Deflagrada rebelião popular no Panamá contra o neoliberal Martinelli

O povo da cidade de Colón ganhou as ruas para enfrentar uma nova medida de saqueio neoliberal, numa aberta rebelião popular para enfrentar o governo Martinelli.

Um garoto de nove anos morreu e cerca de 30 pessoas ficaram feridas nesta sexta-feira na cidade de Colón, no centro do Panamá, em enfrentamentos entre a Polícia e centenas de pessoas que estavam na manifestação contra a venda da Zona Livre de Colón (ZLC), onde o comércio de produtos é isento de impostos. Os distúrbios terminaram com 80 prisões.

O menor de idade chegou morto, com um disparo na barriga, ao hospital Manuel Amador Guerrero, situado em Colón, aonde também foram transladados dezenas de manifestantes e agentes policiais feridos gravemente nos conflitos.

A lei promulgada nesta sexta-feira pelo presidente panamenho, Ricardo Martinelli, autoriza o Estado a vender terras desta zona livre de impostos, criada em 1948, para aproveitar comercialmente o enclave do canal do Panamá. Milhares de companhias de todo o mundo têm uma base de operações na ZLC, de onde partem rotas até o Japão, Estados Unidos e outros países latinoamericanos.

Toque de recolher

Devido aos violentos confrontos no início da sexta-feira, as autoridades de Colón decretaram toque de recolher desde o início da tarde, enquanto tumultos continuaram até o final do dia, de acordo com relatos da mídia local e da Telesur .

Dezenas de pessoas saquearam várias lojas localizadas na ZLC e atearam fogo em vários caixas eletrônicos. Ao mesmo tempo, centenas de pessoas marcharam pelas principais ruas de Colón. Mais tarde, entraram em confronto depois de incendiar vários pneus e montando barricadas nas ruas.

Martinelli pediu calma e defendeu a liberalização da ZLC. Contudo, os sindicatos e os empregadores têm pressionado o governo panamenho para revogar a lei, ameaçando uma greve geral na província de Colón. Segundo o comunicado oficial emitido pela Presidência, a Lei 72 irá permitir um maior investimento econômico para a província de Colón, onde o governo panamenho “continua a realizar importante investimento social”.

Panamá: Colón transformada em zona de guerra por aprovação da venda da Zona Franca

19/10/2012 – Logo após a aprovação do projeto de lei que permite a venda das terras da Zona Livre de Colón (ZLC), vários colonenses vêm protagonizando enfrentamentos nas 16 ruas da cidade, colocando-se contrários à decisão da Assembleia Nacional, o que criou um caos na área, ocasionando a declaração de um toque de recolher, tanto no distrito como na província.

As unidades de controle de multidões dispararam para o ar e contra algumas pessoas, para se defenderem e dispersar a multidão. Lançam também gás lacrimogêneo e tentam evitar o fechamento da principal via de Colón. Mesmo o Super 99 teve de ser protegido, pois tornou-se alvo para os que protestavam. Os manifestantes pedem que o presidente da República revogue o projeto recentemente aprovado; caso contrário, irão continuar com as ações.

Estabelecimentos vandalizados, postos saqueados, assim como o posto de gasolina na Rua 10 Avenida Santa Isabel, pertencente ao gerente da ZLC, Leopoldo Benedetti, são alguns dos resultados dessas manifestações, que recrudesceram após a aprovação do projeto de lei por parte do Plenário da Assembleia.

Linces [polícia motorizada] chegaram ao local, já que a cidade converteu-se num campo da batalha e os anti-motins não conseguiram controlar a situação.

O prefeito de Colón, Dámaso García, disse que “sim, há pessoas feridas, e mais de 25 presos”.

O presidente da República, Ricardi Martinelli, destacou nesta manhã que a situação em Colón se tornaria similar ao ocorrido em Bocas del Toro e acusou os opositores e empresários de ajudar e financiar os manifestantes, todavia, os fatos mostram o contrário.

