos dados pelo governo.

Também a inflação ficará maior do que o esperado. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deverá chegar ao fim do ano em 5,2%, ante 4,9% projetados em junho. Para 2013, a projeção é de 4,9%.

Os valores estão acima do centro da meta de 4,5% definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), mas dentro da margem de tolerância de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos.

O diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton de Araújo, não descartou novos cortes na taxa básica de juros, atualmente em 7,5%. Reconheceu, porém, que, após a redução de 0,5 ponto realizada no fim de agosto passado, “o espaço para corte dos juros diminuiu”.

Araújo também avaliou que, em 2013, os preços seguirão comportados. “Entendo que há mais risco para baixo do que para cima.” As duas declarações, combinadas, foram lidas pelo mercado financeiro como sinal que os juros permanecerão estáveis em 7,5% por um bom tempo, contrariando as estimativas dos analistas privados, que projetam a taxa em 8,25% no fim de 2013. Mas concordam com o que disse o ministro Mantega ao Estado no dia 16: que não será necessário subir os juros no ano que vem.

Os números do BC, porém, destoam das declarações de Mantega em outros pontos. Ao avaliar que a atividade econômica está em recuperação, o Relatório estima que, no fim do primeiro semestre de 2013, a economia estará crescendo a uma velocidade de 3,3% ao ano. É bem distante do que espera Mantega – uma taxa anualizada na casa dos 4% nos próximos três meses.

Houve diferença também em relação ao impacto do corte nas contas de luz sobre a inflação de 2013. Enquanto Mantega espera uma redução de até 1 ponto porcentual na taxa, o BC fala em efeito “na vizinhança” de 0,5 ponto.

No Relatório, o BC ainda alfineta o Ministério da Fazenda em relação à política fiscal. Essa variável era tratada pela autoridade monetária como um auxílio no corte de juros, mas ontem foi classificada como “ligeiramente expansionista”. Grosso modo, quer dizer que o governo vem aumentando os gastos, o que pode puxar a inflação para cima


Valor da Petrobras cai R$ 65 bi em dois anos

Valor Econômico

Dois anos depois da capitalização da Petrobras, que aumentou a base acionária da companhia em 48%, há poucos motivos para comemoração entre investidores. O valor de mercado da empresa agora é de R$ 303 bilhões, R$ 65 bilhões a menos que em 27 de setembro de 2010, quando houve a cerimônia de lançamento dos novos papéis na bolsa.

Para que a Petrobras recupere o seu maior valor de mercado histórico, do dia 21 de maior de 2008, quando valia R$ 510 bilhões, as ações preferenciais precisam subir 53% a partir do nível atual e as ordinárias, 80%. Para os acionistas, a distância é ainda maior (ver mais nesta página).

Os papéis preferenciais acumulam queda de 19% desde 31 de agosto de 2009, quando a megaoferta foi anunciada, enquanto as ações ordinárias desvalorizaram-se 31% no mesmo período.

Desde o dia em que reestrearam no mercado, depois da capitalização, a baixa é mais amena: de 7% para as ações preferenciais, mais líquidas e sem direito a voto, e de 15% para as ordinárias.

A desvalorização é ainda mais preocupante considerando que a perspectiva de produção de mais de um milhão de barris por dia no pré-sal a partir de 2017 está, ao menos parcialmente, incorporada ao preço da ação.

“Somos conhecidos no mundo como os maiores descobridores de reservas em áreas profundas”, comentou a presidente Maria das Graças Foster, na semana passada, em depoimento na Câmara dos Deputados.

A Petrobras já fez 63 notificações de descobertas no pré-sal e tem outras 189 descobertas em outras áreas, segundo Graça. O potencial recuperável totaliza 31,5 bilhões de barris de óleo equivalente.

Em termos de reservas, nenhuma outra companhia mundial possui nada parecido com a Petrobras, lembra Mauro Rodrigues da Cunha, presidente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec).

