EUA: Um Herodes com barras e estrelas

imagemResumen Latinoamericano, 22 de agosto de 2015 – Ocorreu há exatamente sete anos. Em 22 de agosto de 2008, aviões dos Estados Unidos bombardearam a aldeia de Azizabad, no Afeganistão, e mataram 91 civis, 61 deles crianças que em sua maioria tinham menos de oito anos.

O comando militar norte-americano se limitou a dizer que tinha eliminado “trinta talibãs” e que “por erro, mataram também alguns civis, talvez três mulheres e duas crianças”. Porém, as evidências do crime eram tão comprováveis que até o presidente fantoche afegão, Hamid Karzai, teve que desmentir o Pentágono e uma investigação posterior da ONU comprovou que se tratou de um massacre de civis, cujas principais vítimas foram 61 crianças pequenas.

O assassinato de crianças tem sido uma constante nas guerras empreendidas pelos Estados Unidos que, ao longo do tempo, causou milhões de mortes de crianças em Porto Rico, México, Panamá, Filipinas, Japão, Alemanha, Coreia, Vietnã, Iugoslávia, Afeganistão, Iraque ou Paquistão, para nomear alguns dos países agredidos.

Provavelmente as matanças tenham se iniciado no século XVII, em seu próprio território, quando, segundo a história oficial, em 1621, os colonos de Plymouth compartilharam uma refeição com os indígenas para dar graças pela primeira colheita exitosa dos imigrantes na América e retribuir aos wampanoags – os nativos da zona – por tê-los ensinado o que era preciso para sobreviver no Novo Mundo. Assim, contam que nasceu o Thanksgiving ou Dia de Ação de Graças, no qual as famílias se reúnem para comer um peru na quarta quinta-feira do mês de novembro. Porém, a história oral dos wampanoags é muito diferente e testemunha a matança sofrida por seus antepassados nas mãos desses colonos anglo-saxões. Com a desculpa de desarmar os indígenas, os recém-chegados os perseguiram com armas de fogo, canhões e tochas. Os wampanoags mantêm a memória do massacre de todas as crianças de uma aldeia. O escritor Russell Means afirma que “em 1970, os wampanoag entregaram uma cópia da proclamação do Thanksgiving, feita pelo governador dessa colônia (William Bradford). O texto revela a infame verdade. Quando o exército regressou, após assassinar os homens, mulheres e crianças da aldeia indígena, o governador proclamou um dia de festa e um feriado para dar graças pelo massacre. Além disso, incentivou outras colônias a seguir seu exemplo, ou seja, cada outono depois da colheita, ir e matar indígenas e celebrar sua morte com um banquete”. Parece que esta foi a verdadeira origem do Dia de Ação de Graças, que a cada ano é celebrado nos Estados Unidos.

Ao longo do século XIX, mais de duzentos mil indígenas foram assassinados na América do Norte e 100.000 deles eram crianças.

Durante a guerra contra o México, na qual entre 1846 e 1848 os Estados Unidos arremataram de seu vizinho 54% de seus territórios, entre eles os atuais Estados do Texas e Califórnia, o brigadeiro-general Zachary Taylor cometeu numerosos infanticídios em Matamoros, Monterrey e outras cidades. Seu próprio ajudante, o tenente-coronel Ethan Allen Hitchcock qualificou Taylor como um “monstro com botas”, que foi premiado pouco depois com sua eleição para ocupar a Casa Branca. As tropas comandadas pelo general Winfield Scott também assassinaram centenas de crianças nos múltiplos massacres cometidos na Cidade do México, alguns deles depois da rendição final do país.

Em 1901, durante a guerra para se apoderar das Filipinas, ao chegar à zona de Caloocan, na província de Samara, o general Jacob Hurd Smith deu a suas tropas uma ordem impiedosa que foi amplamente reproduzida pela imprensa: “Matem tudo que tenha mais de dez anos”. Em quatro anos de guerra, mais de cem mil crianças foram assassinadas.

