Nota de repúdio ao massacre contra os Guarani-Kaiowá

imagemA União da Juventude Comunista vem tornar público o repúdio aos ataques sofridos pelos indígenas Guarani-Kaiowá no estado de Mato Grosso do Sul. Até o momento, o povo Guarani-Kaiowa retomou cinco de seus Tekohas (terras tradicionais dos povos Guarani-Kaiowá – literalmente traduzido como “lugar onde se é”): são elas as fazendas Primavera, Pedro, Fronteira, Barra e Soberania no município de Antônio João. Faltam apenas duas fazendas para o Tekoha Ñanderu Marangatu ser totalmente recuperado pelos indígenas.

Essas terras indígenas foram homologadas pela Presidência da República em 2005, mas devido a efeitos de suspensão o trâmite está parado. O processo está hoje com o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e segue paralisado. Conhecido por seus desmandos quando as decisões passam pela luta por terra, sejam de indígenas, quilombolas e terras consideradas improdutivas para reforma agrária, Gilmar Mendes colabora com o latifúndio, corroborando assim com o conflito e o massacre desses povos. Temos os exemplos das retomadas do Tekoha Kurusu Ambá (localizado perto dos municípios Coronel Sapucaia e Amambai) e do Tekoha Ñanderu Marangatu (localizado perto do município de Antônio João).

No primeiro caso, os latifundiários, com apoio da policia estadual (Departamento de Operações da Fronteira – DOF), junto à prefeitura e vereadores de Amambai, FAMASUL (Federação de Agricultura e Pecuária de MS) e o sindicato rural, planejaram diversas ações. Dentre elas, uma caravana de 40 veículos foi até o acampamento indígena para iniciar o ataque, no qual barracos e motos foram incendiados, e duas crianças ficaram desaparecidas por dias. Nos últimos dias, o Tekoha Ñanderu Marangatu vem sendo palco de mais um massacre: após os indígenas retomarem sua terra, os latifundiários novamente se reuniram e bloquearam a estrada federal de acesso, dando-lhes o total controle de quem entra e sai, o que resultou no completo isolamento dos indígenas que ali estão e os privou de conseguir alimentação e atendimento médico aos feridos, entre outras demandas básicas. No dia 29/08, o conflito se intensificou com mais de 100 pessoas, dentre eles fazendeiros e pistoleiros, na área de conflito, quando ocorreu o ASSASSINATO de mais uma liderança Guarani – Semion Vilhalva.

Historicamente, a negligência do Estado brasileiro na demarcação de terra, tem resultado em grandes conflitos como esses apresentados. O atual governo federal é o que menos demarcou terras indígenas nos últimos 23 anos, além de ter assumido seu compromisso com o agronegócio, colocando Kátia Abreu, conhecida militante do agronegócio, como ministra da Agricultura. A partir disso, o governo federal deixa claro quais são suas prioridades – vide os 188 bilhões destinados ao agronegócio para a safra 2015/16. Neste cenário, o governo demonstra sua conivência com os recentes acontecimentos, juntamente com a mídia burguesa que acompanha e retrata essas questões para a sociedade, criminalizando os indígenas por usarem arco e flecha (autodefesa) e vitimizavando os ruralistas que supostamente necessitavam defender-se com armas, e assim de maneira hipócrita tenta justificar todos esses massacres, a partir da lógica do capital, mais especificamente do agronegócio.

Nós, da União da Juventude Comunista, repudiamos a atitude dos fazendeiros, a negligência e morosidade do Estado brasileiro, suas forças de segurança e de justiça, a criminalização da mídia burguesa em relação ao movimento índigena. E reiteramos aqui nosso compromisso em lutar ao lado desses povos. Não podemos nos calar diante de tamanho absurdo.

SEMION VILHALVA, PRESENTE!

DEMARCAÇÃO DAS TERRAS INDÍGENAS JÁ!

TODA SOLIDARIEDADE AO POVO GUARANI-KAIOWÁ!

I Seminário Nacional de Universidade Popular (SENUP)