Os vermelhos da Brigada Prizrak

Respondendo ao chamamento internacional para unir-se à resistência contra o governo golpista de Poroshenko, inúmeros voluntários de toda Europa chegaram à Donbass em defesa da Nova Rússia. Vários deles provenientes de Castela e Catalunha que, depois de passarem pelo Batalhão Vostok, decidiram integrar-se na Brigada Prizrak e mais concretamente ao Esquadrão Vermelho 404, uma unidade de ideologia comunista.

Conversamos com Sergio, Héctor, Miguel e Oriol para conhecer sua nova vida na 404 e as funções que desempenham dentro da resistência popular de Nova Rússia.

– “Nosso principal objetivo militar é não parar até libertarmos o futuro estado da Nova Rússia da escória fascista. Eles provocaram esta guerra. Quanto aos objetivos políticos, nossa principal tarefa é contribuir com a construção do estado socialista da Nova Rússia, participando ativamente das forças e unidades militares revolucionárias e comunistas que aqui lutam. A bandeira vermelha voltará a tribular na Europa”.

– “A presença de comunistas na resistência popular é muito destacada. Existem duas unidades inteiras de ideologia comunista; uma no batalhão Vostok e outra aqui, na Brigada Prizrak. Existe uma grande nostalgia pela União Soviética entre os voluntários que combatem nas milícias populares. Desde o colapso da URSS, tudo foi de mal a pior e o povo é consciente disso.

Igor Plotnitsky, líder político da República Popular de Lugansk, é de ideologia comunista. Muitos dos comandantes e coronéis lutam pela construção de uma Nova Rússia livre de fascistas e oligarcas”.

– “A vida nesta unidade é similar a das outras unidades: disciplina militar, mesmos horários e mesmos objetivos para seguir em frente. O que, sem dúvida, muda é a hierarquia. Aqui, tudo é mais igualitário, não existem comandantes. Existe a figura do comissário político que se encarrega das ações, disciplina e moral dos soldados. Além disso, existem dois líderes; um que se encarrega do treinamento militar quando estamos no quartel e outro que se encarrega de guiar os camaradas que estão na frente”.

– “A luta pela Nova Rússia é uma luta contra o fascismo, contra a oligarquia e é, também, uma luta nacional. Luta-se contra os fascistas de Kiev e contra a oligarquia que saqueou a Ucrânia pós-soviética. Além disso, é também uma luta nacional, porque o povo defende sua cultura, seu idioma e sua gente”.

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/?p=8627

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)


O caldeirão de Debaltsevo: à espera do cessar-fogo

11 de fevereiro de 2015

Em 11 de fevereiro, as Forças Armadas da Ucrânia não conseguiram libertar o grupo cercado na área de Debaltsevo. Neste momento, é possível separar o grupo de Svetlodarsk do grupo de Debaltsevo como dois fatores operativos diferentes.

Uma parte significativa da rodovia M-103 segue sujeita ao fogo da artilharia e do morteiro da milícia na zona de Logvinovo, onde a milícia começou a fortalecer suas posições. Grupos de sabotagem e reconhecimento que trabalham ao longo da rota fornecem controle adicional. A milícia começou a minar as zonas de aproximação. Nestas condições, a comunicação entre os grupos de Svetlodarsk e Debaltsevo é impossível. O caldeirão é um fato: a artilharia e os contra-ataques da infantaria e blindados se encontram com o controle a base de fogo e das posições estratégicas da milícia, o que implica uma catástrofe para o grupo de Debaltsevo. É claro, esta situação não está isenta de problemas para a milícia, que sofre sob o fogo constante da artilharia ucraniana, após ter fracassado em sua missão de libertar a zona, o que torna mais difícil e perigoso fortificar a zona. Porém, apenas trata-se de complicações.

