Protesto contra mineradora deixa 4 mortos no Peru. É declarado estado de emergência

imagemResumen Latinoamericano/ 29 de setembro de 2015 .-  O governo peruano declarou, na terça-feira, estado de emergência em uma zona onde está localizado um gigantesco projeto minerador de capitais chineses depois que, na véspera, um enfrentamento de policiais contra populares deixou quatro camponeses mortos a tiros.

Segundo um decreto supremo publicado no diário oficial El Peruano, a emergência regerá por 30 dias e implica a ajuda dos militares à polícia no controle da ordem pública, assim como restrições a certos direitos constitucionais, como a liberdade de reunião, livre trânsito, liberdade pessoal e a inviolabilidade de domicílio.

A norma ordena que membros do exército, armada e força aérea resguardem estradas, locais públicos e pontes junto a mais de 1.500 policiais destacados para esta zona montanhosa do sudeste peruano, que compreende parte das regiões Apurímac e Cusco, onde a população é majoritariamente rural e de língua quechua.

Os violentos enfrentamentos da véspera deixaram um total de quatro camponeses mortos, “todos por feridas de arma de fogo”, informou Erwin Luna, subdiretor regional de saúde da cidade de Cusco, que fica 73 quilômetros do povoado de Challhuahuacho, de 10 mil habitante e epicentro do conflito, na terça-feira, ao The Associated Press.

Em Challhuahuacho, cerca de dois mil peruanos protestaram na véspera contra o projeto minerador Las Bambas, de 7.400 milhões de dólares, porque são contra a construção de uma fábrica concentradora para o tratamento de sulfeto de molibdênio e outra fábrica de filtros, que consideram altamente contaminantes.

O enfrentamento também deixou 14 civis feridos por arma de fogo e 8 policiais contundidos. O general da polícia Luis Pantoja disse à emissora Radioprogramas que dois policiais estavam em estado grave e tinham massa encefálica exposta. Além disso, a procuradoria informou que existem 21 detidos por pretensa participação nos atos de violência.

Marina Navarro, diretora executiva da Anistia Internacional no Peru, em um comunicado enviado à AP, qualificou as mortes como “inaceitáveis” e reclamou por determinar as responsabilidades. “O preço dos protestos sociais não deve ser a morte de nenhuma pessoa”, disse a organização.

Acrescentou que “só nos últimos quatro anos, foram registradas 40 pessoas mortas em circunstâncias onde a polícia fez uso excessivo da força e a maioria destas mortes não foi investigada de maneira apropriada”.

Segundo afirmou o presidente Ollanta Humala, o choque ocorreu na tarde de segunda-feira, quando os manifestantes ingressaram a uma zona pertencente ao projeto minerador a céu aberto, que o governo considera a “mais importante da história do país”.

O projeto Las Bambas, que planeja iniciar sua produção de cobre em 2016, é propriedade de um consórcio liderado pela gigante estatal China Minmetals Corp, que explora, desenvolve e opera em jazidas de metais em diversas partes do mundo.

Segundo o plano minerador, de 7.400 milhões de dólares, a produção alcançará 400.000 toneladas de cobre em 2017.

O Peru é o terceiro produtor mundial de cobre e a mineração é considerada fundamental em sua economia, pois suas exportações representam 60% dos envios totais.

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2015/09/30/protesta-contra-minera-deja-4-muertos-en-peru-declaran-estado-de-emergencia/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

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