O culminar da mutação: PCF renega a foice e o martelo
Um resultado inevitável… No seu 36º Congresso, concluído domingo em Paris, o PCF renegou até ao símbolo da foice e do martelo.
O abandono da foice e o martelo pelo PCF não ocorre num momento qualquer, mas exactamente no momento em que as autoridades de muitos países da União Europeia colocam fora da lei os símbolos comunistas, quando a UE tenta de um modo anti-histórico equiparar comunismo a fascismo. É precisamente este momento que o “presidente” do Partido da Esquerda Europeia (PEE) escolhe para renegar voluntariamente ao martelo e à foice. Em 12/02, ao comentar esta questão, o diário Rizospastis, órgão do CC do KKE, sublinha o seguinte:
“O PCF abandonou há muito o marxismo-leninismo e os princípios revolucionários dos partidos comunistas, enquanto na sua posição de líder do Partido de Esquerda Europeu exerce o papel principal na propagação do oportunismo, tendo em vista a mutação dos partidos comunistas na Europa”.
O secretário-geral do PCF e presidente do Partido da Esquerda Europeu (PEE), Pierre Laurent, fez o possível para clarificar o objectivo do Congresso nas declarações feitas à estação de TV LCI. Ao responder acerca dos novos cartões de identidade do partido, nos quais a foice e o martelo são substituídos pela estrela do PEE: “É um símbolo estabelecido e reverenciado que continua a ser utilizado em todas as nossas manifestações, mas ele já não ilustra a realidade do que somos hoje. Ele não é tão relevante para uma nova geração de comunistas”. …
Na verdade, após os protestos de uma parte dos delegados quanto a estas declarações, assim como pela substituição da foice e do martelo, Laurent exibiu um cartão de 1944 do PCF, então ilegal, dizendo ironicamente que também nesse cartão não existia a foice e o martelo!
Para além da vulgaridade e degeneração da direcção oportunista do PCF, que constitui uma provocação perante os comunistas revolucionários de todo o mundo, o essencial é que a substituição pelo partido francês do símbolo histórico dos comunistas é o resultado do caminho que tem sido trilhado há várias décadas. De modo firme e metódico, afastou-se da teoria do marxismo-leninismo, dos princípios de formação e de funcionamento de um partido comunista revolucionário e, sobretudo, adoptou a estratégia de gestão do capitalismo, a política das alianças sem princípios, a participação em governos burgueses, renunciando na sua estratégia ao objectivo do derrube da barbárie capitalista e denegrindo a luta pelo socialismo. É necessário assinalar que durante muitos anos fracções e tendências operam no interior do PCF em nome do pluralismo e da democracia… Isto não tem relação com um partido comunista mas continua a tradição do eurocomunismo.
O PCF traiu definitivamente a classe operária e as camadas populares de França. Governou por duas vezes em coligação com os sociais-democratas, contribuindo para os ataques ao povo francês. Desde então prossegue sistematicamente na sua ajuda à social-democracia, conclamando os trabalhadores a apoiarem aquelas forças que cavam a sepultura que lhes é destinada. Face à crise, o PCF reivindica o “desenvolvimento”, ocultando que ele se verificará em condições em que os direitos dos trabalhadores serão literalmente arrasados e um inferno real será criado para a classe trabalhadora.
Mas a classe trabalhadora de cada país pode determinar o seu próprio futuro e desfrutar a riqueza que produz e não viver nas condições de eras passadas. Mas o Partido Comunista, como a vanguarda da classe trabalhadora, deve ter uma estratégia para o derrube do capitalismo, pelo socialismo. Deve ter um plano para concentrar e preparar forças, desde já, para este objectivo. Em última análise, deve preparar a própria classe trabalhadora e os seus aliados para a realização deste objectivo. Isto nada tem a ver com o que o oportunista PCF diz acerca do “comunismo da nova geração”, com “democracia”, com “socialismo” que nega as leis científicas da construção socialista, e a perspectiva impossível de um capitalismo humanizado que ele propagandeia.
Os comunistas de toda a Europa devem extrair conclusões deste desenvolvimento do PCF, o partido que está à cabeça do oportunismo europeu, e de combater para que, nos seus países, seja esmagado o oportunismo, tanto no plano político como no plano ideológico e organizativo.
17/Fevereiro/2013
A versão em inglês encontra-se em http://inter.kke.gr/News/news2013/2013-02-12-galliko/
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