Movimento dos Trabalhadores Sem Teto ocupa terreno abandonado em Niterói

imagemFania Rodrigues

Brasil de Fato RJ

Debaixo do sol escaldante, Maria de Fátima de Souza, de 38 anos, constrói seu barraco na recente ocupação do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), no bairro Largo da Batalha, em Niterói. Apesar do esforço físico para fincar as estruturas de bambu, seu cansaço não é maior que a esperança de ter uma vida melhor.

“Aqui estamos tendo a oportunidade de lutar pela nossa casa própria”, diz a dona de casa e militante da ocupação. Atualmente Maria de Fátima mora no Morro Cantagalo, localizado na baixada litorânea de Niterói. Mãe de seis filhos, ela e sua família vivem apenas da renda do esposo, que é ajudante de bombeiro hidráulico. “Amo minha comunidade, mas a vida lá é muito difícil. Essa economia com o aluguel pode melhorar a vida dos meus filhos”, explica.

Maria de Fátima faz parte do grupo de mais de 350 famílias, que ocupam o terreno de cerca de 100 mil metros quadrados, na região Pendotiba, considerada uma região nobre. Os militantes de MTST ocuparam a área no dia 7 de agosto. O terreno, que pertence à Prefeitura de Niterói, foi desapropriado em 2011, com o objetivo de construir um terminal rodoviário, mas estava abandonado há muitos anos.

No entanto, até hoje nenhum projeto, para viabilizar o terminal, foi apresentando. Agora, o MTST pede que o terreno seja destinado a habitação popular. “Tem muitas famílias de comunidades pobres do entorno, algumas delas vivendo em área de risco, que necessitam de uma moradia”, afirma um dos coordenados do MTST, Guilherme Simões.

Aos poucos, o terreno, que estava abandonado, cheio de mato e lixo, vai ganhando vida e barracos improvisados de famílias pobres, que reivindica o direito a moradia. Porém, a batalha promete ser longa, já que essa é uma das regiões mais valorizadas da cidade, e o mercado imobiliário está de olho. “Nosso maior conflito é com a especulação imobiliária. Tem muito carro importado que passa aqui na frente do acampamento e as pessoas nos chamam a de vagabundos. Os ricos da área não aceitam nossa presença”, destaca Guilherme.

Casa para todos

Segundo a política do movimento pela moradia, não pode haver casa gente e gente sem casa. É o que os ocupantes do Largo da Batalha reivindicam. “Abandonada como estava, essa área não cumpria sua função social. Esse terreno não pode continuar vazio enquanto tem gente precisando de casa digna”, afirma Guilherme Simões, do MTST.

Foi isso que levou a dona de casa Cleomar Rodrigues Mendes, de 42 anos, se juntar à luta. “Lá em casa, somos sete pessoas morando em um espaço muito pequeno. Moro com meus três filhos, meu pai de, 74 anos, e duas irmãs. Mas, essa casa pertence ao pai dos meus filhos, nem é nossa”, diz a militante.

Ela sonha com o dia em que vai ter uma casa melhor e em lugar com mais facilidades. “Subir e descer a comunidade com meu pai doente é muito sofrido. Se alguém passa mal a noite não tem como ir para o médico, pois estamos no alto da comunidade e é complicado de sair. Se a gente conquistasse nossa casinha, aqui as coisas seriam mais fáceis”, garante a dona de casa. (RJ)

http://www.mtst.org/

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