A atualidade de “Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo”

imagemEm 2016 se completam 100 anos do lançamento de um pequeno livro de Lenin que serviu de base para a construção da tática e da ação dos comunistas na velha Rússia czarista do início do século XX. Na ocasião, Vladimir Lenin identificava nas transformações do capitalismo elementos que exigiriam mudanças na forma de encaminhar a luta revolucionária e de organização do movimento operário.

O imperialismo, identificado por Lenin como fase superior do desenvolvimento do capitalismo, conduziria o mundo a um novo patamar tanto da luta de classes como do próprio desenvolvimento do sistema, cujo período anterior, de aparente paz e crescimento econômico estava sendo superado pela intensa disputa por mercados e de domínios, em que uma nova repartição do mundo movia os interesses das potências capitalistas. Todo o processo de “Paz Armada” que preparara a eclosão da Grande Guerra de 1914 e a própria guerra travada entre as nações mais poderosas do mundo seriam exemplos dessa nova fase do capitalismo.

Lenin acreditava que seus estudos sobre esse novo estágio do capitalismo, condensados na obra Imperialismo, Etapa Superior do Capitalismo, além de contribuir para a melhor compreensão acerca do capitalismo na fase de predomínio dos monopólios, deveriam servir para armar o proletariado na luta pelo poder. O imperialismo surgia a partir da concentração da produção e do capital, da fusão do capital bancário e do capital industrial num capital financeiro que criava uma oligarquia financeira, potencializando a exportação de capitais e a formação de blocos capitalistas internacionais que disputavam mercados e partilhavam o mundo entre si.

O imperialismo e a antessala do socialismo

No que tange à discussão interna no movimento socialista, Lenin buscava desmascarar a posição oportunista e reformista referenciada em Kautsky, principal liderança da II Internacional, para quem o imperialismo, produto de condições criadas pelo capitalismo industrial fortemente desenvolvido, tenderia a anexar regiões agrícolas. Lenin argumentava que as anexações não seriam exclusivas em áreas agrícolas, mas também por áreas industriais, levando em consideração a disputa interimperialista e a construção da hegemonia.

Mas a maior contraposição se dava à tese do “ultraimperialismo” de Kautsky, segundo o qual a predominância do capital financeiro possibilitaria um clima maior de paz, pois atenuaria as desigualdades e contradições na economia mundial. No sentido contrário, Lenin vislumbrava a ampliação das desigualdades e das contradições entre as nações, com mais conflitos e guerras. E mais: o caráter inerentemente violento e destrutivo do imperialismo levaria à sua própria decomposição e consequente declínio. Além do acirramento das contradições políticas e do uso de mais repressão contra o proletariado por parte da burguesia, o imperialismo fortaleceria cada vez mais o rentista e os especuladores, em detrimento da produção, num quadro que seria a antessala da revolução socialista, pois as contradições internas ao sistema seriam insustentáveis.

Se a revolução proletária não tomou o mundo, seu triunfo se deu na própria Rússia de Lenin, evento que condicionou a história do século XX, marcada a seguir pela ascensão do fascismo, pela segunda guerra mundial, a divisão do mundo em dois blocos, a guerra fria e o débâcle do chamado socialismo real. Muitas das teses de Lenin sobre o imperialismo continuam atuais em pleno século XXI: as disputas interimperialistas em escala planetária provocam guerras, confrontos e anexações em busca dos domínios necessários ao desenvolvimento capitalista. As lições de Lenin sobre o caráter predatório do capitalismo e do imperialismo armam o proletariado, desmascaram o oportunismo reformista e possibilitam o avanço da luta revolucionária pelo socialismo.

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