Comunicado de imprensa do Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários em Istambul, em 30 de outubro-01 de novembro de 2015

imagem(pelo Partido Comunista da Turquia)

O 17º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários foi realizado com sucesso em Istambul abordando o tema “As tarefas dos Partidos Comunistas e Operários para fortalecer a luta da classe operária contra a exploração capitalista, as guerras imperialistas e o fascismo, pela emancipação dos trabalhadores e dos povos e pelo socialismo “. A reunião teve a participação de 104 delegados, representando 58 partidos comunistas e operários de 48 países. 6 partidos não puderam comparecer à reunião contra a sua vontade, mas enviaram suas saudações e contribuições por escrito. Após a reunião extraordinária em Damasco e o 14ª Encontro em Beirute, este foi o terceiro evento do EIPCO realizado em um país do Oriente Médio, na Ásia Menor. A reunião teve lugar durante a realização das eleições parlamentares na Turquia, das quais o Partido Comunista anfitrião participou, sob a opressão intensa do governo turco.

O Encontro proporcionou uma oportunidade para a troca de opiniões e informações sobre os mais recentes desenvolvimentos da reestruturação imperialista, a escalada dos movimentos fascistas em diferentes regiões, abrindo, ao mesmo tempo, oportunidades para ações mais vigorosas no sentido do avanço da luta de classes. A perspectiva de desenvolver uma ação conjunta e convergente foi compartilhada por todos. Os partidos que participaram da reunião deram informações sobre as suas atividades e os progressos do movimento comunista em seus países. Os oradores manifestaram a sua preocupação com os crescentes exemplos de proibições, perseguições e discriminações contra os partidos comunistas e os trabalhadores.

Foi percepção geral que cresce a responsabilidade dos partidos comunistas e operários para o fortalecimento da luta da classe trabalhadora em regiões sob ameaça imperialista e submetidas a intervenções militares. Da mesma forma, salientou-se a preocupação com as crescentes rivalidades entre as potências capitalistas, agravadas pelos seus colaboradores regionais. Os perigos colocados pela intensa militarização e competição interimperialista também fez parte das preocupações, com vistas a fortalecer a luta anti-imperialista em tais regiões. Entraram na pauta de debates a crise de refugiados e a necessidade de promover, não só a solidariedade internacionalista, mas também a consciência de classe contra as políticas de discriminação, a xenofobia e o racismo.

Devido à reestruturação do capitalismo e a ofensiva do imperialismo em várias regiões do mundo, o Encontro chamou a atenção para a necessidade de superar expectativas errôneas quanto à possibilidade de reforma da ordem capitalista em favor dos povos e de estabelecimento da paz sob o patrocínio do imperialismo. A necessidade urgente de intensificar a luta pelo socialismo foi percebida como a resposta possível para a luta dos povos contra a barbárie e o empobrecimento, no sentido da ruptura com o modus vivendi hegemônico do capitalismo.

Em especial, foi apontada a importância de orientar resistências nacionais contra as agressões militares imperialistas e as lutas populares contra as medidas de austeridade, assim como as mobilizações da classe trabalhadora, a fim de levar essas lutas em direção ao socialismo. Para isso, os partidos comunistas e operários devem atuar de maneira firme em todas estas questões, a fim de contribuir para que o movimento da classe trabalhadora desenvolva uma base revolucionária socialista. Os participantes saudaram a luta dos povos da América Latina e o papel central dos comunistas nas lutas pela soberania e o socialismo, reforçando as forças anti-imperialistas e progressistas da região. A solidariedade com Cuba e sua revolução socialista, bem como com o povo venezuelano e sua revolução bolivariana foi reafirmada.

A reunião analisou a luta dos povos europeus contra as políticas imperialistas dos seus governos, a exploração interna dos trabalhadores e escravização de imigrantes. Destacou-se a determinação da classe trabalhadora na Grécia para rejeitar a subordinação à chantagem da UE, BCE, FMI, incluindo a rejeição de negociações com a Troika. Foram saudados os resultados das eleições na Grécia e em Portugal, que, para os comunistas, representaram algo esperançoso e encorajador.

