Sobre o Fascismo

imagemBaseado em artigo de Ismael Patricio (Partido Comunista de México), publicado em El Comunista, nº 49.

Dentro do movimento político de esquerda, em âmbito mundial, há uma grande ambiguidade sobre o conceito de fascismo. Muitos chegam a caracterizar como fascista qualquer coisa associada a atos violentos e repressivos. No México, por exemplo, muitos grupamentos políticos acusam o Estado de ser fascista, quando realmente não o é.

Afinal, o que é o fascismo?

No VIII pleno da Internacional Comunista, o fascismo foi caracterizado como “a ditadura terrorista aberta, constituída dos elementos mais reacionários, chauvinistas e imperialistas do capital financeiro”. Por sua vez, Georgi Dimitrov assinalava que o fascismo partiu para a ofensiva no período de crise para dela sair espoliando a força de trabalho e jogando sobre as costas dos trabalhadores todas as suas consequências.

O fascismo tenta resolver o problema dos mercados mediante a partilha do mundo, por meio da guerra. Busca interromper o crescimento dos movimentos revolucionários dos operários e camponeses. Ele se manifesta a partir de uma debilidade do proletariado, desorganizado e paralisado pela política de colaboração de classe por parte da socialdemocracia, ao mesmo tempo em que se aproveita da vacilação da classe trabalhadora em promover a unidade para a luta, pois a burguesia já não pode manter o Estado com seus métodos anteriores e tem de recorrer ao terrorismo.

O fascismo não é um poder que esteja por cima das classes, como o declararam vários socialdemocratas (a exemplo de Otto Bauer). É o ajuste de contas terrorista contra os operários, os camponeses e os intelectuais e, na política exterior, é o ódio mais bestial contra os povos.

O avanço do fascismo e da própria ditadura fascista se dá de diferentes formas, segundo as condições históricas. Onde existe certa legalidade dos partidos burgueses e socialdemocratas, os fascistas não contam com uma ampla base de massas, mas nos países em que se estabelece um monopólio político, intensifica-se o terror e o ajuste de contas contra os demais grupos políticos. Para garantir o controle de sua dominação, o fascismo cria uma grosseira falsificação do parlamentarismo para encobrir seu terrorismo.

A ascensão do fascismo ao poder não representa uma simples troca no interior do poder burguês, mas sim a substituição da democracia burguesa pela ditadura terrorista aberta. O fascismo não aparece quando, num dia determinado, chega ao poder um grupo de capitalistas financeiros, mas sim por meio de etapas preparatórias e de medidas adotadas pelos governos que facilitam o seu ascenso.

O fascismo consegue atrair as massas porque se apega às suas necessidades e exigências mais candentes, joga com os melhores sentimentos das massas, como o de justiça e até mesmo de revolução. O exemplo mais claro foi o fascismo alemão, que utilizava o atrativo nome socialista, pois os operários e as massas viam neste o futuro. Muitos mantêm um programa anticapitalista, contra a exploração, porém, na realidade, são a sua potencialização.

Para quem diz que no México há fascismo, é necessário esclarecer que o Estado mexicano não conta com um movimento de massas que o respalde, apesar de já existirem minúsculas organizações que, por ora, não representam um perigo imediato. Promulgar a ideia de que existe fascismo no México nos levaria a promover uma política errônea, pois teríamos de substituir nossa estratégia de frente anticapitalista, anti-imperialista e antimonopolista pela frente única antifascista, formada a partir da coalizão de todas as forças democráticas, a fim de erradicar o fascismo e retomar a democracia burguesa.

O PODER POPULAR Nº 9: http://pcb.org.br/portal2/10615