As acumulações na camada rochosa de sete mil metros de profundidade, que ocupa uma faixa de 800 quilômetros do litoral de Santa Catarina ao Espírito Santo, representam um terço das descobertas de petróleo no mundo nos últimos cinco anos.

Atualmente, o óleo extraído do pré-sal corresponde a 5% da produção da companhia, equivalente 192 mil barris por dia, mas deve responder por 31% do total em 2016, informou a Petrobras em painel na Rio Oil e Gas.

Para alcançar o aumento de produção, o atual plano de investimentos, revisado anualmente, prevê desembolsos de US$ 236,5 bilhões entre 2012 e 2016. Os investimentos são 5,2% superiores em relação ao projeto para 2011 a 2015, mas as metas de produção de petróleo e gás são menores. A Petrobras espera extrair 3,3 milhões de barris de óleo equivalente por dia em 2016, 18% a menos que os 4 milhões de barris diários previstos para 2015.

Graça diz que a empresa “aprendeu algumas lições” e que o novo plano é mais realista que os anteriores. Mas ainda vale questionar se, não fosse a companhia controlada pelo governo, o tamanho seria menor, sugere um relatório da Geração Futuro.

“Os temores de que a Petrobras mantenha seu plano de investimentos inalterado, independentemente do cenário econômico e setorial, bem como da situação financeira da empresa, prejudicam o valor das ações da estatal na Bovespa”, diz a corretora.

“O prejuízo aos investidores nasce na capitalização e segue em outras questões, com perdas financeiras e de credibilidade”, nota Cunha, da Amec. A defasagem no repasse de preços de produtos refinados, a produção estagnada e investimentos mais altos do que se imaginava afastaram investidores, que há alguns anos reconheceram no Brasil uma grande oportunidade.

Ao mesmo tempo, a intervenção do governo, que usou a capitalização para aumentar a própria participação na estatal – e que continua a interferir em políticas de preço de derivados, por exemplo -, prejudica estrangeiros e minoritários, ao diluir sua participação e afastá-los das principais decisões da companhia.

Um exemplo da politização do setor é a construção da refinaria Abreu e Lima. Projetada para refinar também o petróleo da Venezuela, não recebeu os investimentos do país vizinho até hoje. Enquanto isso, a Petrobras bancou sozinha o projeto, cujo orçamento previsto em US$ 2,3 bilhões passou para mais de US$ 20 bilhões.

Enquanto as ações da Petrobras patinam, os papéis das petrolíferas americanas ExxonMobil e Chevron, que atuam no país e possuem participações em blocos do pré-sal no Brasil – a ExxonMobil abandonou o único bloco que possuía na Bacia de Santos em abril, após encontrar um poço seco e dois com óleo -, avançam 55% em dois anos, na cotação em dólares. Os papéis preferenciais da Petrobras, em dólares, no mesmo período, caíram 21,5%.

O fundo de índice SPDR S&P Oil & Gas Exploration & Production, que compila o retorno ao acionista das principais petrolíferas mundiais, avança 56% desde o primeiro anúncio da capitalização e 32,8% desde a estreia dos novos papéis no mercado, em 27 de setembro de 2010. O desempenho revela o peso dos problemas de credibilidade da estatal em relação às outras companhias do setor.

Os prejuízos estendem-se ao Ibovespa. A ação preferencial da Petrobras, na atual carteira, possui o segundo maior peso na composição do índice, de 8,22%, atrás apenas da Vale, cujo peso é de 9,13%. Na época da estreia das ações da capitalização, o peso da petrolífera era ainda maior no Ibovespa, de 9,77%. A carteira é revisada trimestralmente. O principal índice da bolsa brasileira recua 7% desde setembro de 2009, e cai 11,3% em relação a dois anos antes.

A Petrobras arrecadou R$ 120,36 bilhões (sendo R$ 40 bilhões em dinheiro) com a emissão de 4,27 bilhões de ações. Entretanto, voltou ao mercado de dívida diversas vezes depois, para financiar seus projetos.

A petrolífera não respondeu ao pedido de entrevista até o fechamento desta reportagem.


