Regime de Kiev lança campanha genocida contra o Donbass

Em 26 de Maio a junta de Kiev intensificou abruptamente as acções de combate quando prossegue a operação punitiva contra o Donbass. Foi a primeira vez que a aviação e a artilharia efectuaram ataques para destruir casas nas áreas povoadas da região de Donetsk. O combate foi furioso durante o dia inteiro na proximidade do aeroporto da cidade. Donetsk tem uma população de cerca de 1 milhão de pessoas. Helicópteros de ataque e caças SU-25 dispararam às formações de auto-defesa da República Popular de Donetsk posicionadas dentro da cidade… Repetindo os eventos em Kramatorsk, o exército ucraniano utilizou aviões Mi-24 marcados com UN (United Nations). De acordo com o direito internacional, só as forças internacionais da ONU têm o direito de utilizar a insígnia da organização. Diante disto a Organização das Nações Unidas parece ter fechado os olhos e tapado os ouvidos aos crimes militares e violações chocantes das normas internacionais cometidas pela junta. Indagado acerca dos helicópteros marcados UN vistos na Ucrânia em 23 de Maio, Stephane Dujarric, porta-voz do secretário-geral Ban Ki-moon, disse que as Nações Unidas transmitiram suas preocupações ao governo da Ucrânia quanto às suas obrigações referentes à utilização de equipamento proporcionado às operações de paz das Nações Unidas. Ele disse que a informação sobre a utilização de marcações UN por helicópteros ucranianos não estava confirmada naquele momento. Um vídeo clips para servir como prova e disponível para toda a gente que tenha acesso à Internet não era bastante convincente para responsáveis da ONU, os quais dançam conforme a música tocada pela Casa Branca.

Organizações de direitos humanos e governos ocidentais nunca exprimiram indignação quanto aos relatos dos crimes militares cometidos pela junta. Exemplo: um lançador de granadas foi utilizado contra um camião a transportar aqueles haviam sido feridos em combate. Como relata uma testemunha: “Primeiro franco-atiradores (snipers) mataram o condutor, a seguir o camião foi atingido directamente por um lançador de granadas. Eles utilizaram rifles para garantir que ninguém fosse deixado vivo”. Outro exemplo: Neo-nazis utilizaram veículos com marcas Médecins Sans Frontières (Médicos sem fronteiras, organização humanitária internacional) para acções de combate destinadas a sufocar a resistência do povo.

A área de combate vai muito além da área do aeroporto. A Ponte Putilov foi explodida, a Fábrica TochMash em Donetsk sofreu grandes danos. As forças da junta atacaram a estação ferroviária de Donetsk. Eles abriram fogo quando o comboio se aproximava fazendo com que pessoas corressem ao longo dos trilhos pelas suas vidas. A área de combate está situada próxima de quarteirões habitacionais, quaisquer tiros ali estão condenados a danificar casas do povo. As casas situadas nas ruas Pyatnitskaya, Gradostroitel e Artiom e um dormitório foram danificadas, uma padaria foi incendiada.

Slavyansk ficou sob bombardeamento de artilharia. Igor Strelko, o líder das forças de auto-defesa, diz: “O inimigo está a concentrar-se. Quando a noite desceu eles atiraram de perto. Segundo estimativas preliminares, quatro civis foram mortos, alguns aleijados. Eles atiraram para o subúrbio dormitório de Arteom. Não há objectivos militares ali. A cidade suburbana é vista claramente a partir do Monte Karachun, onde eles têm canhões howitzers e morteiros instalados para disparar directamente àquela área”. Uma mulher morreu quando uma mina explodiu próximo à igreja Ortodoxa quando estava a passar, a igreja foi danificada com cinco janelas rompidas, a grade e a fachada destruídos. Outra mina danificou um bloco de apartamentos à distância de 200 m da igreja, um homem e uma mulher morreram no seu interior. Três civis foram mortos e poucos foram feridos quando os ataques foram feitos às casas localizadas nas ruas Batiuk e Bogomolets. Uma granada de artilharia atingiu o piso do rés-do-chão de um prédio de habitação com nove andares onde se situa a policlínica infantil. Outra granada explodiu próximo ao colégio de treino de professores matando uma mulher nascida em 1954. A cidade suburbana de Arteom de Slavyansk é a área mais densamente populosa na cidade, com uma população de 40 mil habitantes.