Os participantes debateram as consequências dos confrontos intercontinentais e as alianças entre os centros imperialistas. Foram analisadas as seguintes situações: a intenção da OTAN de instalar novas bases militares na Hungria e na Eslováquia, a política intervencionista da Russia na Síria, o confronto na Ucrânia, situações estas que provocaram uma importante mudança na correlação de forças internacional. A análise realizada contribui para pavimentar o caminho necessário ao reforço da luta anti-imperialista, ao mesmo tempo em que aumenta o dever dos comunistas em manter sua independência em relação aos blocos de poder centrais. Forças paramilitares fascistas, deliberadamente apoiadas por governos liberais, alterando o contexto da luta por políticas de identidade e estimulando o dilema entre cosmopolitismo e nacionalismo, o que representa um retrocesso em relação à posição internacionalista da classe trabalhadora.

Também fez parte dos debates as negociações em torno da Aliança Trans-Pacífico e do Acordo de Parceria Trans-Atlântica de Comércio e Investimento, as quais estabelecerão as bases para uma nova onda de ataques contra a classe trabalhadora. Tais situações exigem a atenção dos comunistas e a elaboração de uma agenda de lutas para o próximo período.

Foi constatada a dupla ameaça no Oriente Médio e Norte da África representada tanto pelos grupos terroristas quanto pelo Estado de Israel, a qual representa de fato uma coligação contra as forças nacionais seculares. Não apenas o ISIS, mas também outros grupos islâmicos reacionários, notavelmente componentes das forças mercenárias na Síria, possuem um caráter contrarrevolucionário e desempenham o papel de legitimar as intervenções militares imperialistas. Foram vigorosamente condenados o apoio dado pelas monarquias do Golfo aos grupos terroristas e o assalto promovido pela Arábia Saudita ao Iêmen, bem como a constante ameaça representada pelo Estado de Israel contra a Síria. São ainda mais revoltantes os crescentes ataques de Israel ao povo palestino, por meio de bombardeios nas áreas residenciais e de prisões. O Encontro declarou irrestrita solidariedade aos povos que resistem a estes ataques, particularmente na Palestina e na Síria, clamando por uma luta intransigente contra o imperialismo e o fundamentalismo.

A crescente necessidade de reforçar a luta ideológica contra a infiltração da ideologia burguesa dentro das fileiras do movimento comunista já havia sido sublinhada no Encontro Internacional anterior e em reuniões dos grupos de trabalho. O Encontro atual atualizou os fatos e as advertências quanto a esta questão. O renascimento artificial da socialdemocracia alimentada pelo populismo, estreitando a perspectiva da oposição às políticas neoliberais, a ditaduras obsoletas e às agressões militares, cria uma armadilha para o movimento comunista, impedindo que a luta de classes enxergue as verdadeiras fontes destes ataques. Do mesmo modo que é imperativo combater todos os processos de criminalização dos comunistas e de condenação de sua legitimidade histórica, é preciso demarcar claramente a linha revolucionária e classista que deve embasar a ação dos partidos comunistas e operários das tendências conformistas e oportunistas que integram os heterogêneos movimentos de oposição focados em aspectos mutantes do capitalismo contemporâneo.

Durante o encontro de três dias, as delegações participantes tiveram a oportunidade de desenvolver as suas relações bilaterais, entrar em contato com outras partes e trocar pontos de vista. Acreditamos que o Encontro Internacional contribuiu para a consolidação das políticas dos partidos comunistas e de trabalhadores no desencadeamento do movimento operário em cada país e na sua ação comum contra o imperialismo e o fascismo, elevando o socialismo como solução concreta para a emancipação da classe trabalhadora em todo o mundo. Ao final, foram aprovadas propostas de ação comum a serem adotadas pelos partidos como diretrizes a serem implementadas, materializadas e monitoradas pelo Grupo de Trabalho até o XVIII Encontro Internacional.

Istambul, 01 de novembro de 2015.

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