Impiedoso também foi o massacre de Dresden, a famosíssima capital do Estado de Saxônia, na Alemanha, conhecida como “a Florença do Norte”, um tesouro artístico com mil anos de história. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Cruz Vermelha Internacional declarou Dresden “cidade hospital” e “refúgio das crianças”. Muitas famílias alemãs que viviam em zonas já destruídas enviaram para lá seus pequenos para protegê-los. Porém, ao final do conflito bélico, com o Reich já desintegrado, o ataque Aliado a partir da frente ocidental foi irrefreável e iniciou um bombardeio infernal sobre a cidade, que durou dois meses. Foi uma represália, sem importar que as vítimas fossem civis. Entre fevereiro e abril de 1945, as bombas incendiárias estadunidenses e inglesas converteram Dresden em uma gigantesca tocha. Quarenta mil crianças morreram, a maioria delas carbonizadas.

Em 9 de março de 1945, veio “The Great Firebombing of Tokio”, quando ondas de bombardeio B-29 lançaram bombas incendiárias sobre o bairro operário da capital japonesa, onde residia um milhão de pessoas, em sua maioria crianças, mulheres e idosos, já que os maiores de 16 anos estavam no serviço militar, protegendo as costas. Não houve escapatória. O ataque durou todo o dia sobre o bairro com casas de madeira e plástico. Ao amanhecer, foram contabilizados cento e vinte mil cadáveres; deles, 60.000 eram de crianças.

A aniquilação de crianças, mulheres e idosos na aldeia My Lai, na comunidade Song My, em 16 de março de 1968, do qual se registraram fotografias que deram a volta ao mundo, só foi uma mostra do que ocorreu na guerra do Vietnã. Estima-se que dos três milhões de civis mortos, em sua maioria destroçada pelas bombas dos aviões estadunidenses, mais de meio milhão foram crianças.

A lista dos massacres infantis através da História dos Estados Unidos é interminável e praticamente abarca todo o globo terrestre. Quantas vítimas, por exemplo, provocou a invasão norte-americana ao Panamá, em 20 de dezembro de 1989, para levar sequestrado Antonio Noriega? Ainda hoje se desconhece o número, porém se estima que mais de 4.000 pessoas morrerm pelos bombardeios da aviação contra o humilde bairro de El Chorrillo, com casinhas de madeira, onde existia uma altíssima população de crianças. Rapidamente abriram e fecharam as fossas comuns.

Cre-se que mais de trinta mil crianças foram queimadas vivas em Hiroshima na manhã de 6 de agosto de 1945, quando a primeira bomba atômica da história caiu sobre uma população civil. O número de pequenas vítimas aumentou em 40.000 quando três dias depois ocorreu o mesmo em Nagasaki.

Herodes, o Grande, foi rei da Judéia, Galiléia, Samaria e Indumeria desde o ano 40 antes de Cristo. Seu nome está associado à matança dos inocentes, porque ordenou ultimar a todas os meninos menores de dois anos residentes em Belém e arredores, depois que os magos revelaram que mais ou menos teria essa idade o Messias, o rei dos judeus que o destronaria. Este fato está relatado na Bíblia e, ainda que não tenha sido confirmado pelos historiadores, Herodes ficou convertido no maior e mais impiedoso infanticida da História. Resultado maior obteve em todo este tempo os governos dos Estados Unidos, apesar de terem acumulado quatro séculos de matanças ininterruptas sem que muita gente se estremeça de horror quando vê tribular a bandeira das barras e estrelas.

(Parte dos dados contidos aqui foi tirada de investigações feitas por Carlos Rivero Collado e Russell Means)

Foto: Ataque com napalm do Exército americano em Vietnã em 1972. A menina da imagem é Kim Phuc. / NICK UT (AP)

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2015/08/23/ee-uu-un-herodes-con-barras-y-estrellas/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

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