Ainda faltam R$ 43 bi para governo cumprir meta de superávit deste ano

Valor Econômico

Para cumprir a meta de superávit primário de R$ 96,9 bilhões estipulada para este ano, o governo central terá que fazer uma economia 84% superior à registrada nos últimos quatro meses de 2011, em valores nominais. O superávit para esse período terá de ser de R$ 43,4 bilhões, uma cifra bastante superior à do ano passado, quando o esforço fiscal exigiu um saldo de R$ 23,6 bilhões nominais.

No ano, até agosto, o governo acumulou R$ 53,5 bilhões para pagar os juros da dívida interna, para uma meta no exercício de R$ 96,9 bilhões. Para atingi-la, a média mensal dos superávits restantes deste ano terá de ser de R$ 10,8 bilhões. Para se ter uma dimensão do que isso significa, em agosto a média foi de R$ 1,583 bilhões, o pior desempenho para o mês desde 2002, quando foi feita uma economia de R$ 1,3 bilhão.

Para fechar as contas do ano o Tesouro Nacional conta com uma receita média mensal de R$ 3,2 bilhões, que estaria “garantida” mediante o recebimento dos dividendos das empresas estatais.

O Tesouro já embolsou R$ 16,125 bilhões em dividendos até agosto, 26,7% a mais do que em igual período do ano passado. Mas segundo o último relatório de avaliação de receitas e despesas do Ministério do Planejamento, a previsão para o ano é obter R$ 29 bilhões, cifra recorde que será usada para compensar parte da perda de arrecadação verificada neste ano, decorrente da queda da atividade econômica.

Em 2012, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi responsável por quase 60% de todos os dividendos pagos à União. O banco de fomento repassou R$ 9,36 bilhões em dividendos, sendo R$ 4 bilhões somente em agosto. O Banco do Brasil aparece em segundo lugar, transferindo R$ 1,96 bilhão. Depois vem a Petrobras com R$ 1,88 bilhão. A Caixa Econômica Federal encerra a lista dos grandes pagadores de dividendos, contribuindo com R$ 1,5 bilhão, valor integralmente repassado em agosto.

O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, disse que quando a receita cresce um pouco menos se tem como estratégia aumentar a participação dos dividendos. “Não tem problema nisso”, acredita ele, para quem o que diferencia essa prática do que era no passado é que as empresas públicas que antes davam prejuízo agora dão lucro.

O restante dos recursos o governo terá de obter com a arrecadação de impostos e contribuições – ordinária e extraordinária – ou com a redução de despesas.

Augustin explicou que no fim do ano passado e no começo deste ano foi feito um forte esforço fiscal para ancorar a política monetária. Então, diz, é normal que os resultados, agora, sejam menores.

Em percentual do Produto Interno Bruto (PIB), o superávit primário deste ano, até agosto, está em 1,85%, resultado 28% menor que o observado em igual período do ano passado, quando a economia para o pagamento de juros somava 2,58% do PIB.

A meta para o ano é atingir um superávit de 3,1% do PIB e isso está mantido, segundo Augustin, que se mostra confiante na recuperação das receitas no restante do ano, bem como com a retomada do crescimento econômico. Ele reafirmou que há uma “tendência de recuperação das receitas” e que a atividade vai atingir um ritmo “bem mais vigoroso” no fim de 2012 e ainda mais favorável para 2013.

Um dos argumentos do secretário para manter o discurso de que a meta cheia de superávit será cumprida é que a economia acumulada até agosto (R$ 53,5 bilhões) está 16,3% acima da meta para o período, que era de R$ 46 bilhões. “O primário tem meses diferenciados” e tende a ser mais elevado nos últimos meses do ano, disse.

O secretário descartou a possibilidade de rever os investimentos do ano por questões fiscais. “Investimento é a prioridade do governo. Temos trabalhado para aumentá-lo e vamos seguir fazendo isso”, disse.