Martinelli declarou ao canal de televisão TVN2 que os protestos são provocados por “alguns incitadores” com motivos políticos.

O mandatário fez a acusação de que por trás dos protestos estaria um homem nacionalizado panamenho, de ascendência palestina, com presumidos vínculos com a guerrilha colombiana e o narcotráfico.

Ao alugar as terras do Estado, os empresários da Zona Franca – dedicada à importação e re-exportação de mercadorias – pagam cerca de US$ 33 milhões para o Estado, dinheiro que vai diretamente para o orçamento geral do país.

As operações da Zona Franca geraram 29 bilhões de dólares em 2011, um aumento de 34% sobre o ano anterior.

Da mesma forma, Leopoldo Benedetti disse que os partidos de oposição foram os que promoveram essas manifestações e sublinhou que a informação tinha sido exagerada, já que apenas foi saqueada uma loja que não tinha sido fechada.

Enquanto isso, estabelecimentos comerciais estavam fechados no local para evitar saques e funcionários do município tiveram de evacuar seus postos depois que os manifestantes ameaçaram queimar o local.

Presidente Varela pede  para Martinelli a revogação da lei de terras em Colón

19/10/2012 – O vice-presidente da República, Juan Carlos Varela, qualificou como “lamentável” a sanção pelo presidente Ricardo Martinelli da lei pela qual se aprova a venda das terras da Zona Livre de Colón.

Varela, em um comunicado, disse que “não há nenhum sentido em continuar confrontando o povo com uma lei impopular”, e fez um chamado ao presidente Martinelli para revogar esta lei e devolver a paz a Colón.

“A decisão de Martinelli do dia de hoje, de forçar a aprovação de uma lei para vender o as terras da Zona Franca, é outra mostra de seu desprezo pelos interesses do povo panamenho”, disse Varela.

Ele acrescentou que, como resultado desta imposição do presidente Martinelli, em conluio com representantes do governo e desertores, a atitude irresponsável do presidente “o está levando a enfrentar o povo que o elegeu e a expor sem razão os funcionários de segurança pública.”

“A venda desses ativos não se justifica em momentos em que a economia cresce e o governo atual conta com recursos extraordinários”, disse Varela.

O povo panamenho lançou-se às ruas

por Frenadeso

Sexta – feira, 19 de outubro de 2012

A FRENADESO [Frente Nacional por la Defensa de los Derechos Economicos y Sociales Panamá] e o SUNTRACS [Sindicato Único de Obreros de la Construcción] anunciaram ações em todo o país. Uma onda de grande indignação desencadeada pela aprovação por parte dos deputados oficialistas do projeto de lei que permite a venda da Zona Livre de Colón.  O povo não conteve sua fúria ao ouvir o presidente da Assembleia, Sérgio Gálvez, dizendo: “se quiserem chorar, vão ao cemitério.”

Tampouco se conteve quando Martinelli se dirigiu nesta manhã ao país, minutos antes de se aprovar a lei. Agora, de maneira covarde, parte para Tóquio, recém-chegado da Alemanha, em sua viagem 66, deixando o país em chamas.

A província está insurreta. No centro desataram-se fortes enfrentamentos. O SUNTRACS permanece com as comunidades, fechando a Transístmca na altura de  Sabanitas e Vista Alegre.

Neste momento, durante a tarde, fala-se de um morto e dois feridos. A polícia dispara balas contra os manifestantes, num prelúdio do massacre que preparam contra o povo, como ocorreu em 2010, em Changuinola, e no início deste ano no leste chiricano. O governador anunciou um toque de recolher em momentos em que milhares de panamenhos estão prontos a viajar para celebrar da peregrinação do Cristo Negro de Portobelo.

Neste mesmo site estaremos informando o que acontece.

O SUNTRACS e a FRENADESO, assim como o FAD, realizam reuniões para decidir as ações a nível nacional.

Colón está paralisada.

http://www.resumenlatinoamericano.org/index.php?option=com_content&task=view&id=3280

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