Honduras poderá ter uma Presidenta: Xiomara Castro de Zelaya

A próxima presidenta de Honduras poderá ser Xiomara Castro de Zelaya (54), segundo as pesquisas apontam para as eleições de 24 de novembro de 2013. A esposa de Manuel Zelaya, o último presidente deposto por um golpe civil-militar na América Latina (2009), é a representante do “Libre”, o partido Libertad y Refundación, criado pelos seguidores de seu marido para impulsionar uma Assembleia Nacional Constituinte e uma nova Constituição, entre outros valores políticos democráticos em voga na região.

Num país profundamente machista e com seus dirigentes sociais e políticos populares devastados pelos assassinatos seletivos durante e depois do golpe civil-militar patrocinado pelos EUA, Xiomara Castro formula chamados à reconciliação mediante um pacto social que abra caminho a uma transformação real e profunda que observe também os direitos da mulher.

Como é de praxe, os grandes meios internacionais de informação ignoram o processo político que vem se desenvolvendo neste país da América Central há 4 anos e 4 meses do golpe, notícia por sua vez ofuscada pela sensível morte de Michael Jackson, que ganhou as manchetes da big media.

O discurso de Xiomara Castro privilegia a inclusão do voto feminino, num país onde os homens fazem e desfazem, inclusive com golpes baixos à incipiente e encarcerada democracia. Em seus discursos, Castro recorda que durante os duros dias do golpe (28/6/2009), as mulheres em resistência “ganharam, pouco a pouco, o respeito e o reconhecimento de todos os povos de nosso continente”, assim como “têm sido fonte inesgotável de coragem e determinação, na linha de frente pela liberdade e ela democracia”. Para a ex-primeira dama, “nosso projeto de Pátria ninguém detém”.

A candidata presidencial do Libre padece com os vulgares ataques pessoais, hábito recorrente aos partidos tradicionais da direita latino-americana, que se aferram ao poder. Não se deixou esperar a orquestrada campanha midiática suja para desacreditar sua candidatura, sua estrutura política e sua pessoa. “Não deixaram de me atacar pelo apego aos princípios que levo nas minhas raízes. No entanto, nosso projeto de Pátria, ninguém segura”, defendeu a candidata numa recente reunião com mulheres.

Faltando três semanas para as eleições, as pesquisas insistem em Xiomara como possível vencedora e primeira mulher presidenta de Honduras. Sua eventual vitória abriria uma nova página na política desse país, marcando a saída de cena do poder por turnos do bipartidarismo Nacional e Liberal, as duas faces que a direita oferece em muitas outras nações da região e do mundo.

“Eles ignoram que esta é uma luta cujo preço tem sido pago com sangue, permitindo-nos ter um nível de organização popular que envolve mais de vinte mil coletivos em cada canto de nosso país. Eles tentam de tudo, mas a cada dia que passa, somos mais fortes”, discursou Castro.

Num comunicado, o Movimento de Mulheres em Resistência saudou um encontro de mulheres e a candidata presidencial, recordando seu compromisso com a promoção do voto solidário para todos (as) candidatos (as) do partido Libre, com a convocatória de uma Assembleia Nacional Constituinte e com a defesa do voto.

Xiomara chamou a Frente Nacional de Resistência Popular, FNRP, para que convoque e promova “um acordo nacional que viabilize, estabilize e fortaleça” um eventual governo do Libre. “Vamos lutar pela reconstrução e refundação de uma nova Honduras. Não mais confrontação, porque chegou o momento de reconciliar nosso país, através de um pacto social entre todos os setores. Vamos convocar uma Assembleia Constituinte e criar uma nova Constituição”, disse Castro.

A candidata presidencial do partido Libre reafirmou seu compromisso como mulher e mãe ante seus seguidores. “Com o golpe retrocedemos em tudo e, agora, querem continuar reproduzindo um sistema que concentra a riqueza em poucas mãos e empobrece a maioria das pessoas. Chegou o momento de sermos livres, que ninguém nos tire este direito”, disse Xiomara.

*Ernesto Carmona, jornalista e escritor chileno.

Foto: Xiomara Castro

Fonte: http://www.contrainjerencia.com/?p=77223

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

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