Os punidores (chasteners) ucranianos tornam os civis os principais sofredores. Algumas mulheres e um trabalhador no parqueamento foram alvejados próximo à estação ferroviária de Donetsk, um rapaz de oito anos foi morto perto do aeroporto. Não se trata só de granadas de artilharia. Os neo-nazis nunca cessam de utilizar armas pequenas para atirar em pessoas, como fizeram em Novoaydar quando alguns carros foram incendiados quando estavam cheios de pessoas.

O Donbasse está a enfrentar um desastre humanitário. Os hospitais estão superlotados, faltam-lhes fornecimentos de sangue e os equipamentos médicos necessários. A. Chalenko, um conhecido jornalista nascido em Donetsk, escreve no seu blog: “Há 35 cadáveres na morgue da cidade de Kalinin. Três homens têm dispositivos não explodidos nos seus corpos. No total há 51 cadáveres nas morgues da cidade. Não há informação oficial acerca dos feridos”. As autoridades da república auto-proclamada têm de mobilizar equipes médicas e pedir aos habitantes da cidade para doarem sangue.

A utilização de aviação de combate, artilharia e blindados contra formações de auto-defesa que têm apenas pequenas armas à sua disposição é absolutamente ineficaz. Aqueles que comandam a operação punitiva sabem bem disso. Mas isto é eficaz se a missão é destruir a infraestrutura do Donbass e fazer com que civis sofram grandes baixas. Estes métodos foram utilizados pela NATO contra a Jugoslávia. Naquele tempo a aviação destruiu pontes, fábricas e quarteirões habitacionais. A mesma coisa está a acontecer em Donetsk, mercenários estrangeiros foram vistos próximos do aeroporto da cidade armados com sistemas actualizados de armas ocidentais.

Eles mudaram a táctica de ataques cirúrgicos para destruição em massa de áreas populosas no próprio dia em que a ilegítima eleição presidencial aconteceu na Ucrânia. Os resultados da eleição despertam grandes dúvidas. No dia em que Petro Poroshenko foi declarado vencedor desencadeou uma ofensiva em grande escala contra as regiões de Donetsk e Lugansk. A decisão de lançar uma guerra real contra o Donbass foi extremamente rápida. O facto é preocupante. A acção frustrou todas as esperanças de uma solução pacífica e de finalização da operação punitiva. Vale a pena notar que o vencedor da corrida presidencial nunca tomou parte nas mesas redondas de “unidade nacional” organizadas em Maio pelos governantes de Kiev. Coisas tais como unidade e conciliação não existem para eles. Basta lembrar a promessa feita após a eleição, dizendo que a missão da operação militar no Leste deveria ser cumprida numas “poucas horas.

Poroshenko precisa da guerra. Como o presidente eleito aplica esforços para fortalecer o seu poder, o povo do Sudeste enterrou aqueles que são próximos e favoráveis a eles. A guerra afecta todos. Mães e esposas de reservistas ucranianos convocados pela junta para o serviço [militar] bloquearam a auto-estrada para Varsóvia como sinal de protesto contra a guerra injusta que faz ucranianos matarem seus compatriotas. O movimento de resistência contra a aventura militar lançada pela junta propaga-se por toda a Ucrânia. Não há dúvida de que a ira popular eliminará os assassinos da junta e de que eles serão responsabilizados pelos crimes militares e pelo genocídio contra o seu próprio povo.

28/Maio/2014

http://resistir.info/ucrania/donbass_28mai14.html