Ontem já eran evidente os sinais de desintegração do comando militar (alguns oficiais simplesmente fogem) e também da redução da intensidade do fogo da artilharia, sinal de que as forças ucranianas tentam economizar munição. A moral cairá mais rapidamente nas unidades da Guarda Nacional, do Ministério do Interior ou do SBU com maior proporção de recrutas, o que poderia dar lugar a um maior número de prisioneiros de guerra. A defesa se baseará nas tropas punitivas mais motivadas (sem incluir aí o batalhão Donbass) e unidades do exército que demonstraram sua boa capacidade defensiva desde que se reiniciara a luta em janeiro. Na realidade, são eles que formam a coluna vertebral da resistência. É preciso não subestimar o inimigo nessas zonas, onde a defesa está nas mãos de unidades motivadas, que continuarão sofrendo baixas, mas que se a política não intervier, acabarão por ser destruídas.

Em pouco tempo, as posições ucranianas deveriam retirar-se até as cidades: uma parte delas deveria ser empurrada até Debaltsevo e as unidades no sudeste, para Olkhovatka. Depois de ter limpado Chernukhino, a milícia poderia tentar dividir em dois o grupo cercado, isolando Debaltsevo e Olkhovatka. À medida que as forças ucranianas começarem a notar a escassez de combustível e munição, a mobilidade e efetividade destas unidades decairá e sua defesa acabará por ficar estática, quando as possibilidades de um avanço a partir dessa bolsa decairão progressivamente.

Certamente, no caso de continuar com a ação militar, as forças ucranianas tentarão libertar o grupo na zona de Svetlodarsk e recapturar Nizhnyaya, Lozovaya, Logvinovo e Kalinovka para voltar a estabelecer um corredor até Debaltsevo. Porém, essa ideia se complica à medida que a milícia toma o controle de colinas estratégicas e fortifica posições nelas. Esta ideia requer um esforço importante para varrer essas posições e a milícia demonstrou em Krasny Pakhar e Sanzharovka que não cede facilmente suas posições tomadas.

Neste sentido, a opção alternativa é um golpe a Donetsk ou Gorlovka com o objetivo de melhorar a situação em Debaltsevo e Svetlodarsk. Ontem, o comando da milícia informou que as forças ucranianas concentram um número significativo de forças na zona de Donetsk e que avizinham suas reservas à zona. Spartak e Yasinovataya são as direções mais propícias para um possível ataque. Tendo êxito, a milícia poderia ver-se obrigada a relaxar a pressão sobre Debaltsevo. Porém, até que se produza um ataque, a milícia se centrará em liquidar a resistência em Debaltsevo, onde além de um número significativo de prisioneiros de guerra, se conta um bom número de troféus.

A tentativa da junta de organizar uma ofensiva de sucesso desde Mariupol como resposta ao cerco de Debaltsevo não deu em nada. O ruído midiático, as imagens de populações indefesas, perdidas e prisioneiros de guerra mostram que para a junta é mais importante a representação midiática da guerra que os êxitos militares em si. Ao final, as tropas punitivas do batalhão Azov não conseguirão mais que uma duvidosa operação de relações públicas. Não é previsível que isto tenha efeito na situação de Debaltsevo. Quanto a essa situação, Muzhenko, que chegou a assumir pessoalmente, terá uma difícil tarefa mais além de posar para as câmeras.

Em geral, como é habitual, a junta tenta recuperar-se de suas derrotas na frente, disparando contra civis. Mais uma vez, volta a golpear com dureza Donetsk e outras cidades de primeira linha da frente.

Porém, o “mundo civilizado” continuará ignorando estas coisas, como faz normalmente.

Em resumo, a situação da junta em Debaltsevo é desesperadora, assim, claramente, está mais necessitada que as tropas da milícia de uma pausa operativa após a rodada de negociações. Apesar das dificuldades e do importante número de baixas, a milícia conseguiu culminar a longa e dura ofensiva de janeiro com sérias vitórias operativas na hora de fechar o cerco em torno de Debaltsevo. A ofensiva não esteve isenta de problemas, dos quais se está aprendendo. Mais adiante poderemos discutir a ofensiva de janeiro da milícia.

Em caso de se tomar a decisão por uma nova “trégua”, esta não entrará em vigor em poucos dias (sexta-feira ou sábado). Podemos esperar que as operações militares continuem por mais alguns dias até a pausa operativa, quando ambas partes realizarão uma avaliação de suas perdas, curarão suas feridas e continuarão sua preparação para a campanha de primavera, salvo que ocorra algum milagre e se obtenha um compromisso político que satisfaça todas as partes.

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/?p=8627

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

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