A liberdade de imprensa faz parte da nossa História

A liberdade de imprensa faz parte da nossa História

Na longínqua Idade Média, recebemos a alcunha de ‘novidadeiros’ e fomos proibidos de exercer nosso ofício pelo rei de Portugal. Mesmo assim continuamos a divulgar os fatos.

No século XVIII, já em terras tupiniquins, tivemos gráficas destruídas, pessoas perseguidas, textos condenados. E ainda assim continuamos a divulgar os fatos.

No início do século XIX, o primeiro jornal brasileiro foi criado na Inglaterra devido a perseguição desencadeada pelo reino abrigado na colônia. O segundo jornal era um mero tablóide de negócios conduzido pela elite real dominante. E ainda assim nós continuamos a divulgar os fatos.

Em meados do século passado, o colega Antonio Maria foi agredido e teve os dedos quebrados para não mais escrever. O título do seu artigo do dia seguinte foi ‘Que bobos! Eles pensam que os jornalistas escrevem com as mãos’. E continuamos a divulgar os fatos.

Durante a ditadura empresarial-militar fomos perseguidos e amordaçados. Vladimir Herzog, militante comunista, foi assassinado no Doi-Codi de São Paulo. Os maus editores e as famílias detentoras da mídia empresarial aliaram-se aos ditadores e impuseram o silêncio nas redações. Ainda assim continuamos a divulgar os fatos.

Há poucos dias, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro foi alvo de uma turba, sob a égide do patronato, que tentou destituir uma diretoria democraticamente eleita. Não conseguiram. Cerca de 400 jornalistas presentes em plenária repudiaram o golpe da mídia empresarial.

Agora, estamos enfrentando na lendária Associação Brasileira de Imprensa (ABI) outra manobra da mídia empresarial, que tenta se apoderar de sua centenária história em benefício próprio, manipulando para isso alguns associados como verdadeiras marionetes. São os mesmos que não dão direito de resposta à diretoria do Sindicato do Rio de Janeiro. E ainda têm a desfaçatez de usar o nome do heróico camarada Vlado em sua vã tentativa de enganar os defensores da liberdade de imprensa.

Não conseguirão!

Nós, jornalistas do Partido Comunista Brasileiro (PCB), repudiamos o estado de exceção que predomina em nosso país. Um estado a serviço das transnacionais, do capital e dos patrões, em detrimento de toda a nossa população. Um estado que pretende criminalizar os movimentos sociais, toda e qualquer manifestação em prol da democracia, apenas para garantir as benesses da elite. Para tanto contam com o apoio explícito dos donos da mídia empresarial.

Reafirmamos a vocação democrática de Hipólito José da Costa, fundador do Correio Braziliense, Antonio Maria, Vladimir Herzog, João Saldanha, Maurício Azêdo e de tantos outros que ao longo dos séculos lutaram pela democracia, pela verdadeira liberdade de imprensa.

É esta liberdade de imprensa que está ameaçada pelo estado de exceção, pelos lobos em pele de cordeiro que tentam se apoderar da ABI. É esta liberdade de imprensa que permeia nossa atuação política, social e profissional. É esta liberdade de imprensa, valor universal da humanidade, que conclamamos todos os jornalistas a defenderem, todos os profissionais de comunicação a resguardarem, toda a população, especialmente a mais carente, a reafirmar como inalienável.

A história há de virar a página da subserviência. Nós continuaremos a lutar pela liberdade de imprensa e a divulgar os fatos!

Jornalistas do Partido Comunista Brasileiro (PCB)

jornalistasdopcb@gmail.com