Estudo lança dúvida sobre superávit

Valor Econômico

O Banco Central conseguiu, com um estudo anexado ao Relatório de Inflação, divulgado ontem, lançar dúvidas sobre a necessidade de o setor público manter um superávit primário de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) – meta prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) até 2015. Segundo o estudo, com um superávit um pouco menor, não só a dívida líquida cairá, em comparação com o PIB, como a própria dívida bruta.

O superávit primário utilizado no estudo foi de 2,8% do PIB no período de 2012 a 2014 e de 2,7% do PIB em 2015 e 2016. Com isso, a dívida líquida cairia de 35,2% do PIB (previsão para este ano) para 28,8% do PIB em 2016. A dívida bruta cairia de 57,2% do PIB em 2012 para 46,3% do PIB em 2016.

É claro que essa queda acentuada da relação dívida/PIB decorreria também de um crescimento médio anual da economia de 4% no período considerado e da manutenção da taxa de juros (Selic) média em torno de 8,5% ao ano – parâmetros de mercado, divulgados no Relatório Focus e utilizados pelo BC em seu estudo.

É inevitável perguntar qual é o objetivo da divulgação desse estudo pelo BC, pois não há novidade nessas projeções, que são feitas, rotineiramente, por analistas, acadêmicos e economistas de todos os matizes. Qualquer economista chega à conclusão de que, hoje, a redução da relação dívida/PIB pode ser obtida com superávit menor que 3,1% do PIB.

O inusitado é a decisão do BC de divulgar essas projeções feitas com base em parâmetros de mercado, que são, no que se refere aos superávits primários, diferentes daqueles fixados na LDO. Para fazer suas projeções para a trajetória da inflação nos próximos meses, o próprio BC trabalhou com um superávit de 3,1% do PIB, sem ajustes, até 2014, como está dito no relatório, tendo a autoridade monetária advertido, inclusive, que seu “cenário prospectivo para a inflação está condicionado à materialização das trajetórias com as quais trabalha para variáveis fiscais”.

Pode-se chegar à conclusão de que o BC tem dúvidas sobre a manutenção do superávit de 3,1% do PIB nos próximos anos, principalmente porque está dito, no relatório, que “iniciativas recentes apontam o balanço do setor público se deslocando de uma posição de neutralidade para ligeiramente expansionista”. Nessa perspectiva, a publicação do estudo seria uma espécie de tentativa do BC de municiar a opinião pública com análise técnica para uma eventual decisão do governo de reduzir a meta fiscal neste e nos próximos anos.

Alternativamente, pode-se concluir que o BC, embora admita que um superávit menor é suficiente para reduzir a dívida/PIB, considera necessário manter a meta de 3,1% do PIB como forma de a política fiscal contribuir para o controle da demanda e, assim, ajudar no combate à inflação. Quem tiver outra explicação que apresente.


Bancos estatais voltam a salvar as contas públicas

O Estado de S. Paulo

Com a arrecadação das receitas em queda, coube aos bancos estatais salvarem as contas do governo em agosto. Conforme antecipou o Estado, eles repassaram ao Tesouro Nacional R$ 5,8 bilhões em pagamento de dividendos, o que resultou em um superávit primário (saldo para pagamento de juros) de R$ 1,58 bilhão. Sem os dividendos, as contas do governo central (Tesouro, Previdência e Banco Central) teriam amargado no mês passado um déficit de R$ 4,24 bilhões.

No acumulado do ano, as empresas estatais já repassaram R$ 16,1 bilhões em dividendos à União, 26,7% a mais que no mesmo período do ano passado. O governo espera receber este ano R$ 29 bilhões. Essa política ajudou o governo a acumular, entre janeiro e agosto, um saldo primário de R$ 53,5 bilhões, o que corresponde a 1,85% do PIB. Ainda assim o resultado é 23,4% menor que o apurado nos oito primeiros meses do ano passado.

O secretário do Tesouro, Arno Augustin, afirmou que quando as receitas reagem menos, o governo tem como estratégia aumentar a participação dos dividendos. “Não vemos problema nisso. Felizmente as empresas estatais têm lucro.” Ele argumentou que esses dividendos são distribuídos quando é possível e negou que haja manobra do governo para aumentá-los ou antecipá-los.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pagou R$ 4 bilhões em agosto; a Caixa, R$ 1,5 bilhão, o Banco do Brasil repassou R$ 199,4 milhões e o Banco do Nordeste, R$ 115,8 milhões.

O secretário disse que há uma tendência de recuperação da arrecadação tributária. Ele destacou que em agosto já houve um pequeno crescimento nominal das receitas administradas em relação a agosto de 2011 e lembrou que houve queda nominal das receitas em junho e julho, em função de uma arrecadação extraordinária nestes meses em 2011.

No acumulado do ano, as receitas do governo cresceram 7,2%, bem abaixo da expansão de 12,2% das despesas. Os gastos com investimentos sustentaram o aumento das despesas. Eles somaram R$ 42,9 bilhões de janeiro a agosto, 29,1% a mais que no mesmo período do ano passado.

“A prioridade é com os investimentos”, disse o secretário. Augustin diz que haverá uma expansão ainda maior com este tipo de gastos com a consolidação dos projetos previstos na segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

PIB. O secretário também espera que o crescimento econômico esteja “bem mais vigoroso” no fim do ano e com tendência mais favorável em 2013. Ele afirmou que não faria prognóstico sobre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), mas enfatizou que a preocupação do governo neste momento é saber como a economia vai terminar o ano.

“Enxergamos nas receitas uma recuperação em relação aos meses anteriores, o que significa que a atividade está em recuperação”, citou. Augustin disse que a economia estará crescendo a um ritmo entre 4% a 4,5% em novembro e dezembro deste ano. “O importante é uma tendência de crescimento no fim do ano.”

Ontem, o Banco Central revisou a previsão de crescimento do PIB este ano de 2,5% para 1,6%. A projeção oficial do ministério da Fazenda é de 2%. O secretário acredita que as políticas governamentais tiveram sucesso em reanimar a economia, mas destacou que a crise tem influenciado neste resultado. “Evidente que a crise se estendeu bastante e é natural que haja dificuldade. O movimento recente da economia é animador e esperamos terminar o ano com crescimento forte”, completou.


Cameron sobre o Brasil: ‘Se não pode vencê-los, junte-se a eles’

O Globo

No primeiro dia de sua visita oficial ao Brasil, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou ontem que o crescimento da economia brasileira transformou o país em um parceiro preferencial para o Reino Unido. Em discurso na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ele lembrou que no ano passado o Brasil ultrapassou o Reino Unido e se tornou a sexta maior economia do mundo. Depois, no Rio, reuniu-se com a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, que apresentou o Plano de Negócios da empresa, que tem investimentos previstos de US$ 236,5 bilhões.

Acompanhado de uma comitiva de 50 empresários, o premier também visitou a sede do BNDES, antes de jantar com o governador Sergio Cabral. Hoje, Cameron se encontra com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília.

– Nós, britânicos, temos um ditado: se não pode vencê-los, junte-se a eles – disse Cameron, na Fiesp.

Ele mencionou os setores de energia, defesa, infraestrutura, educação e farmacêutica, como os preferidos pelos britânicos para um intercâmbio.

– O Brasil vai ter de investir em geração de energia e o Reino Unido quer participar disso – afirmou o premier. – Na área de defesa, podemos participar do processo de modernização das forças armadas brasileiras, como dois países podem e devem fazer.

Ainda falando sobre o atual momento da economia brasileiro aos empresários na Fiesp, ele recorreu a uma metáfora do futebol:

– O futebol foi inventado no Reino Unido, mas aperfeiçoado no Brasil – afirmou ele, sem fazer comentário sobre as barreiras comerciais que o Brasil tem anunciado nos últimos dias, a pretexto de defender a indústria local da invasão de produtos importados, barreiras que desagradam ao governo britânico.

No encontro com Graça Foster, Cameron destacou a enorme capacidade da indústria brasileira de petróleo e gás e a oportunidade para que as empresas britânicas trabalhem em conjunto com a Petrobras.

A presidente da Petrobras destacou a abertura da Petrobras à indústria do Reino Unido. “Nós temos um enorme potencial na área de petróleo e gás, um enorme desafio e estamos abertos à indústria britânica de produtos e serviços”, afirmou Graça em nota.

A maior comitiva britânica

Cameron desembarcou em São Paulo, após participar da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Seu primeiro compromisso foi uma visita à fábrica britânica JCB, de equipamentos pesados, em Sorocaba (SP).

Além da comitiva de 50 empresários de vários setores, acompanharam ainda o premier britânico o ministro para Assuntos Estrangeiros do Reino Unido, Hugo Swire, o ministro para Comércio e Investimentos, Lord Green. O embaixador do Reino Unido no Brasil, Allan Charlton, também participou da reunião na Fiesp.

– É a maior comitiva de negócios (britânica) que já veio ao Brasil – disse Cameron.

O Brasil exporta cerca de US$ 5 bilhões para o Reino Unido, que importa outros US$ 3 bilhões. Muito pouco para uma corrente conjunta de comércio de US$ 1,6 trilhão. Além disso, em 2011 o Brasil investiu quase US$ 1 bilhão no Reino Unido, enquanto os britânicos aportaram aqui US$ 3 bilhões. A gigante britânica do setor de defesa General Dynamics UK, aproveitou a visita de Cameron para anunciar a abertura de uma subsidiária no Rio.

– Expliquei ao primeiro ministro que nós não queremos nenhum tipo de protecionismo. O que queremos aqui é a competitividade – afirmou o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, ao comentar a reunião com o premier britânico.


Espanha prevê nova reforma econômica

O Estado de S. Paulo

O governo da Espanha apresentou ontem um novo pacote de reformas econômicas e seu projeto de orçamento para 2013, em meio a crescentes tensões políticas e sociais e renovados temores com a economia do país nos mercados financeiros.

A vice-primeira-ministra da Espanha, Soraya Saenz de Santamaría, disse em uma coletiva de imprensa que o governo também planeja usar quase 3,06 bilhões do fundo de reservas de pensões do país “para cobrir algumas necessidades do Tesouro”. Mas ela não deu mais detalhes sobre o assunto. Criado na década de 1990 para garantir o pagamento das aposentadorias, o fundo tinha 66,8 bilhões no fim do ano passado, levantados por meio de contribuições de seguridade social de trabalhadores espanhóis.

O governo também confirmou ontem que vai criar uma agência para monitorar o orçamento das administrações regionais e garantir que elas cumpram as medidas para controlar os gastos e reduzir o déficit para 4,5% do PIB no ano que vem. Santamaría comentou que os gastos públicos respondem por 63,5% do orçamento espanhol e por isso é importante controlá-los. Quanto às receitas, a vice-premiê disse que a arrecadação do governo está em linha com as projeções.

Mesmo assim, o governo estima que a economia deve continuar encolhendo, com retração de 0,5% em 2013. “Nós prevemos uma destruição de empregos mais leve no ano que vem”, comentou o ministro de Orçamento, Cristóbal Montoro. Ele disse ainda estar confiante que a meta de um déficit orçamentário de 6,3% este ano será cumprida, tanto pelo governo central como pelas administrações regionais.

Santamaría comentou também que o governo deve apresentar outros projetos de reformas para impulsionar a competitividade da economia. Uma mudança na idade mínima de aposentadoria não está descartada.

O plano de reformas está bem concentrado e em certas áreas vai além do que a Comissão Europeia recomendou, afirmou o comissário Europeu para os Assuntos Econômicos e Monetários, Olli Rehn. Segundo ele, a proposta orçamentária representa um grande passo e inclui medidas concretas.

As reformas estão claramente orientadas para alguns dos desafios políticos mais urgentes. O aumento da flexibilidade da produção e dos mercados de trabalho será realmente fundamental para impulsionar o crescimento e o emprego e apoiar a consolidação orçamentária”, afirmou Rehn em um comunicado.

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